Doador anônimo

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Diferente de sua irmã, Lydia não havia pregado o olho a noite toda. Uma parte sua estava agitada, temendo a morte de seu pai cujo sangue era raro demais para encontrar alguém com o mesmo tipo sanguíneo disposto a fazer uma transfusão. Por outro lado, uma parte sua não conseguia fugir da lembrança dos braços de James ao redor de seu corpo, de como o toque dele havia lhe acalmado e do quanto o sorriso dele era cativante. Quando pensou que não suportaria mais um minuto sem respostas do estado de Léo, seu celular tocou com a ligação de sua mãe, não esperou um mísero segundo para atende-la.

- Filha... Conseguimos um doador. - Lydia reconheceu o ânimo renovado em sua voz, havia escondido em seu tom também, alívio. Aquilo ela reconheceu pois fora exatamente o que sentiu ao ouvir a mais nova boa noticia, era como se um peso tivesse sido tirado de cima de seus ombros.

- MEU DEUS, MÃE, ISSO É MARAVILHOSO! - mal conseguia conter sua felicidade e não era para menos, seu pai havia sido resgatado das mãos da morte. - Já fizeram a  transfusão? Papai está bem?

- Ainda não, mas está indo fazer agora. Vai ficar tudo bem, querida. - a empolgação na voz de Loren era tanta que fora impossível para a jovem não concordar e alimentar as mesmas esperanças que sua mãe. - Eu queria apenas agradecer ao doador. - revelou com extrema gratidão.

- E por que não fazemos isso?

- Bem, não podemos, querida. É um doador anônimo. - a garota a ouviu dar atenção para outro alguém que chamou por seu nome, segundos depois a mulher voltou a se dirigir a ela. - Preciso ir. Ligo para você quando tivermos terminado aqui. Vá você e Meredith para a aula, ainda podem entrar no segundo período.

Quando a ligação fora interrompida, a garota se sentiu uma idiota pois só conseguia sorrir e dar pulinhos, agradecida por não ter que despedir-se eternamente do único homem que havia amado em seus dezessete anos de vida. Tomada pela felicidade, abriu as cortinas de seu quarto, deixando a luz iluminar o ambiente e despertar Meredith que cobriu seus olhos e resmungou sonolenta:

- O que diabos está fazendo?

- Hoje é um lindo dia! - celebrou a garota, parecendo mais pateticamente otimista do que gostaria de ter demonstrado. - E ainda podemos entrar no segundo período. Ande, se levante e vá se vestir.

- Um lindo dia? - piscou algumas vezes embasbacada e um tanto furiosa. - Nosso pai perdeu muito sangue, não temos nenhum O-  na família e se depender da fila de espera, ele vai morrer!

- Não precisamos mais ficar na fila de espera. - acabou revelando ainda muito emocionada e animada com a revelação. - Parece que nosso pai tem um doador anônimo...

- O que? É SÉRIO? - a jovem gritou e pulou da cama, com forças renovadas e um sorriso enorme em seus lábios carnudos.

- Sim. - afirmou e a outra ficou tão aliviada e contente quanto ela. Ambas se abraçaram em um ato espontâneo de comemoração. Meredith se afastou de sua irmã, e como se somente após saber que seu pai ficaria bem, ela voltou a ser ela mesma, a mesma garota maluca de sempre.

  Chegando na escola, para sua sorte era aula de educação física. Sorte mesmo pois naquele momento Lydia estava estática, boquiaberta, vendo os garotos jogarem futebol. O que não era muito comum por ali, já que o esporte que predominava era o Lacrosse.

Ela já havia visto James sem camisa antes, mas definitivamente não lembrava dele ter um tanquinho tão definido, ele era lindo e a sereia não era a única a notar, todas as garotas o observavam. Apesar de ter todos os pares de olhos mais variáveis a sua disposição, o garoto focou suas pupilas azuis diretamente sobre ela. E o mais inesperado aconteceu. Ele sorriu... Tudo bem, havia sido muito gentil com ela e tudo o mais, mas a jovem não esperava que o mesmo parasse de lhe tratar com arrogância, afinal de contas, quando estavam a sós ele era um, na escola, era outro.

Teen MermaidsWhere stories live. Discover now