CARA A CARA

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Suspiro, recebendo mais sacolas de alimento mandadas por Aaron

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Suspiro, recebendo mais sacolas de alimento mandadas por Aaron. Toda semana ele mandava, e mesmo eu tentando falar que não precisava, ele nunca me ouvia, e dizia para não questioná-lo. Eu não poderia estar mais confuso. Aaron havia me beijado, e até agora eu não acredito que isso realmente aconteceu. As borboletas em meu estômago sempre acordavam quando ele aparecia. Ele era tão bonito, tão educado e tão... imponente. Eu não sei explicar. Nunca passei por isso, então não sei como agir.

Saio dos meus devaneios quando ouço a campainha tocar. Deixo as compras no balcão e sigo para a porta, a abrindo e me deparando com um homem uniformizado, segurando um enorme buquê de flores vermelhas.

— Emílio Santoro? — Questionou.

— Sim, pois não?

— Para o senhor. — Disse, me entregando o buquê. O peguei, surpreso e confuso.

— Para mim? Tem certeza? — Ele assentiu, sorrindo.

— Por favor, assine aqui. — Me entregou uma prancheta e uma caneta, na qual prontamente assinei, sorrindo um pouco desajeitado para ele.

— O-obrigado. — Ele sorriu, saindo. Fecho a porta, puxando o cartão entre as rosas, o abrindo.

Aproveite bem seu primeiro dia de folga. E não marque nada para a noite. Quero te ver hoje e não aceito não como resposta.

Beijos.
A. Aaron.

Automaticamente eu sorri, talvez começando a me acostumar com esse jeito dele. Pego o vaso mais bonito que eu tenho, mesmo que não fosse lá essas coisas, e coloco o buquê de flores, dando um ar de vida em minha casa. Era tão bonito e radiante, que eu simplesmente não conseguia parar de olhar.

Porém, novamente a campainha toca, me deixando intrigado. De qualquer forma, sigo até a porta, a abrindo. Era uma mulher, alta e muito bonita.

— Pois não? — Falo, a vendo me avaliar da cabeça aos pés, com um sorriso meigo.

— Oi, rapazinho... Eu sou nova aqui no bairro e... queria saber se não poderia me oferecer um pouco de água. Estou andando à horas procurando um apartamento, mas está difícil.

— Ah, claro! Por favor, entre. — Peço, dando espaço para que ela passasse. A moça sorriu, entrando. Fecho a porta, seguindo até a geladeira e pegando uma jarra com água, enchendo um copo com o líquido e entregando a ela.

— Obrigada, querido. Você é muito gentil. Hm... Como se chama?

— Ah, eu me chamo Emílio. Prazer. — Falo, sorrindo amigavelmente.

— Belo nome. Eu me chamo Emanuelle. Você... mora com seus pais? Onde eles estão? — Questionou, o que me fez suspirar, abaixando a cabeça.

— Hm... Minha mãe morreu quando eu era muito novo. Ela estava doente... — Murmuro, vendo ela me olhar com mais atenção.

— Ah, perdão. Eu não sabia.

— Tudo bem. Não tinha como a senhorita saber.

— Desculpa ser inconveniente, mas e o seu pai?

— Meu pai... nunca gostou de mim. Não sei o porquê.

— Jura? Problemas... sobre sua orientação sexual, ou...? — Sorri, negando.

— Nada disso. Eu nunca namorei, nem saí com ninguém, então... não tive como debater esse tipo de assunto com meus pais. — Comento, e ela sorri, assentindo.

— Mas você... é gay, certo? — Questionou, me pegando de surpresa.

— Bom... eu não sei... talvez.

— Eu já te vi acompanhado de um homem. Um homem muito bonito, por sinal. — Fico vermelho instantaneamente.

— H-hm... não pense mal de mim, senhorita. Ele é meu chefe e...

— E que te trata muito mais do que somente um funcionário. Aliás, belo buquê. — Elogiou, olhando para o vaso na qual arrumei as rosas. Certamente meu rosto estava da mesma cor que as flores. — Ah, não fique com vergonha, está tudo bem, querido. E, acho que já está na minha hora. Obrigada pela recepção. Espero te ver mais vezes. — Sorri, assentindo.

— Igualmente, senhorita.

— Ema. Pode me chamar de Ema. — Ditou, se aproximando de mim, me observando minuciosamente. — Você... me lembra uma pessoa muito importante que eu tive em minha vida.

— Mesmo? — Ela assentiu, sorrindo.

— Meu filho deve ter a sua idade agora.

— Não sabe aonde ele está? — Ela negou.

— Não. Mas eu vou encontrá-lo, nem que seja a última coisa que eu faça. — Ditou, se levantando e ajeitando sua bolsa. — Agora eu preciso ir, mas... posso vir te ver outras vezes? Talvez sairmos para almoçar. Eu gostei de conversar com você, querido. — Sorri, um pouco corado.

— Claro, senho... Ema. — Me corrijo, a vendo sorri, me abraçando e beijando minha bochecha.

— Você é um fofo, Emílio. Até logo. — Se despediu, e eu a acompanhei até a porta, acenando para ela.

Suspiro, fechando a porta e me acomodando no sofá, respirando fundo e olhando para o vaso com o buquê.

Nunca em minha vida parei para pensar na minha orientação sexual. Afinal, nunca me apaixonei ou me interessei por alguém. Meus problemas era sempre tirar notas boas na escola, e isso perdurou até a faculdade. Depois veio a minha busca infinita por um emprego, até que finalmente consegui.

Na escola nunca fui muito popular, na verdade, eu era totalmente invisível para as pessoas, e sempre havia um grupinho para me zoar na hora do intervalo. Porém, isso não durou muito, já que saí mais cedo da escola, justamente por estudar demais e entender de coisas que pessoas da minha idade não entendiam, ou talvez não se interessassem em saber, pois na minha concepção, todos são capazes, basta querer.

Sempre vi em minha volta casais heteros, padrões heteronormativos. E isso sempre foi normal e insignificante para mim. E quando Aaron me beijou, foi... natural, até. Não senti nojo. No começo, fiquei surpreso, porque na real eu jamais esperaria uma atitude como aquela, mas... foi... incrível.

Simples assim.

NOSSO PERFEITO CLICHÊ - Máfia Negra (Romance Gay) Where stories live. Discover now