CAPÍTULO 7 - PARTE 1

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O interior da casa, ou melhor, da mansão consegue ser tão espetacular quanto à vista da praia de cima da montanha e condiz exatamente com a personalidade da proprietária. Pela sala de estar há dúzias de souvenires de suas viagens pelo mundo, tapetes persas cobrem o chão extenso, as cortinas combinam com a variedade de tons dos tapetes e os móveis rústicos, combinando com todos os adereços espalhados. Muitas pessoas diriam que tantas cores tornaram o ambiente confuso, mas para mim, é um espetáculo e posso identificar as pequenas coisas que fazem de cada ambiente, uma parte da cultura de cada país que Fay pôs os pés. Uma mansão riquíssima em cultura.

Após me mostrar a sua casa e contar algumas histórias curiosas sobre as suas viagens, ela me guiou até a cabana onde Preston e eu ficaremos, que na verdade era uma cabana de luxo. Com paredes de vidros direcionadas a paisagem extraordinária do mar, mais tapetes persas, lareira, banheira de hidromassagem próxima a cama – localizada no segundo andar. No momento em que voltamos para o térreo, Preston entrou na cabana com os cabelos despenteados e parecendo um pouco agitado.

- Procurei vocês por toda a parte. – disse fechando a porta atrás de si – Mostrou tudo para ela, Fay?

A mulher de cabelos loiros balançou a cabeça, concordando.

- Só falta ela tomar um banho de mar amanhã!

- Gostou do lugar?

A pergunta foi dirigida a mim, no entanto os olhos negros se voltaram para a parede de vidro, se concentrando na imensidão do oceano iluminado pelo céu estrelado.

- É um verdadeiro paraíso particular! Você está de parabéns, Fay.

Um sorriso gentil tomou conta do seu rosto ao encarar a amiga.

- Obrigada, Alexia. – limpou a garganta – Bem, por que vocês não vão tomar um banho enquanto começo a preparar o jantar?

Abri a boca para oferecer ajuda e assegurar que tenho alguns dotes culinários. Contudo, antes que pudesse falar, o Preston se intrometeu para comentar:

- Só espero que não seja aquela gororoba da última vez!

Fiquei constrangida diante da sua falta de tato em expressar sua opinião em voz alta, mas o choque passou logo em seguida quando a Fay gargalhou alto. Lembrei-me que havia dito que a conhecia desde a infância, então é claro que está acostumada com sua sinceridade, suas mudanças de humor frequentes e problema com as drogas.

- Não é gororoba, meu amigo! Era uma comida típica da índia e é uma delícia!

- A quantidade de pimenta fodeu com a minha garganta, Fay, não sei como consegue comer aquilo.

Preston caminhou até o sofá e se acomodou, colocando os pés sobre a mesa de centro.

- Esqueci que você não tem um paladar refinado. – ela o alfinetou rindo e deu dois passos em direção a porta da cabana – Agora tenho que ir preparar o jantar ou vamos passar a noite toda discutindo sobre a culinária indiana!

- Gostaria que eu a ajudasse, Fay?

Os dois me olharam surpresos como se não esperassem que fosse tão prestativa e isso não me fez sentir ofendida, afinal, lidei com esse tipo de pré-conceito a vida inteira. Para as pessoas que não conhecem a Alexia Armstrong de verdade, antes mesmo de se apresentarem, já tem uma lista de opiniões ao meu respeito e nenhuma delas é no sentido positivo. Filhinha de papai, sem cérebro, viciada em cirurgias plásticas, arrogante e a lista só aumentou através dos anos. Muitos acreditam que uso o trabalho voluntário para me auto promover e não por sentir a necessidade de ajudar as pessoas menos favorecidas, assim como os animais abandonados. Tudo o que faço – segundo a impressa – é apenas compromissos que o agente coloca na minha agenda com um intuito de passar uma imagem de boa moça. Portanto, é normal que Preston e Fay fiquem surpresos em saber que faço algo além de pousar para câmeras.

SHADES OF COOLWhere stories live. Discover now