NOITE CHUVOSA

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Abandono o hospital exatamente meia-noite

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Abandono o hospital exatamente meia-noite. Chovia fortemente e eu realmente não queria que aquela noite durasse mais que o necessário. Porém, antes de sair, procuro por Emílio, mas lembro que ele já havia saído, provavelmente. Ele já estava trabalhando há uma semana e decidiu passar boa parte da noite, enquanto não se ajeitava nos estudos.

Ando notando que os comentários sobre Emílio estão aumentando entre os funcionários do hospital, isso tudo porque dou uma atenção especial para ele, e não é difícil me ver fazendo isso. Se quero alguém, eu naturalmente facilito a vida dessa pessoa. E Emílio tomou o lugar de Patrícia, que antes era uma ficante. Mas com ela não foi nada sério, nem durou muito.

Isso causou murmúrios entre as pessoas, já que na cabeça delas, Emílio é um total interesseiro, quando na real, o coitado não faz ideia do que está acontecendo no hospital. Tudo que ele pensa é no seu sonho de ser médico e trabalhar de verdade. É nítido seu amor pela profissão, e hoje em dia, confesso ser raro ver isso.

Entro rapidamente em meu carro, antes que acabe ficando encharcado com a chuva. Olho em meu celular, vendo as mensagens de Anders, me perguntando onde raios eu estava. Apenas ri com isso, porém, não o respondi. Minha noite hoje estava incerta. Eu não estava com vontade de voltar para casa. Queria algo diferente. Porém, nada vinha em minha mente.

Até que por um acaso, reconheço Emílio parado embaixo de uma tenda, todo encharcado, esperando a chuva passar. Mas aquela chuva não parecia querer parar tão cedo. Ele abraçava o próprio corpo, e sua roupa branca estava grudada, toda molhada e consequentemente transparente.

Paro o carro, abaixando o vidro e buzinando.

— Emílio! Entra! — Chamo, e ele me olha parecendo confuso à princípio, talvez pelo fato de que não usava óculos, por conta da chuva. Mas logo veio em minha direção, sorrindo docemente.

— Boa noite, senhor! Tudo bem? — Perguntou, com aqueles belos olhos violeta brilhando na luz da lua. Inferno! Ele não poderia ser como a Patrícia?! Não. Se fosse, eu nem o olharia.

— Entra no carro, ou vai acabar ficando doente. — Falo, abrindo a porta para ele, que continuou parado, pensativo.

— Mas eu estou molhado. Vai molhar o seu carro todo. — Murmurou, com uma expressão de preocupação.

— Não estou nem aí para o meu carro. Anda, entra. — Praticamente ordeno, com um tom divertido. Ele sorriu, tímido, adentrando no banco passageiro e fechando a porta, colocando o cinto de segurança. — Aqui. Coloque isso. — tiro meu paletó, o colocando em volta dos seus ombros. Ele sorriu, agradecido.

— Obrigado, senhor. — Sorri, dando partida, voltando para a rodovia principal.

— Achei que tivesse algum transporte. — Comento, o olhando de relance. Vejo ele me olhar, sempre com aquele sorriso que acabava me contagiando e que sempre deixava suas bochechas vermelhas.

— Já era difícil arrumar um emprego, imagine um transporte. — Comentou, risonho. — Mas tudo bem, eu não me importo. Gosto da chuva. Bem... quando ela está um pouco mais fraca... — Murmurou, pensativo e olhando pela janela.

— Você mora longe? — Pergunto, torcendo para que a resposta fosse sim.

— Hm... não. É só dobrar a primeira rua à direita. — Indicou. Merda!

— Certo. — Sigo suas instruções, até que chegamos em sua casa. Era bem pequena e humilde.

— Obrigado pela carona. Mas realmente não precisava, senhor.

— Me chame de Aaron. Só Aaron, tudo bem? — Ele assentiu, sorrindo. — E não foi problema nenhum. Agora que sei que está sem transporte, posso vir te buscar e te deixar todos os dias. Sei os seus horários.

— Ah, não precisa, sen... Aaron. — Se corrigiu. — Está tudo bem.

— Não vai me fazer essa desfeita, não é? Está combinado. Eu mesmo venho te buscar e te deixar à partir de agora. E não aceito não como resposta. — Ele ficou calado, retirando o cinto de segurança.

— Bem, de qualquer forma, não quero te atrasar mais ainda. Preciso mesmo entrar.

— Mora sozinho? — Ele assentiu, sorrindo.

— Sim. Já faz muito tempo... — Murmurou, fazendo um biquinho fofo. — Bem, até amanhã, Aaron! — Disse, já abrindo a porta e saindo do carro me mandando um “tchauzinho”. Desligo o motor do carro, fingindo estar surpreso. Não iria perder essa oportunidade. Emílio me olhou, parecendo confuso. — O que aconteceu?

— Eu não sei. O carro desligou do nada. — Minto, com uma expressão chateada. Eu poderia ser ator.

— Sério?! E agora?

— Vai demorar horas para alguém vir aqui me buscar. Nem sabem que endereço é esse... — Emílio me olhou tristemente, mas logo sorriu.

— Pode ficar na minha casa enquanto alguém não vem. É um pouco simples, mas pelo menos vai estar protegido da chuva.

— Não vou incomodar? — Questiono e ele nega rapidamente.

— Claro que não. Vamos! — Chamou, correndo para a varanda por conta da chuva. Sorri, saindo do carro e o acompanhando. Bingo!

Entramos em sua casa. Era realmente muito bom simples, sem segredos.

— Pode ficar à vontade, eu vou trocar de roupa e volto rapidinho. — Disse, correndo para o quarto. Me sento no sofá de dois lugares, duro e com apenas dois lugares disponíveis. Olho em volta. Não tinha muita decoração e os móveis não eram de muita qualidade, porém, era aconchegante e não perdia sua beleza simples.

Logo Emílio retornou, e para acabar de vez com minha sanidade mental, usando apenas um shortinho largo, de cor azul claro com listras brancas, e uma camisa branca, básica. Ele estava lindo.

— Desculpe aparecer assim, é que se eu colocar uma roupa mais forma, vou ficar com preguiça de trocar quando for dormir. — Disse, o que me fez sorri.

— Não se preocupe. A casa é sua. — Emílio sorriu, assentindo e me entregando uma toalha.

— Se seque. Também não pode ficar doente. Aliás, pode dormir no meu quarto. Eu fico no sofá. — Disse, o que eu realmente não gostei de ouvir.

— Nesse sofá? Você é pequeno, mas não tanto. Não posso permitir isso. — Emílio abriu a boca para falar, mas fechou novamente, pensativo.

— Mas não tem problema. Eu sempre durmo no sofá vendo filmes até tarde.

— De qualquer forma, esteja ciente que isso faz mal para sua saúde. — Ele se calou, ficando corado. — Se você não se importar, podemos dividir a cama. É só por uma noite. Assim, ninguém sai perdendo. — Emílio ponderou, sorrindo.

— Pode ser! Mas... minha cama é de solteiro.

— É só apertar um pouco que iremos caber os dois. — Ele sorriu novamente, assentindo. Esse garoto não via problema em nada?!! Ótimo, melhor para mim.

— Tudo bem. Quer comer algo?

Você!

— Não, obrigado.

— Certo. Qualquer coisa, tem um resto de bolo na geladeira. Vamos? — Assenti, me levantando e o seguindo até o quarto. Não estava acostumado com cama de solteiro e mega duras, mas por ele valia à pena.

NOSSO PERFEITO CLICHÊ - Máfia Negra (Romance Gay) Where stories live. Discover now