ELE ME PERTENCE

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O dia amanheceu como tranquilizante para nós dois

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O dia amanheceu como tranquilizante para nós dois. Emílio ainda estava adormecido, e eu não julgo. Digamos que aproveitamos mais do que o nosso próprio limite permitia.

Eu estava acostumado a acordar cedo, mesmo sem compromisso, então me levantei, tomando um banho quente e vestindo algo confortável, resolvendo desapegar hoje dos meus ternos padrões. Desço para a cozinha, onde comecei a preparar um café simples para nós dois. Eu não era um mestre da cozinha e Emílio não se importava com essas frescuras, então... tudo nem.

Ligo meu celular, vendo incontáveis mensagens, mas ignoro todas. Porém, uma delas me chamou a atenção. Era de Emanuelle.

“Eu já sei que Emílio é o meu filho. Seu cretino! Você sumiu com ele! Se não ficar longe dele, vai se arrepender para o resto da sua vida!”

Ela também descobriu, o que não me deixou surpreso. Era do questão de tempo para juntar as peças do quebra-cabeça. Porém, eu estava preocupado como Emílio ficaria com tudo isso. Ele não sabia da máfia, e muito menos que tinha uma mãe biológica à procura dele.

Se ele souber da mãe, saberá da máfia, e logo saberá de mim. Isso não era bom, mas eu sei que esse dia chegaria.

Deixo o celular de lado, ignorando as inúmeras mensagens de Emanuelle me xingando e ordenando que trouxesse Emílio de volta para a cidade. Não entendo como ela tem tanta raiva de mim, eu não tive culpa pelo o que aconteceu. Não sou nenhum santo, mas esse b.o eu não assumo.

Meu celular toca novamente. Dessa vez, era uma ligação. Olho para tela, respirando fundo ao ver o contato. Uma desgraça nunca vem sozinha.

— O que você quer, César? — Questiono, cansado dos joguinhos do meu irmão. E seu maior passatempo era me ameaçar.

— Quem é a carne nova? Uma nova puta que você anda comendo e dando presentinhos? — Questionou, com um tom de escárnio. Tento entender do que raios ele estava falando, até que lembro de Emílio. Eu estava saindo com ele praticamente todos os dias, ou o máximo de tempo livre que eu tinha eu passava com ele. É claro que meu irmão não perderia a oportunidade de me vigiar.

Respirei fundo antes de responder. Emílio era importante para mim, mas ele não precisava saber disso. Ou iria sobrar justamente para Emílio.

— O que isso te importa? Está tão alucinado que quer saber até com quem eu transo? Sua vida deve estar um tédio completo. — Rebato, indiferente. Ele riu, sem um pingo de humor.

Sempre bem humorado, maninho. Mas sabe... aproveita enquanto pode. Nunca se sabe quando as pessoas podem... sumir. Não é? — Aperto o celular com força, trincando os dentes. Desgraçado! Está querendo jogar comigo.

— “Um homem com coragem é aquele que ataca diretamente o líder. Quem vai atrás do restante do rebanho, é porque não tem confiança, nem força o suficiente para enfrentar aquele que lidera”. — Recito, desligando o celular em seguida. Ele entendeu o recado. Meu pai vivia dizendo isso para nós dois, e eu nunca esqueci.

— Aaron...? — Ouço a voz doce de Emílio preencher o ambiente, sonolento. Ele estava perdido pela casa, o que me fez ri ao vê-lo entrando todo confuso na cozinha, coçando os olhos e colocando os óculos de grau, sorrindo ao me ver. Eu posso me acostumar com isso...

Ele usava minha camisa social branca, que ficava um vestido para ele, o deixando ainda mais sexy.

— Bom dia, baixinho. Tudo bem? — Ele assentiu, sorrindo e se aproximando, apoiando os braços na bancada da cozinha. Me inclino, deixando um selinho demorado em seus lábios, o beijando mais prolongado em seguida, vendo ele sorri com o gesto.

— Quando vamos embora? — Questionou, o que me fez lembrar das mensagens de Emanuelle. Eu não queria arriscar. Não poderia deixar Emílio nas mãos dela. Eu prometi achar o filho dela, mas nunca se passou pela minha cabeça que esse filho fosse justamente Emílio. Não... Sou egoísta demais para deixá-lo ir. Se Emílio cair nas mãos dela, sei que nunca mais o verei.

— Já quer ir? — Ele negou rapidamente, sorrindo timidamente. Mordo o lábio inferior, suspirando. O que esse baixinho está fazendo comigo?! Era só eu deixar ele ir... Simples, não? Então por que estou lutando contra?

— Esse lugar é lindo. Mas eu preciso conversar com você sobre uma coisa... — Murmurou, rodeando a bancada e me estendendo os braços. Eu sorri, pegando sua cintura e o levantando para cima da bancada, o deixando sentado e ficando entre suas pernas.

— O que é? — Lhe ofereço um copo com café, na qual ele aceitou de imediato, bebericando o líquido com cuidado para não acabar se queimando.

— Eu sou muito grato a você pelo emprego que me deu no hospital, mas sinto que não estou sendo útil para ninguém... — Murmurou, entristecido, o que chamou minha atenção.

— Como não, Emílio? Você é o melhor enfermeiro que eu conheço. — Ele sorriu, abaixando a cabeça.

— Só você acha isso... — O encaro, tentando entender sua tristeza.

— Por que diz isso?

— Porque... eu não faço nada dentro da minha formação. As pessoas... me tratam como se eu fosse um assistente que precisa trazer isso, levar aquilo... Posso parecer egoísta, mas um enfermeiro é mais do que isso. Eu sei porque passei muitos anos me dedicando a profissão.

— Eu concordo plenamente com você, Emílio. E foi justamente esse emprego que eu te dei. De enfermeiro. Quem são essas pessoas que estão te limitando? — Questiono, irritado só de pensar que estão delimitando a formação de Emílio. Sei muito bem que ele é capaz e muito melhor que muita gente dentro daquele hospital que só está exercendo a função por conta do dinheiro.

— Não importa quem são. A questão é que... eu quero pedir demissão. — Ditou, me deixando mais confuso ainda.

— O quê? Como assim, Emílio?

— Não se preocupa, eu só... quero me especializar naquilo que realmente amo. Eu quero estudar medicina e me dedicar muito e completamente aos estudos. Se eu for tentar trabalhar e estudar, posso acabar atingindo minha própria saúde, pois tenho consciência de que não vou dá conta. Sabe... trabalhar em hospital requer muito do seu tempo. As pessoas não escolhem dias para ficarem doentes. E não posso ter pacientes se eu não puder ter disponibilidade para atendê-los. — Eu sorri, encantado com sua declaração. Emílio parecia não existir. Nesse mundo podre que vivo, cheio de traidores e assassinos, jamais pensei encontrar um dia alguém tão doce e que se preocupa com o próximo. Que pensa no outro antes de si mesmo. Ele abriu mão do emprego, mesmo precisando do salário, por simplesmente acreditar que não pode se responsabilizar se não tiver tempo. Ai, Emílio... a cada dia você me surpreende ainda mais...

— Se você quer que seja assim, eu te apoio, mas com uma condição. — Falo, vendo ele me olhar curioso.

— Que condição?

— Que me deixe pagar sua faculdade de Medicina, e que você venha morar comigo.

O quê?

NOSSO PERFEITO CLICHÊ - Máfia Negra (Romance Gay) Where stories live. Discover now