Capítulo 41

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— Tem uma caixa lá no campo com o seu nome. — Winton falou. — Mas não me parece algo bom.

Sharaene nem escutou a última frase que o menino falou, somente se levantou e correu. Se sentia desesperada, algo a incomodava, sabia que tinha a ver com aquilo.

Quando ela chegou na saída do dormitório enxergou uma caixa de madeira no centro do campo. Ao olhar para aquilo ela se arrepiou. Notou de longe que a frase escrita na tampa estava em vermelho. Com passos rápidos e receosos caminhou até lá. Uma fraca chuva caía, Sharaene nem deu importância para aquilo, queria somente ver o que existia lá dentro.

Quando chegou até a caixa e leu o que estava escrito sentiu medo do conteúdo. "Um presente para minha competidora favorita: Sharaene". O que lhe causou medo não foi a frase e sim que ela estava escrita com sangue. Quando retirou a tampa não teve outra reação a não ser cair de joelhos soltando um enorme grito de pavor.

Dor. Era isso que sentia de uma forma absurda, seu coração parecia ter sido esmagado naquele momento, seu mundo realmente havia acabado. Não tardou para os soluços altos começarem, lágrimas desciam com intensidade, até a chuva parecia sentir sua dor ao se intensificar. O mundo parecia cair ao seu redor em forma de tempestade, ventos fortes pareciam vir de todos os lados, o cenário estava uma loucura. Mas nada, nem a chuva, nem o vento, nada era tão devastador quanto o que ela encontrou na caixa, nada nunca a destruiria tanto quanto aquilo. A cabeça de sua mãe estava ali, como da mesma forma que viu no holograma e com um tiro na testa. Dentro um papel estava escrito: Isso é para você sentir tanta dor quanto um dia eu senti. Aquilo não fazia sentido e no momento ela não estava a fim de entender.

Qualquer pessoa que pudesse ver aquela cena a acharia macabra, ou talvez, extremamente triste. Sharaene abraçava a cabeça de sua mãe como se aquele gesto pudesse a trazer de volta; a deixar inteira novamente. Naquele momento ela chorava por sua mãe, chorava por aquela estúpida competição, chorava por todos que morreram, chorava por si mesma que havia acabado de morrer.

Sua mãe era tudo que realmente tinha no mundo, a única pessoa que ela tinha certeza que nunca a abandonaria ou a trairia, que estaria sempre com ela a amando independente de qualquer coisa. A pessoa mais importante de sua vida agora estava morta. Ela não passou pelo momento de negação, aliás era impossível negar uma morte quando você encontra a cabeça da pessoa. Se sentia culpada, acreditava que sua mãe só estava morta por ela ter entrado naquela maldita competição! Talvez sua genitora vivesse por mais alguns anos mesmo doente, talvez ela conheceria seus futuros netos, frutos de seu provável casamento com Rodolpho. Perdeu tudo que tinha por uma passagem para Potissimum.

— Eu preciso ir até lá. — Winton falou pela milésima vez a Zafrain que o segurava.

— Você não entende. Ela precisa enfrentar isso sozinha, ter alguém por perto não a ajudaria em nada nesse momento. — o mais velho disse.

Arion escutou o grito de Sharaene e naquele momento teve certeza que tinha algo errado. Sua perna estava em um estado lamentável, a ferida estava de uma cor bizarra, com certeza se fizesse mais alguma loucura teria que a amputar, mas não conseguiria continuar ali. Quando tentou se levantar caiu com força contra o chão, se sentia um inútil naquele momento, não podia ficar ali jogado. Reunindo toda sua força ao máximo se levantou sentido todo seu corpo fraquejar. Estava bem longe da saída do dormitório, então se forçou a correr. Quando chegou lá encontrou Zafrain segurando Winton e umas outras pessoas olhando para fora. Naquele instante percebeu que poucas pessoas haviam sobrevivido à última prova, nem todos tiveram coragem de escolherem a si mesmos.

— Onde está Sharaene? — ele perguntou.

— Você não deveria estar aqui. — Zafrain advertiu.

— Ela está lá! — Winton respondeu apontando para fora, queria que alguém a ajudasse.

SOBREVIVA ATÉ O SOL NASCER [CONCLUÍDA/ EM REVISÃO]Where stories live. Discover now