EPÍLOGO

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A estação mais fria do ano finalmente chegara, trazendo consigo neve e temperaturas baixíssimas, quase desencorajando as pessoas a saírem de suas casas durante a semana. Enquanto no fim de semana, não é preciso de muito incentivo para aceitar um convite para esquiar. Dois dias tomando chocolate quente, hospedado em uma cabana com uma grande lareira e se divertir na neve com os amigos o dia inteiro são as melhores maneiras para aproveitar essa época gélida. Uma ideia tão boa que o próprio Preston sugeriu que convidássemos Fay e o professor Nolan Welch – que agora é oficialmente seu marido – para irmos até nossa cabana em South Lake Tahoe por alguns dias.

Sua sugestão veio a calhar, afinal, a rotina vem nos impedindo de cumprir a promessa que fizemos um para outro no dia do nosso casamento. Passar mais tempo juntos, não só nos fins de semana. É claro que com negócios de tal magnitude como o dele, junto com o aumento dos meus trabalhos voluntários e a inspeção semanal dos projetos em que somos sócios, torna-se quase impossível cumprir o pacto feito diante das pessoas que mais gostamos no mundo. Além da fuga de rotina que veio em boa hora, também queríamos compartilhar uma maravilhosa notícia com nossos melhores amigos.

Eu, Alexia Hawkins, estou gravidíssima!

Nossos amigos aceitaram de imediato o convite, pegaram o primeiro avião em Massachusetts e encontraram-nos em São Francisco, na aconchegante e espaçosa casa que têm sido o nosso lar desde que casamos. Ciente de que eu abominava a ideia de iniciar uma vida juntos no prédio que tanto se drogou, se culpou e levou mulheres, Hawk me fez escolher uma nova casa antes mesmo do "Sim". Queríamos deixar todas as coisas destrutivas para trás e deixamos. Incluindo William e Bridget Hawkins, que jamais admitiriam seus erros nessa vida.

De malas e equipamentos prontos, partimos em uma divertida viagem de 3 horas de jipe até o destino, parando apenas para comprar suprimentos para a cozinha da cabana. Preston deu folga para o Max e assumiu o volante durante toda a viagem, reclamando o tempo inteiro da cantoria desafinada da Fay.

- Sabe Fay... Eu te amo como uma irmã, conheço e admiro todas as suas qualidades, mas querida, cantar nunca foi uma delas. Você faz a voz de um adolescente em plena mudança parecer o próprio Luciano Pavarotti!

Nolan e eu gargalhamos alto, enquanto ela explicou:

- Cantar durante viagens de carro sempre foi uma tradição na minha família, ok? Minha mãe diz que mesmo quando ainda era apenas um bebê, eu os acompanhava na cantoria.

Ao ouvir a palavra "bebê", um discreto sorriso tomou conta dos lábios de Preston e por alguns segundos seus olhos se encontraram com os meus, antes da atenção retornar para a estrada. Para demonstrar que estou feliz também, levei minha mão até a sua coxa e a apertei com carinho, o movimento fez a minha aliança cintilar. É a minha joia predileta.

- Bebês são engraçados de assistir tentando cantar, já no seu caso está me deixando apenas surdo e não, eu não estou achando engraçado.

Virei o tronco em direção ao banco traseiro do automóvel, onde Nolan e Fay estão acomodados lado a lado de braços dados, sorrindo diante das reclamações do Hawk.

- Ouvi-lo reclamar é. - replicou – Estou começando a desconfiar que 37 anos não é a sua idade real, acho que a Alex casou com um idoso.

Então por fim, ele resolveu finalizar:

- Okay, Fay. Prefiro escutar você cantar terrivelmente, do que me obrigar a ouvir suas piadas sobre a minha idade e a juventude da minha mulher.

Mais risadas vieram no banco de trás do carro após endireitar meu tronco para frente. Numa atitude de "protegê-lo" da gozação dos amigos, estiquei o corpo o suficiente para que meus lábios toquem a sua bochecha e em seguida soltei um comentário para todos ouvirem.

SHADES OF COOLWhere stories live. Discover now