CAPÍTULO 11

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Com o entardecer próximo, muitas pessoas já enfrentam o trânsito para voltar para as suas casas, as luzes da ponte provavelmente iriam ser acesas em alguns instantes e por ser fim de semana, muitos casais apaixonados apreciam a paisagem de tirar o fôlego. Assim que visitei São Francisco pela primeira vez, tive uma conexão com o lugar e suas belezas, que sempre são realçadas no crepúsculo. Costumo sentar por uma hora ou duas na espreguiçadeira da varanda em silêncio nesta hora, apoio a cabeça no encosto e mantenho a mente vazia por todo o tempo. Absolutamente vazia. 

Desde o reencontro com o homem que bagunçara minha vida, mente e coração, a porta da varanda não havia sido aberta, a espreguiçadeira utilizada, nem o pôr do sol admirado. Apenas passei o tempo fazendo campanhas, ignorando os telefonemas do ex noivo e driblando as perguntas dos fofoqueiros de plantão. Embora tenham surgido problemas com a persistência de Brad em continuar o noivado – e o desgraçado ter tentado envolver os meus pais na situação, Preston ocupara a minha mente durante toda a semana após o desastroso jantar. O tom de voz suave ao pedir que não retornasse para a mesa, as carícias amorosas e o brilho nos olhos. Tudo aquilo que imaginei ser direcionado para outra mulher, uma outra Elizabeth.  

 Cada momento em que tentei afirmar para mim mesma que não era necessário haver uma conversa, que seguiria em frente sem precisar ouvir o que Preston Hawkins tem tanto para falar, a insegurança me dominou com força. Me tornar uma megera não está entre a lista de propósitos para a vida, sofrer com a dor de um coração partido e manter algum tipo de mágoa por sua covardia também não. Demorei dias para deixar o orgulho de lado e admitir que ele tinha a completa razão em insistir em mais um encontro.  

Não quero sentir vontade de fugir ao nos esbarrarmos em um algum evento, tampouco imaginar as coisas que poderia ter ouvido sair de seus lábios. Então hoje, depois de mais de uma hora encarando o telefone, de costas para a linda e inspiradora hora do dia, resolvi ligar para o celular do homem mais bem-sucedido do estado da Califórnia. 

Segurando o aparelho contra a orelha, encarei os meus pés descalços apoiados na mesa de centro da sala, enquanto espero que atenda a minha ligação. Levou cerca de 30 segundos para que acontecesse. Hawk soube quem estava do outro lado da linha. 

- Alexia? É você? 

Prendi a respiração por alguns segundos diante de seu tom de ternura, lutando contra o instinto de encerrar a ligação. 

- Sim, sou eu. 

Graças a Deus. – o ouvi soltar um suspiro – Não tenho me separado do telefone desde o nosso último encontro. 

Num gesto nervoso, comecei a enrolar e desenrolar uma mecha de cabelo em torno do dedo indicador, ao mesmo tempo em que ergo o rosto para o teto. Desejei que o seu lado grosseiro viesse à tona, tornando a situação mais fácil de lidar. 

- Precisamos acabar logo com isso, Preston. 

Tentei demonstrar o máximo de tranquilidade, como se não me sentisse atraída, afetada e completamente louca por ele. Tal como trataria de um negócio. 

- Quando podemos conversar? Estou disponível para você a qualquer hora e em qualquer lugar. 

Fechei os olhos amaldiçoando sua nova postura, a disponibilidade, o carinho, o cuidado que foi limitado há alguns meses. Seria pedir demais que ele se comportasse como um verdadeiro cretino? Um Preston Hawkins sem vícios, mais que continuasse a ser um garanhão? A cada minuto o meu nível de coragem diminuía e os segundos de silêncio se prolongaram, transformando-se em minutos constrangedores. 

- Algum problema? Se quiser ligar em outra hora, eu entendo. 

Balancei a cabeça quase em pânico, pois, se não resolvêssemos hoje, é bem provável que não lhe daria outra oportunidade e dessa forma passaria o resto da vida imaginando o que não havia sido contado. Ele seria apenas uma lembrança dolorosa e mal resolvida do passado. 

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