CAPÍTULO 1

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Dez meses atrás

É muito solitário mudar-se para uma cidade onde não se tem ninguém conhecido, mas é diferente para alguém que tem uma família e o trabalho como o meu. O sobrenome Armstrong tem um peso e tanto, especialmente no mundo da moda – o lugar onde a minha mãe se encontrou e meu pai fica feliz em administrar. Contudo não é só isso com isso que a minha família trabalha, na verdade eles investem um pouco em tudo e cada membro da família fica responsável por cada setor, enquanto me preocupo apenas em ser a garota propaganda oficial da grife da minha mãe. Afinal, finalizei minha faculdade há pouco tempo e os trabalhos voluntários não preenchem a agenda por inteiro.

Tive o prazer de ser apresentada a Gisele Bündchen e outros grandes nomes de beldades que estampam capas de revistas. Portanto acabei me tornando conhecida em meio ao mundo da moda – não fazendo automaticamente dessa mudança para a cidade "estranha", em uma experiência ruim, mas sim uma fase de conhecer gente nova.

Em minha primeira semana na cidade fui surpreendida ao receber vários convites para grandes eventos e dentre tantos escolhi um jantar de uma antiga amiga da minha mãe, que há anos não prestigia um desfile da grife. No convite especificava que o traje era de gala, o que me fez ficar mais de uma hora no closet em busca de um vestido, optando por fim um longo preto nada básico. Como cresci em meio a maquiadores, cabeleireiros e estilistas, sempre sei me virar na hora de fazer a produção sozinha. Resolvi manter o meu cabelo castanho solto, ondular as mechas e moldar a franja longa, colocando-o sobre um lado dos ombros. Quanto à maquiagem permaneci no meu estilo do dia a dia, apenas delineado, blush e a boca nude, finalizando com um belo par de cílios postiços.

Coloquei o vestido, calcei um par de sandálias também pretas, pus um colar de brilhantes com a pedra principal em forma de gota e fechando o look com chave de ouro, escolhi usar uma bolsa clutch com detalhes metálicos.

Parei em frente ao espelho gigante do closet e comentei rindo sozinha.

- Até que você consegue se virar sozinha, Alexia Armstrong!

Não demorou muito para que o porteiro avisasse que o motorista da anfitriã da festa havia chegado para me buscar.

O local do jantar é chique, com direito a tapete vermelho e paparazzi, que ficam em um local separado dos convidados. Demorei alguns minutos atendendo ao pedido deles para tirar algumas fotos e até gargalhei ao ouvir os comentários absurdos que soltaram, tentando me fazer afirmar ou desmentir os boatos. Ignorei todos, entrando em seguida na festa sem dar muita conversa para as pessoas no caminho e foi quando o vi pela primeira vez. Conversava com a sua acompanhante da noite, uma modelo pouco conhecida e que com certeza teve esperança que ele fosse ajudá-la a se tornar uma estrela.

Até então não sabia quem era, muito menos a fama que tinha e a lista interminável de mulheres, mas não posso negar que fiquei completamente fascinada com seu belo rosto expressivamente sério. Por poucos segundos seus olhos negros se encontraram com os meus e esse rápido instante fora o suficiente para uma atração surgir entre nós, fazendo o meu ventre formigar.

Mas a escandalosa Vera Adams – a anfitriã, responsável pelo fim do contato visual entre o atraente estranho e eu – me puxou pelo braço e começou a me apresentar para os seus amigos, frisando sempre de qual família faço parte. Como já era de se esperar, algumas pessoas eram muito bajuladoras e irritantes, algo que sempre me incomodara desde menina. Devido o lugar possuir tantos detalhes maravilhosos, nem me importei com essa porcentagem de pessoas desagradáveis, me limitando apreciar a música clássica e a decoração esplêndida do pequeno palácio. Parei de vez em quando para conversar com alguém e até mesmo tirei fotos, entretanto, passei a maior parte do tempo admirando o local antes de sentar na minha mesa, onde eu dividi com algumas socialites e os seus maridos.

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