UM SALVAMENTO INESPERADO

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Respiro fundo, secando mais uma vez o copo de bebida à minha frente

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Respiro fundo, secando mais uma vez o copo de bebida à minha frente. O bar estava lotado. Mulheres dançando quase seminuas e homens aproveitando a deixa. Mas eu estava isolado, sentado em um dos bancos altos, me preocupando mais em passar a bebida para dentro e os problemas para fora.

Desde sempre, eu era considerado o “patinho feio” da família. Aaron era meu irmão gêmeo, mas as habilidades foram todas para ele pelo visto. Ele quem tirava notas boas na escola, que se saía perfeito nos treinamentos, e o mais desejado pelas menininhas da escola. Ele que era o preferido, e já ouvi meus próprios pais dizerem isso.

Com o tempo, eu deixei de me importar.

Após quase morrer em uma depressão e passar dois meses internado em um hospital, eu sabia que precisaria me virar sozinho, já que meus pais nem serviram para me visitar e ver se eu estava bem. Eles estavam na Holanda, na formatura de Aaron, enquanto eu estava internado no hospital.

Depois disso, eu simplesmente peguei o que me era importante e fui embora. Eles não me procuraram, e logo depois Aaron assumiu o poder da máfia. Foi o meu limite. Eu comecei a odiá-lo terminantemente. Ele foi o que teve tudo e eu nada. Então que se foda se somos do mesmo sangue. Para mim, ele é igual aos pais. Podres.

— Divide comigo? — Saio dos meus devaneios quando uma mulher se aproxima de mim, insinuando o copo de bebida em minhas mãos. Ela era bonita, mas não fazia meu tipo. Empurro o copo em sua direção e pego a garrafa, saindo do bar. Hoje eu realmente não estava no clima de foder uma estranha.

Me encosto em uma parede, terminando de beber o líquido amargo e que já era normal ao meu paladar.

Passa o dinheiro, garoto!!! — Olho para frente, vendo no outro lado da rua um garoto sendo abordado por dois delinquentes, que me passavam uma sensação de nojo só de olhar.

E-eu não tenho, moço... — O garoto argumentou, chorando e tentando se livrar, mas os dois homens o agarraram, o empurrando no chão e mexendo na mochila do rapaz.

Suspiro, desviando o olhar e virando a garrafa mais uma vez. Não sou de bancar o super herói, afinal, sempre me colocaram no papel de vilão, então, que o garoto aprenda a se virar sozinho, tal qual igual eu fiz.

Porra! Não tem um mísero centavo, filho da puta! — Um deles exclamou, jogando a mochila longe e puxando o garoto brutalmente pelo braço. — Vai me pagar de algum jeito... — ditou, rindo de forma nojenta para o seu parceiro, e ambos puxaram o garoto para o beco, na qual ele começou a gritar e pedir por socorro. O garoto era magrinho e baixo, então se livrar daqueles dois seria uma tarefa árdua e praticamente impossível.

Reviro os olhos, suspirando em desistência.

— Eu vou me arrepender disso... — Balbucio, atravessando a rua e assobiando, cantarolando alguma música inventada nesse momento. A quem estou querendo enganar? Eu amo participar de uma briga. Eu estava doido para descarregar minha raiva em alguém, então era o momento perfeito.

Suspiro, passando a mão em meus cabelos bagunçados e atingindo um daqueles homens com a garrafa de bebida, a espedaçando. Hm, que pena... Ainda faltava um restinho de uísque...

— Quem você pensa que é, seu desgraçado?! — O outro exclamou, vestindo as calças.

— Olha, não é por mal não, mas isso aí entre suas pernas não vai nem causar dor no garoto de tão insignificante que é. — Provoco, vendo ele me encarar com fúria, pegando um canivete do bolso.

— Eu vou arrancar sua língua fora, seu desgraçado! — Exclamou, partindo para cima de mim. Sorri, debochado, dando um pequeno passo para a esquerda e agarrando seu pulso, o empurrando mais para frente, fazendo com que ele atingisse o amigo no estômago.

Posso ter sido o excluído da família, mas sei brigar muito bem ainda.

— Mas que porra!!! — O homem exclamou, me olhando com ódio.

— Se eu fosse vocês, aproveitaria meu bom humor e sairia daqui ainda vivos... — Olho de relance para o que estava mais atrás, com a barriga e a cabeça sangrando. — ou um de vocês vivos. — corrijo, sorrindo ironicamente.

Eles ficaram em silêncio, e então saíram correndo, me xingando de todas as formas. Covardes.

Me viro para o garoto, que estava assustado, se abraçando.

— Você está bem? — Questiono, e nem sei o porquê. Eu acabei de salvá-lo, é claro que ele estava bem!

— Obrigado... muito obrigado, moço... — Murmurou, ofegante demais. Ele começou a tossir, levando a mão para a garganta, parecendo está com falta de ar.

— Ei, o que você tem? — Questiono, me abaixando, vendo ele apontar para a mochila jogada longe dele.

— Asma... preciso da bombinha... — Falou, tossindo e caindo deitado no chão. É sério?! Ah, merda!

Corro até a mochila dele, procurando a porra da bombinha, até finalmente encontro, entregando a ele, que rapidamente a usou, parecendo mais aliviado, se sentando no chão e respirando fundo.

— Obrigado... mais uma vez... — Balbuciou, envergonhado.

— Você devia ir para casa. É capaz daqueles idiotas voltarem. — Aconselho, vendo ele suspirar, abaixando a cabeça.

— Eu fugi de casa... não tenho para onde ir. — Murmurou, o que me deixou surpreso. Automaticamente eu pude ver naquele garoto. Jovem, assustado, triste... a diferença, é que ninguém me ajudou quando eu precisei.

— E por que fugiu? — Questiono, vendo ele pensar bem antes de me contar. Parecia está muito envergonhado.

— Eles me maltratavam e me batiam. Eu não quero apanhar de novo... Prefiro viver na rua... — Balbuciou, abraçando as próprias pernas.

Eu não acredito que estou me importando com isso...

— Certo... hm... Você pode passar uns dias no meu apartamento. Eu moro sozinho, então, não vai ter problema... — Falo, vendo ele me olhar surpreso.

— Eu... não quero incomodar. Não precisa sentir pena de mim. Eu me viro. — Resmungou, com o orgulho nítido. Dou de ombros, assentindo.

— Tudo bem. Você que sabe. — Falo, lhe virando às costas, pronto para ir embora.

— Ei, espera! — O garoto exclamou, o que me fez sorri vitorioso.

— Pois não? — Insinuo, me virando para ele, que rapidamente se levantou, vindo até mim.

— Ainda posso ir com você...? Eu juro que vou te ajudar no que for preciso! — Exclamou, prestativo. Sorri, assentindo.

— Ok, sem discurso comovente, anda logo. — Falo, enfiando as mãos nos bolsos da minha calça e voltando a caminhar tranquilamente, tendo ele me acompanhando.

— Ah, eu me chamo Benjamin. E você? — Ditou, quebrando o silêncio.

— César. — Respondo, vendo ele sorri.

Obrigado, César.

NOSSO PERFEITO CLICHÊ - Máfia Negra (Romance Gay) Where stories live. Discover now