CAPÍTULO 4

580 68 54
                                    


Os dias que passei com os meus pais não foram o suficiente para matar a saudade que sinto deles, mas me ajudou a recuperar o equilíbrio que perdi desde que conheci o Preston e o seu lado autodestrutivo, que acaba destruindo quem está por perto. Ainda não o odeio, muito menos desejo o seu mal depois do modo como me tratou. É totalmente o oposto. Torço para que deixe qualquer que seja a mágoa no passado e que largue as drogas, que um dia causará a sua morte.

Precisei inventar uma boa desculpa para o papai sobre o motivo da minha rápida visita, afinal, ele sabe que a sua filha jamais retorna para casa sem terminar de cumprir seus compromissos e se for contar a quantidade de contratos que tenho, é bem provável que eu permaneça em São Francisco por mais de um ano. Não quis contar sobre o Hawkins para o protetor Tristan Armstrong, por ambos serem de ramos bem parecidos e eu não quero estragar a oportunidade de um dia quererem fazer negócio um com o outro. Então somente a minha mãe sabe do nosso envolvimento e isso me fez chegar à conclusão de que sou uma pessoa bastante solitária, porque não consegui pensar em ninguém mais em quem eu confio para falar sobre esse tipo de coisa. O mundo no qual nasci, cresci e convivo, é preciso tomar cuidado do que se fala e com quem conversa, pois alguém pode acabar com a sua reputação inventando mentiras em cima das verdades confessadas. Se alguém soubesse que Alexia Armstrong faz parte da lista interminável de amantes do Preston Hawkins, tudo se tornaria insuportável! Não é questão de sentir vergonha em assumir que dormi com ele – longe disso – apenas tenho consciência de que isso não afetaria só a mim, mas aos meus pais também.

A viagem de volta a São Francisco foi tranquila, o meu coração estava leve no retorno. O CEO viciado já é considerado passado e agora o plano é depositar todas as minhas energias na montanha de trabalho que tenho para o resto ano. Dane-se se aquele idiota está transando com as mulheres mais oportunistas da Califórnia.

No momento em pus os pés para fora da aeronave, fui avisada que alguns paparazzi estavam à minha espera – feitos tubarões esperando sua presa, e como sempre, eles deixaram a gentileza de lado, me encurralando o máximo de tempo possível. Confesso que não sei qual o interesse em mim, pois em toda a minha vida jamais dei motivo à mídia para começar essa perseguição. Se pelo simples fato de ser filha de Juliette e Tristan Armstrong já causava esse burburinho. Imagina se soubessem dele, o homem de olhos frios? Às vezes eu desejo deixar isso tudo para trás. Controlei-me para não xingar os malditos por bloquear meu caminho até o táxi.

Somente após 10 minutos respondendo as suas perguntas com resmungos de "sim" e "não" e com o auxílio dos seguranças do próprio aeroporto, pude entrar no táxi. Assim que o motorista acelerou falei qual o endereço e me recostei no banco de couro com um suspiro, tentando voltar ao bom humor de 15 minutos atrás. Durante o percurso até o meu prédio tive uma conversa tranquila e animada com o taxista, que conseguiu me contar boa parte da sua vida nesse curto trajeto. Contou o quanto ama a esposa e tem orgulho do filho ser um fuzileiro, profissão que o mantém longe do caminho ruim. Quem dera lidar com pessoas tão simples e sinceras quanto ele todos os dias!

Soltei um suspiro desanimado no momento em que estacionou o carro em frente ao prédio, onde ainda continha algumas lembranças muito fortes do Preston e que seriam difíceis de lidar em primeiro momento, entretanto, com o tempo acabariam não me perturbando mais. E é assim que a vida continua.

Desci do carro e esperei que o Martin – o taxista – pegasse as minhas malas e antes que se oferecesse para levá-las até o hall do prédio, fui logo recusando a gentileza com delicadeza:

- Muito obrigada, mas hoje eu estou pensando em carregar um pouco de peso! – ele riu.

Como um pai faria para ajudar o filho, o gentil homem colocou a alça da bagagem de mão nos meus ombros, a posicionando num modo que não caísse e levantou a alça da bagagem maior de rodinha, trazendo-a até a minha mão estendida.

SHADES OF COOLWhere stories live. Discover now