Capítulo 30

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As pessoas gostam de se mostrarem fortes o tempo todo, porém isso é somente uma grande tolice.

Enquanto Winton não voltava, Sharaene se perguntava há quanto tempo já estavam naquela competição. Pensava que mais de um dia, ou talvez fossem somente horas, nem possuía mais noção do tempo.

— Aqui! — o menino exclamou enquanto entregava as coisas a ela.

Era notável o medo e tristeza em sua expressão, porém ele tentava não deixar transparecer, era tão orgulhoso quanto eles.

Ela encarou a agulha e linha, Winton também havia trago a pomada e álcool. Primeiramente derramou um pouco de álcool na ferida, o que fez Arion gemer.

— Não sei como fazer isso. — ela confessou.

— Você não sabe costurar? — ele indagou.

Sharaene riu de nervoso, queria que todos seus problemas se limitassem a não saber costurar.

— Eu sei, Arion. — ela respondeu seriamente. — Só não sei costurar pessoas.

— Se você não quiser, eu faço. — Winton se ofereceu.

— E você sabe? — ela indagou.

— Não, porém posso aprender agora, não vai doer muito nele. — respondeu com um sorriso maldoso.

— Pensei que você era uma criança bondosa, vejo que estava enganado. — Arion resmungou.

Sharaene observava a ferida, era um corte fundo e saía muito sangue. Apesar de Arion não demonstrar, sabia que doía muito e que não podia perder tempo.

— Vou costurar!— exclamou convicta, não podiam perder tempo.

— Você tem certeza? — ele perguntou. — Não é falta de confiança, só não quero que você faça algo que depois venha mexer com seu psicológico.

Ela teve vontade de dar uma resposta irônica, seu psicológico já estava destruído, mas se limitou a somente assentir.

— Melhor você começar logo, a dor está fazendo ele fazer umas caretas e ficar ainda mais feio. — Winton zombou.

Tanto Sharaene quando Arion já haviam percebido que o menino tentava fazer piadas pois estava mal.

— É impossível ele ficar mais feio. — Sharaene falou entrando na brincadeira.

Arion levantou uma sobrancelha a encarando.

— Caso a senhorita cega tenha esquecido, precisa costurar minha perna.

Winton começou a rir e sentou ao lado deles, todos faziam o máximo para ignorar tudo que havia acabado de acontecer.

— Já vou, senhor feiúra. — ela resmungo.

Colocou a linha na agulha com facilidade, porém quando chegou com ela próxima à ferida sua mão começou a tremer.

— Winton, acho que será você que me ajudará. — Arion provocou.

Sabia que precisava ferir o orgulho dela para a mesma ignorar sua insegurança.

— Eu consigo! — ela exclamou irritada.

Com cuidado e ao mesmo tempo com rapidez para provar que conseguia enfiou a agulha.

Arion fechou os olhos e mordeu o interior de sua boca tentando conter o grito.

— Vejo que você não é tão forte quanto aparenta. — ela zombou.

Não fez aquele comentário com intenção de o diminuir e sim para o fazer esquecer de sua dor.

SOBREVIVA ATÉ O SOL NASCER [CONCLUÍDA/ EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora