Capítulo 11

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Uns dizem que é melhor um covarde vivo do que um herói morto, porém, se todos se calarem e aceitarem as situações desumanas, de onde irá surgir a fagulha que desencadeará o início da mudança?

A chuva ácida ainda banhava todos, mas nada disso importava para os competidores, um espetáculo muito maior os entretia.

Eles observavam tudo com incredulidade, ninguém esperava que alguém fosse tão tolo ao ponto de tentar assassinar o vice presidente. Tola, era assim que a intitulavam naquele momento, não enxergavam coragem ou ousadia, enxergavam alguém sem um pingo de noção assinando a sentença de sua própria morte.

Tudo aconteceu tão rápido que foi difícil acompanhar os acontecimentos.

—Ou você se afasta de mim ou sua mãe irá arcar com as consequências! — Adolf vociferou.

Sharaene não retirou o vidro de seu pescoço, porém sua mente se tornou uma confusão enquanto decidia o que fazer. Um lado seu almejava tirar a vida de quem fazia mal a tantas pessoas, mas seu lado racional gritava que isso a condenaria, condenaria sua mãe que estaria sozinha no mundo, queria gritar e fugir de tudo, mas na situação em que se encontrava essa opção nem existia.

— Será prazeroso para mim ver sua doente mãe ser fuzilada na frente de todos da mesma forma que ordenei que fizessem com seu pai. — dessa vez o vice presidente mantinha um sorriso sádico enquanto ditava sua ameaça.

Ele jogou baixo, uma jogada tão suja! Rodolpho observou ele finalizar o xeque mate. Conhecia Sharaene, sabia melhor do que ninguém que falar sobre seus pais mexia com seu psicológico.

O pedaço de vidro caiu da mão da menina, seu rosto havia obtido uma coloração extremamente pálida, o medo de algo acontecer com sua mãe fazia ela se sentir como se tivessem enfiado uma faca em seu coração.

— Pede para seu defensor soltar as adagas, se não ele também morre. — Adolf sussurrou para que somente ela pudesse escutar.

Na primeira tentativa estava tão desesperada que abriu a boca várias vezes e não conseguia emitir nenhum som.

— Por favor, Rodolpho, abaixe suas armas. — quando conseguiu de fato falar sua voz saiu falha e chorosa, o peso da atitude que acabará de ter começava a pesar em sua consciência.

Com relutância ele abaixou as adagas.

Agora uma arma era apontada para sua cabeça e outra para de Sharaene.

O jogo havia se virado novamente, os pequenos peões haviam perdido.

— Prendão eles! — Adolf ordenou. - Os demais, voltem para os caminhões, a competição está encerrada.

Ambos foram algemados e eram empurrados em direção a um veículo. Rodolpho não se importava com isso, sua preocupação toda estava voltada para Sharaene, desejava poder mudar tudo e não ter ela passando por aquela situação.

Ela, por sua vez, se sentia péssima. Havia colocado tudo a perder, só tinha aquela chance de salvar sua mãe e tudo tinha ido por água abaixo. Adolf conhecia sua família, sabia do estado de sua mãe e desejava com todas as suas forças para que ele não cumprisse sua ameaça. Não se arrependia de ter tirado as pessoas daquele jogo inútil, porém aquela atitude quase custou tudo que possuía.

Foram jogados com brutalidade na traseira de um pequeno caminhão.

Rodolpho observava Sharaene que mantinha seu olhar perdido encarando o nada, desejava poder a abraçar e sumir com todos os problemas dela.

Ele se arrastou pelo caminhão que já estava em movimento até chegar ao lado dela, não conseguia a abraçar, porém estar com o corpo ao lado do dela já era um conforto para a jovem.

SOBREVIVA ATÉ O SOL NASCER [CONCLUÍDA/ EM REVISÃO]Where stories live. Discover now