SHADES OF COOL

CAPÍTULO BÔNUS: POSITIVO

Alexia Hawkins

Perdida entre os álbuns de fotografias, souvenires e usando minha camisa favorita do Preston, sinto meu estômago se revirar de nervosismo ao pensar na descoberta que me obrigou a ir à procura do máximo de lembranças dos últimos anos. A casa está silenciosa, mesmo passando das 10 horas da manhã. A cama parece grande demais desde que ele viajara na segunda-feira, os dias mais longos e os compromissos chatos, pois sabia que não estaria me esperando em casa depois de um dia tumultuado.

Teria sido mais fácil de digerir a notícia se estivesse comigo há algumas horas atrás, eu não estaria agora tentando construir um discurso para anunciar de forma leve, não-assustadora e feliz de que descobri que estou carregando um ser dentro do meu ventre. Um ser ainda muito pequenino que é fruto da nossa intensa relação, que só tem evoluído desde que casamos.

Essa criança não foi planejada, nem foi mencionada a possibilidade e talvez seja por isso que sinto tanto medo. Medo de que o meu marido dê uma recuada na sua cura dos traumas do passado. Medo de dar tudo errado.

Respirei fundo à procura de controle, o mesmo controle que me fez segurar o choro ao falar com a médica ao telefone, que não esperou que fosse até seu consultório para dar o resultado dos exames. Deixei que os meus olhos passeassem pelos álbuns, até que pararam num dos meus favoritos. A noite inesquecível do nosso casamento.

Comecei a folhear as páginas e a cada foto a tranquilidade volta a reinar em meu corpo, os lábios param de tremer para dar lugar ao sorriso nostálgico. Lembranças da minha entrada no jardim da nossa – até então nova – casa, que virou o cenário perfeito para a cerimônia discreta e também a festa que se prolongou pela madrugada. Papai me entregando ao Preston, que estava quase enlouquecendo com a demora habitual da noiva e em seguida ele beijando minha testa. O momento em que trocamos as alianças, os votos e o beijo de tirar o fôlego depois do sim. Durante a festa, o meu marido parecia mais feliz ainda.

Caminhando entre as mesas segurando a mão de Preston, com nossos dedos entrelaçados com carinho, cumprimentamos os nossos seletos convidados e tiramos fotos o tempo todo, meus lábios doíam desde a cerimônia, onde não consegui parar de sorrir. Foi ótimo rever meu agente, amigos da faculdade e parentes, que infelizmente por conta das vidas profissionais agitadas e morarmos longe um dos outros, só os vemos nos feriados e festas familiares. Ainda mais incrível ver meu marido interagindo, se sentindo à vontade na presença de todos.

A lista dele é apenas composta por seus amigos mais íntimos, o casal Welch, Max e sua adorável noiva, assim como colegas de trabalho que mantém ao seu lado há anos. O único parente que decidiu incluir na lista é o irmão mais novo do seu pai, seu único tio que não sucumbiu à ganância e o desejo de se aproveitar do sucesso do sobrinho. A sua esposa também está no time de quem torce por Preston. Bastou um jantar com o casal Joane e Frederick Hawkins para que eu caísse de amores por ambos, principalmente por perceber que eram sinceros quando diziam que estão felizes por nós. Tive o prazer de colocá-los na nossa mesa, junto com Max, Fay, Nolan, meus pais e avós.

Nossos convidados de honra nos aguardavam para continuar com a tradição de praxe de casamentos, como a primeira dança de casados. Então depois de muitas fotos, conversas rápidas e felicitações, conseguimos voltar para a nossa mesa. Cuidando para que eu não tropeçasse na cauda do vestido, meu marido puxou a cadeira e só sentou na sua quando terminei de me acomodar.

- É melhor sentar um pouco mesmo, filha, ou vai acabar cansando antes do fim da festa. - aconselhou minha mãe.

- Acho que eu poderia escalar o monte Everest agora e ainda sim teria energia!

O meu comentário fez as mulheres da mesa rirem, compreendendo completamente a minha euforia do momento, em especial Fay e a mamãe, que sabem da nossa história com mais detalhes. Evoluir tanto no relacionamento em tão pouco tempo. Elas sabem o quanto é incrível.