CAPÍTULO 5

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Seria mentira se eu dissesse que Preston mudara e se tornara um homem mais gentil, porque a verdade é que ele continuou sendo mais grosseiro ainda, principalmente quando estava sob o efeito da droga. Ao menos ele foi gentil em não usar aquela porcaria na minha frente e sempre se certificava de não haver nenhum rastro do pó branco no seu nariz. Também não houve mais modelos russas loucas para terem um pouco de fama. Admito que até agora tenho ressentimento sobre esse episódio e uma parte de mim espera que uma hora ou outra apareça mais um escândalo como esse, além de ter a difícil tarefa de lidar com o cinismo dele no momento do confronto.

Continuei a cumprir minha agenda de eventos e campanhas, tendo o privilégio de encontrar "por coincidência" o Preston durante algumas festas. Foi desafiador me controlar para agir como se não o conhecesse mais do que as manchetes diziam. Não tive muita dificuldade em fingir na maioria delas, pois sentávamos em mesas separadas e confesso que comecei a me sentir menos preocupada após a terceira festa sem trocarmos uma palavra. Entretanto, em um desses encontros "ocasionais", ambos fomos colocados na mesma mesa e ele sentou justamente na cadeira ao lado da minha.

Lembro-me com clareza o sorriso que estampava seus lábios ao abrir os botões do terno antes de se acomodar ao meu lado, ao mesmo tempo em que cumprimentava as quatro pessoas que ocupavam a mesa e por fim, decidira me encarar com uma simpatia forçada.

- Boa noite, Srta...

Fingiu não me conhecer por completo, fazendo o rosto de cada pessoa do nosso pequeno público ser tomado por uma expressão estupefata, afinal, para eles isso é algo impossível de acontecer. Contudo, eles esquecem que o homem de olhos frios dá atenção apenas para as mulheres que procuram dinheiro e fama.

- Armstrong. Alexia Armstrong. – completei tentando parecer o mais natural possível.

- Acho que vi o seu rosto em algum outdoor espalhado pela cidade e me sinto na obrigação de ressaltar que você é muito mais bonita pessoalmente! – olhou para o homem careca do outro lado da mesa, acompanhado de sua esposa mais nova – Como estão os negócios, Kendrick?

O homem, que já ficara tenso só com a presença do Preston, agora o rosto tingira de vermelho diante da pergunta dirigida em sua direção e demorou muito tempo para soltar uma resposta tão pequena.

- Está tudo ótimo.

- Entendo. – curvou a cabeça para o lado, como os cachorros fazem quando olham com curiosidade para alguém, focando a atenção na esposa do homem careca – Esposa nova? Talvez seja como dizem por aí. Que amor é a solução para qualquer problema!

Por sorte eu ainda não tinha começado a tomar o vinho delicioso que o garçom havia servido, do contrário teria engasgado ao escutar seu comentário carregado de ironia. Principalmente no momento em que acrescentou:

- Os meus negócios também estão indo de vento em popa e não é por causa de amor, nem nada do tipo. – esperou o garçom servir uma dose de whisky e sorriu – Passo tanto tempo me empenhando para domar a mulher com quem estou saindo, que acabo indo de bom humor para o trabalho e ainda faço ótimos investimentos.

Num gesto automático, abaixei a cabeça para que ninguém percebesse as minhas bochechas coradas e agarrei a taça de vinho para recuperar o autocontrole, com o único objetivo de não me importar com as indiretas. Interpretei como um jogo, mas o tom cínico que usa, demonstra que tem um motivo por trás daquela postura. Então nesse instante, o outro homem sentado ao meu lado – muito mais jovem que o careca e o Preston – acompanhado de sua irmã mais nova, resolveu se intrometer na conversa.

- No seu caso a frase muda para "O sexo é a solução para qualquer problema".

- Philip... – sua irmã o repreendeu, bastante constrangida.

SHADES OF COOLWhere stories live. Discover now