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NARRADORA

você encarou a estrutura caindo aos pedaços, era o presídio aonde estava Nathan nesse momento.

— que eu saia viva daqui, amém — suspirou fortemente e logo adentrou o local.

você passou pela grotesca revista íntima para a visita dos detentos, porque muitas das vezes acabam entrando pessoas com celulares e até mesmo drogas nas genitais.

ao terminar a vistoria, se vestiu e saiu dali acompanhada do carcereiro, que te levou até a cela de Nathan.

— oi... — falou baixinho vendo Nathan virar-se assustado.

— Emma! porra, eu estava morrendo de saudades — para matar sua saudade você aproximou seu rosto do pescoço de Nathan, que ainda exalava seu perfume forte.

— eu também estava com saudades Nathan, eu tinha que vir te visitar pra ver como estava... e olha, esse lugar me dá medo — você se aproximou estendo uma sacola com alguns dos doces favoritos de seu namorado, que sorriu ao olhar seu "presente"

— é só por três anos, e eu já estive preso antes amor! pra mim não é novidade estar nesse lugar — disse ele vasculhando algo dentro da sacola que havia ganhado.

— mesmo assim — você observou e olhou ao redor, a cela era horrenda. as paredes estavam totalmente desenhadas com símbolos que provavelmente são de alguma de facção, e mirando para o teto, percebeu goteiras. negou com a cabeça se sentando no colchão que tinha jogado pelo chão.

— nathan... eu quero saber de uma coisa, e nós, como ficamos nisso tudo? — o rapaz levou as mãos ao rosto e se aproximou, agachado-se para ficar a sua altura.

— Emma, eu quero terminar — as palavras de Nathan vieram como um tiro em seu coração, ele queria terminar?

terminar? por que?! — você pegou no rosto do mesmo que tentava ao máximo desviar o olhar.

— eu não quero te prender, eu vou ficar preso por três anos nesse lugar Emma! eu quero que você curta a vida, eu vou me sentir muito culpado se a gente continuar esse relacionamento! eu não estou terminando porque quero, estou terminando porque é preciso — você se levantou, dando as costas. antes de sair da cela, virou-se falando uma última coisa.

* diga aqui a última coisa que gostaria de dizer a ele

[ a partir de agora escutem a música da multimídia, que vai ter tudo a ver com essa parte do capítulo]

acordou em meio a pessoas das quais não se recordava em uma sala igualmente desconhecida.

tudo do que se lembrava são pequenos flashes da noite passada, o que não é nada esclarecedor. sua cabeça latejou assim que se levantou do sofá-cama improvisado, com cuidado para não acordar ninguém. encontrou uma latinha de cerveja pela metade, que acabou sendo finalizada por você, mesmo estando quente.

por sorte encontrou um banheiro, e ali conseguiu se olhar no espelho, você estava totalmente acabada. passou a mão pelos cabelos totalmente bagunçados. ao voltar para sala, avista seu coturno e seu casaco, ambos jogados sob o sofá. pegou-os e os colocou silenciosamente.

saiu do apartamento aonde estava, sentindo uma ventania fortíssima bater sobre seu rosto. andando por uns cinco minutos, chegou a estação de trem.

passou seu cartão na catraca, agradecendo mentalmente por ainda ter crédito. o trem não demora a chegar à plataforma, sua chegada anunciada pelo barulho férreo e um vento intenso. torceu para que estivesse vazio, afinal, não aguentava ficar em pé – pela primeira vez em algum tempo, parece que o universo lhe escutou: o vagão estava vazio, exceto por dois caras que pareciam estar tão na merda quanto você e uma senhora com muitas sacolas.

se encolheu no assento da janela, sem que haja nada para ver exceto os túneis escuros e, regularmente, as estações.

ao chegar em sua casa, destrancou a porta e entrou na mesma dando graças a deus por estar sem ninguém, se livrou de tomar um sermão de sua mãe que falaria o quanto é irresponsável, e maluca de ficar desse jeito. a primeira coisa que fez ao entrar na residência, é tomar uma aspirina, após isso deixou o copo na pia da cozinha, seguindo até o banheiro.

lavou seu rosto, trocou sua blusa e melhorou a aparência passando algumas camadas de rímel. escondeu uma marca de chupão da noite anterior em seu pescoço com corretivo e para finalizar, passou o batom mais vermelho que encontrou em suas coisas.

[...]

desceu do uber na estação de trem, e ligou para garota que iria com você pro bar.

— você é linda, sabia? — uma morena sussurra em seu ouvido, logo após morder o lóbulo de sua orelha.

rapidamente ela se aproxima e lhe beija, coisa que não impediu. não é como beijar Nathan, mas ainda é um beijo. após o beijo, você saiu dali indo dançar, bebeu muitas doses de muitas bebidas, mas por fim o seu coração partido se mostra presente e faz com que sua garganta se fechasse e seus olhos enchessem d'água.

correu até o banheiro e se trancou numa cabine, onde chorou até não poder mais. chorou sem se preocupar em disfarçar toda a saudade que finge não sentir de seu ex.

quando saiu do banheiro, bebeu uma cerveja e se agarrou às primeiras pessoas que viu pela sua frente, sem distinção de gênero ou idade. deixou que garotas te tocassem enquanto beijava caras que não conhecia e que nunca mais verá novamente. deixou que esses caras te tocassem enquanto beijava essas garotas que não  irão te ver depois dessa noite.

estava fazendo com que o álcool e os beijos de desconhecidos te deixassem melhor por um momento antes de precisar encarar sua vida real, beber loucamente e fazer essas coisas não iriam te apagar sua dor, muito pelo contrário irá te acarretar milhares de outros problemas.

o que vocês acharam da atitude do Nathan? deixem a opinião de vocês nos comentários.

e se você se apaixonasse por um traficante? - história interativaOnde histórias criam vida. Descubra agora