Num tempo antiquíssimo, do qual a mente dos homens só alcança poucos vestígios, um desolado e poderoso mago desejou uma terra de criatividade e sábios letrados; uma terra onde a magia das palavras e dos livros eram a seiva de toda a vida.
O Arquimag...
Uma vez devidamente apresentados – Lordes e Ladies – a massa, diversa em tecidos, vozes, e rostos que compunha a nata representante dos quinze cantos do continente, se espalhavam agora por todo o comprimento do extravagante salão.
A orquestra de Barduk aprumava-se no palanque, experimentando uma melodia ou outra na acústica do local entre a uníssona combinação de burburinhos, farfalhar de vestidos e estalos de sapatos no mármore. Bandejas de canapés, caviar e outros tira-gostos requintados cruzavam vez ou outra a extensão do ambiente, se costurando entre olhares glutões e mãos atrevidas. E, claro, os mais empolgados já distribuíam reverências e gestos corteses em convites de dança para quem ousasse acompanha-los no ritmo da música.
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Sem dúvida, uma visão espetacular de se acompanhar do altar um pouco mais elevado onde eu me acomodava ao lado dos magnânimos Guardiões. Ah, se minhas mãos fossem abençoadas pelo espírito artístico eu não hesitaria em pintar uma belíssima obra de arte em retrato àquela noite! Mas me contentei em saber que fui abençoado com um par de olhos, perfeitamente saudáveis e atentos.
Tantas cores e formas distintas e, curiosamente, homogêneas... Para aqueles que presenciaram os tempos nebulosos da Grande Guerra, era de tirar o fôlego o testemunho de um momento de paz tão plena. Todos os reinos, reunidos em um só lugar, em meio a uma cerimônia de tamanho prestígio e pompa.
No entanto, devo confessar que, por natureza, sempre fui um homem insaciável! Acredito que Vossa Senhoria há de concordar comigo, caro(a) Leitor(a), que uma vez que você prova do pão jamais se contenta com o trigo. E foi justamente isso o que me ocorreu enquanto me punha a observar a dança daquele baile. E quando digo “dança” não me refiro somente à coreografia ritmada, mas também à série de fatos que conduziam os eventos da festa.
Ali, de pé e em observância, eu me convenci que – realmente – velhos hábitos nunca morrem. Por mais que os convidados transitassem livremente em meio a tamanha multidão diversa, seus instintos mais primitivos os orientavam a criar raízes onde lhes fosse mais cômodo e familiar. Tal qual as grandes Árvores que marcavam seus respectivos territórios desde os primórdios do tempo. É um conceito relativamente óbvio: se existem dois tipos de pessoas, é natural que estes busquem por outros indivíduos que compartilhem o mesmo tipo que o deles.
Coloque isso numa escala de quinze arquétipos diferentes em um ambiente fechado e você rapidamente irá notar uma tendência em formação de tribos. Bardukianos dançando com Bardukianos no centro salão; Thimoreses bebendo vinho com Thimoreses sob as sombras detrás das pilastras; Dolórios chorando as pitangas com Dolórios em cantinhos reservados; Erosienes flertando com Erosienes por detrás de leques; E a lista segue em comportamentos tediosamente previsíveis. Salvo os Versonacos... Estes nunca pertenceram a um único lugar de qualquer forma.
