BAILE DE ABERTURA

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Reino Doloreum,
Palácio de Letracantada.

      Apesar dos dias amanhecerem frios nesta época do ano no Reino de Doloreum, esta noite da qual escrevo erguera-se calorosa em sua esplêndida beleza, caro leitor.

      Os preparativos para o Grande Baile de abertura do Torneio Literatus seguiram com extrema animação e esmerado empenho. O estonteante salão do Palácio de Letracantada era agora a retração de um pequeno céu alegórico e estrelado. Não te importas com meus numerosos adjetivos, não é, leitor impaciente? Pois que assim o seja, minha arte é pois inventar adjetivos em tudo o que esta bela festa significa nesta noite de charme, altivez e letramento.

      Os lustres de cristais luziam sua imponência e davam ao local a sensação de ser abençoado com a presença das próprias constelações; as flores de agapantos e rosas brancas recobriam as colunatas e exalavam perfume a suavizar o ambiente; espel...

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      Os lustres de cristais luziam sua imponência e davam ao local a sensação de ser abençoado com a presença das próprias constelações; as flores de agapantos e rosas brancas recobriam as colunatas e exalavam perfume a suavizar o ambiente; espelhos límpidos além do imaginado revestiam as paredes, numa perfeita inclinação recurvada do espaço circular daquele lugar; no piso, pequeninas pedras incrustadas de brilhante que dava a sensação de se caminhar sobre um tesouro; do teto caíam como que folhas de pergaminhos em formato de caracol, contendo poemas escritos em tintas de ouro e prata e pequenos pássaros treinados e muito coloridos entravam e saíam entregando pequenos bilhetes aos convidados que aos poucos ainda chegavam.

      A música do ambiente ficou ao encargo dos músicos e cantores de Barduk. Eu particularmente sempre os invejei pelo seu talento com as letras e notas musicais. Não me censures, leitor julgador. Bem sabes que primeiramente lamentamos a falta dos atributos que vemos em excesso dos outros, para só depois aceitarmos nossas limitações e fazermos as pazes interiores. O homem que não admite que um dia invejou alguém é porque ainda deve nadar em rancor. Espero que não seja mais o meu caso.

      O fato, memorável, é que tudo agora se encontrava no limiar do início da aguardada cerimônia. Adentraram ao salão os Quatro Fundadores da Sociedade Pólen de Papel e Sumos Guardiões de Literatus: Lady Verena, Lady Glei, Lady Taís e Lord Menkell. A um sinal dado por mim, a orquestra principiou o toque do poema do bardo Alessandro Scarlatti. Lady Taís (TatianeSilqui) se levantou para o interpretar com sua voz:

Se Florindo é fedele io m'innamorerò,
S'è fedele Florindo m'innamorerò.
Potrà ben l'arco tendere il faretrato arcier,
Ch'io mi saprò difende de un guardo lusehier.
Preghi, pianti e querele, io non ascolterò
Ma se sarà fedele io m'innamorerò,
Se Florindo é fedele io m'innamorerò.

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