Capítulo 4- Somos amigos?

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Acordei com um sorriso estampado no rosto. Hoje era o meu primeiro dia e por mais estranho que pareça até estou a gostar de estar aqui. Dei um salto da cama em direção à casa de banho. Fiz a minha higiene pessoal e vesti o meu uniforme que me foi atribuído ontem. Os rapazes usavam calças escuras e uma t-shirt azul escura com o símbolo da loja ao peito. Já as raparigas usavam também a mesma camisola à exceção que tinham de usar calções em vez de calças , o que era uma autêntica parvoíce. À conta disso estou a morrer de frio. Estamos no inverno e ainda por cima num país conhecido por ser frio, não podiam pensar menos na estética e mais no conforto? Calcei as minhas sapatilhas brancas e sai do quarto. Tanto a minha irmã como a minha mãe ainda dormiam. A minha mãe tinha folga por ter estado a trabalhar 2 turnos seguidos e a minha irmã só tinha aulas à tarde, o que era fantástico. 1 º por ser o primeiro dia de aulas e 2 º por ser segunda-feira. Peguei o meu casaco mais quente que tinha e fui a comer uma maça durante o caminho. O tempo estava agradável mesmo estando de calções sentia um calorzinho a bater nas pernas. Pouco tempo depois entrei na loja e Michael já lá estava atrás do balcão.

- Bom dia Michael.- Posei a minha mala atrás do balcão e despi o meu casaco pendurando-o de seguida no cabide.

- Bom dia Marg- Desculpa é difícil de dizer.

- Não tem mal. Podes-me chamar Mags.- Sorri ao qual ele correspondeu. – Então o que queres que faça primeiro?

- Bem eu de manhã vou estar ocupado a preencher papelada e a atender os clientes por isso pela manhã ficas responsável por alimentar os animais todos e limpar os seus compartimentos e tu não estás a perceber nada do que estou a dizer pois não?- Sorri nervosamente. A verdade é que só apanhei algumas palavras. Era difícil de perceber a língua quanto mais se ela for falada rápido demais.

- Podes repetir mais devagar. – Ele repetiu tudo outra vez e eu consegui perceber mais ou menos as funções que me tinham sido atribuídas. -Desculpa nunca fui muito boa aluna a inglês.

- Vens de onde?

- Portugal.

- Mudaste-te à pouco tempo?- Acenei afirmativamente. Ele olhava-me atentamente tomando atenção a tudo o que dizia. A minha pronúncia não era má de todo, a minha falta de vocabulário e que piorava mesmo as coisas.- À quanto tempo estás cá?

- Uns dias.- Ele sorriu.- Porque é que te estás a rir?

- Estás a conversar comigo em inglês e pelo que parece até nem és tão má quanto julgas. - São perguntas fáceis de responder. Não me preciso de esforçar muito para as perceber. No fundo eu sabia que ele queria que me sentisse bem mas para isso acontecer tinha que começar a estudar arduamente esta língua.

- Não te sintas mal por não perceberes tudo o que te dizem. Se fosse eu a mudar-me para Portugal não ia perceber nada também .- Posou as suas mãos nos meus ombros e dirigiu-se, com um bloco de folhas na mão à bancada onde estava as rações.

Segui em direção as gaiolas dos pássaros em primeiro. Meti-lhe comida e limpei tudo. Depois cuidei dos hamsters, coelhos e as chinchilas. Depois dos roedores segui para as gaiolas onde estavam os bichinhos mais adoráveis de sempre, os cães. Desde pequena não ouve uma única vez que não tivesse um cão. Em toda a minha infância tinha sempre um cão. Quando nasci tinha o Tarzan. Não me julguem mas acho que tinha um fascínio pelo moreno de tanga quando era criança. Depois de este morrer o meu pai comprou um serra da estrela. Ao início chamámos de Sasha mas depois de uma tempestade começamos a chama-lo Sasha bananas porque cada vez que ouvia um trovão ou chovia ele vinha a chora para a porta da cozinha. Mesmo sendo do tamanho de um cavalo tinha medo de uma coisa tão natural. Ele acabou por morrer quando eu fiz 16 anos, um mês depois de o meu pai ter-nos deixado. A partir daí as coisas complicaram lá em casa, já era difícil alimentar três bocas do que mais animais. A tradição morreu por aí e até hoje nunca mais voltamos a ter animais.

Green eyes ∞ Ashton IrwinWhere stories live. Discover now