Num tempo antiquíssimo, do qual a mente dos homens só alcança poucos vestígios, um desolado e poderoso mago desejou uma terra de criatividade e sábios letrados; uma terra onde a magia das palavras e dos livros eram a seiva de toda a vida.
O Arquimag...
Cinquenta anos antes da ascensão da Grande Feiticeira. Reino de Laximus.
Tavusgo subia com muita pressa os inúmeros degraus da escadaria do centro que dava direto no grande salão da Fortaleza de Aquilon. Logo atrás dele, dez grandes soldados da guarnição de elite daquele lugar, além de contar com a companhia da maga Lisa, que vinha por último. O temor pulsava no peito daqueles homens ao escutarem os estrondosos barulhos vindos do grande salão, onde se encontravam as guardiães e os outros magos e imediatamente puseram-se a correr para lá. Aquela situação era inacreditável. Quem imaginaria que a inexpugnável Fortaleza de Aquilon sofreria um ataque e logo no seu coração palaciano?
Tavusgo percebeu que, pelo tempo e velocidade com que se encaminhavam para o lugar, já deveriam ter chegado, porém ainda se arrastavam pelo meio do caminho. E essa metade do caminho nunca se vencia. Ele então parou abruptamente, quase fazendo os soldados colidirem consigo e virou-se para a trupe que o seguia:
– O feitiço da bipartição temporal... O que pensa que está fazendo, Lisa?
Todos olharam surpresos de Tavusgo para Lisa e com ar de que não entederam muito a pergunta do velho mago. Lisa fitou-os séria e respondeu a pergunta:
– Pensei que não iria mais notar, por um instante até me decepcionei com a sua inepta habilidade sensorial, acreditei mesmo que a velhice lhe tinha alcançado no pior da idade: a caduquice.
– Tavusgo demonstrou visivelmente o seu aborrecimento, não pelas palavras desdenhosas da jovem maga, mas sobretudo pelo tom intimidador que ela empregou na resposta. Aquela era uma surpresa de mau agouro.
– Lisa, eu lhe peço que pondere com inteligência as suas ações. Não quero te machucar.
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O Mago do Reino de Laximus: Tavusgo
Lisa riu, mas sua risada tinha algo de desvairado e Tavusgo notou que ela visivelmente não estava no seu estado normal. Ela o confrontou:
– Tavusgo, não sou quem deve se preocupar de sair ferida desta fortaleza, talvez até mesmo em pedaços, são suas queridas e nobres guardiães. Entretanto, para o seu azar, não permitirei nem sequer que tenhas chance de socorrê-las.
Dizendo tal impropério, os soldados puxaram suas espadas, ergueram suas lanças e machados e se posicionaram em ataque. Lisa, porém, foi mais rápida e os degraus da escada se partiram em mil pedaços quando grossos troncos e caules de árvores surgiram das paredes, envolvendo alguns, lançando outros dali de cima para uma queda fatal. Tavusgo se manteve inabalável sob um único degrau intacto e que flutuava em com ele no ar, encarando com expressão severa a maga que os atraiçoava.
– Eis que chega o dia mais vergonhoso da história dos magos. Quem mais está com você nessa empreitada, Lisa?
– Eu não lhe devo satisfações, velho Tavusgo e logo mais você estará morto, não faz diferença saber.
