CAPÍTULO 3

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No momento em que entrei na Mercedes e o motorista arrancou em direção ao centro da cidade, onde se encontra o prédio luxuoso do seu patrão, me arrependi completamente da decisão que tomei. Foi um erro ter cedido à preocupação do empregado do Hawkins, pois só tornaria as coisas mais duras quando o mesmo se cansasse da minha companhia e do sexo que fazemos. Se é que já não se cansou.

Durante o percurso, Max não me dirigiu a palavra em nenhum momento antes de entrarmos na garagem subterrânea do edifício e estacionar o carro ao lado de uma Lamborghini preta, que estava em um estado impecável. Nenhum rastro de poeira, arranhões ou pneus desgastados, é como se tivessem acabado de trazer da loja. O barulho sutil da porta do carro sendo aberto pelo Max me fez quase pular de susto, mas consegui disfarçar e sorrir para o gentil homem com a aparência de um durão segurança, ou talvez um assassino.

- Madame.

Segurei a sua mão estendida e desci do carro.

- Por favor, me chame apenas por Alexia. – soltei sua mão – Acredito que já temos intimidade o suficiente para tratar-me pelo primeiro nome.

- É contra a ética do meu trabalho, Srta. Armstrong.

Revirei os olhos diante dessa réplica fajuta.

- Você não trabalha pra mim, então não há necessidade...

- O meu chefe não aprovaria.

Bingo! Aí está o motivo real do motorista não ser mais simpático ou querer ter mais intimidade comigo.

- Ah claro, Preston Hawkins e suas exigências. – meu tom de voz saiu cínico.

Escutei o eficiente empregado limpar a garganta depois de fechar a porta do carro com delicadeza, antes de defender o patrão como um homem defende o seu melhor amigo.

- Com o tempo a senhorita vai perceber que o meu chefe é uma boa pessoa e que toda essa agressividade tem um grande motivo.

- Realmente não sei se terei tempo para isso, Max. – reprimi a vontade de perguntar sobre esse tal "grande motivo" – Pode me levar agora até o seu chefe?

Tentei parecer o mais insensível possível, não deixar que a esperança de que o que tenho com o dono desse prédio prolongar mais do que estimo, evitando que o sofrimento seja maior e dure mais tempo quando acontecer. Notando que eu não gostaria de levar a conversa adiante, indicou o elevador em silêncio e seguiu-me até lá, curvando o tronco em direção ao interior do espaço para apertar o botão da cobertura. Foi com um aceno de cabeça que ele se despediu antes da porta do elevador se fechar, me deixando completamente sozinha. Além de preocupada, é claro!

Desde que saí do meu apartamento, o plano era acalmar o Preston na presença do seu motorista e não desacompanhada, no alcance de seus olhos negros misteriosos.

A cada andar mais próximo da cobertura, o meu coração parece querer sair pela boca e num gesto de nervosismo, ajeitei a camiseta branca de gola V que já estava arrumada e o cabelo, que não tinha um fio fora do lugar. Enquanto esperava o Max ir me buscar, decidi que seria bobagem trocar de roupa para ir na casa de alguém que estaria tão louco, mais tão louco que não perceberia nem se eu estivesse nua. Portanto continuei com o jeans, camisa branca, mocassins usados, cabelo natural, rosto sem maquiagem. Que se dane! Não estou aqui para seduzir ou impressionar alguém.

Pulei de susto quando a suave campainha soou, anunciando a chegada ao andar selecionado interrompendo meus pensamentos e assim que a porta abriu, o som suave foi substituído por berros e coisas sendo quebradas. O clima estava bem pesado. Saí do elevador e permiti que meus olhos se deslocassem por toda a sala, captando pequenos sinais de que Preston passara por ali.

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