CAPÍTULO 6

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Nas semanas que se seguiram houve momentos em que odiei o Preston e os que o adorei, como quando ele apenas ficava em silêncio na escuridão do quarto depois do sexo. Discutimos várias vezes por conta da sua grosseria sem tamanho e também adicionei uma clausula ao nosso acordo verbal que o proibia de usar drogas na minha frente. Portanto, ele se certificava de alimentar o seu vício antes de me encontrar ou simplesmente dizia que ia ao banheiro, contudo pelo modo que fungava na volta, era certo que tinha acabado de cheirar pó.

O que importa é que ele não usava mais aquela porcaria na minha frente, certo?

Além de ter que lidar com todos esses lados complicados da sua personalidade, o fotógrafo insuportável da minha nova campanha publicitária de sapatos, ainda tive que recusar todos os presentes caros que Preston trouxe em cada semana. Brincos e pulseiras de diamantes, vestidos exclusivos, sapatos de valores exorbitantes e até chegou a me oferecer um carro. Ele sentiu frustração ao ver seus presentes recusados. Pela primeira vez desde muito tempo.

- É falta de educação recusar presentes, Alexia. – reclamou jogando a grande caixa de veludo na mesinha de centro da sala do meu apartamento.

O sofá afundou ao meu lado no momento em que se acomodou, colocando os pés apoiados sobre a mesinha.

- Uau! O modelo exemplar de educação me cobrando.

Meu comentário saiu sem querer, o que o deixou mais carrancudo.

- Vai te foder, garota! – resmungou entre os dentes.

- Ama-me menos, Preston, por favor.

Há algum tempo passei a não me sentir ofendida pelas coisas que saem da sua boca e as minhas respostas passaram a ser espirituosas, mais carinhosas do que ofensivas, fazendo-o ficar automaticamente relaxado com um sorriso malicioso em seus finos lábios.

- E não é que conseguiu encontrar uma outra forma de me fazer relaxar? Admito que gosto mais da outra forma, é claro.

Revirei os olhos diante da sua mania de lembrar ou levar sempre para o lado sexual em todas as conversas. Se pudesse, passava o dia inteiro na cama e mesmo no fim do dia, ele ainda teria fôlego para mais um round intenso.

- Como se eu já não soubesse disso...

- Garota esperta! – bagunçou meu cabelo como um irmão mais velho faria – Ainda quero te presentear com algo, Alexia.

Fiquei de pé ao mesmo tempo em que solto um suspiro alto e cansado, indo em direção ao minibar localizado no canto direito da sala, com a intenção de me servir com uma dose de whisky. A vontade exagerada de querer me dar um presente e a atitude insuportável do fotógrafo durante a tarde estavam me irritando ao extremo, mas ao contrário da minha situação com o idiota do Jamie Foster – onde um contrato me impediu de socar a cara dele – com o Preston é fácil de resolver esse probleminha. Não quero joias, roupas, automóveis ou qualquer porcaria dessas, apenas desejo uma coisa que resolveria meu estresse que tanto o Jamie quanto o Hawkins estão causando.

Tomei um grande gole do whisky e bem como o próprio Preston me ensinou, não fiz careta quando o liquido passou ardendo pela minha garganta, ocasionando-o a dar um sorriso aprovador ainda sentado no sofá. Então apoiando as mãos no balcão, curvei o corpo para frente ao dizer:

- Tem algo que pode fazer por mim.

O vi erguer as sobrancelhas de modo curioso e surpreso com a minha repentina mudança de postura.

- Verdade? Diga-me o que quer e já pode considerar seu desejo realizado.

Sem tirar os olhos dos seus, terminei de beber com um último grande gole do que servi e coloquei o copo de volta ao balcão com firmeza.

SHADES OF COOLWhere stories live. Discover now