Capítulo 15

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A vida é isso, um jogo onde tudo sempre pode piorar na jogada seguinte.

— Um nome? Isso é tudo que você tem para me dizer? — ela indagou irritada.

Arion a olhou com indiferença e não respondeu.

Com pouca delicadeza guardou a arma e pegou na perna da menina, o que lhe causou dor. Não havia percebido o quanto sua perna doia até aquele momento, a adrenalina havia a anestesiado.

— O que você vai fazer? — ela perguntou, não sabia nem o porquê de ainda não ter se levantado e corrido dali, aliás o homem que matou o amor da sua vida estava bem na sua frente

Novamente nenhuma resposta veio. Ele tirou de seu bolso um canivete, Sharaene rapidamente tentou puxar sua perna, porém ele segurava com força.

— Fique quieta garota! — ele pediu, raiva era nítida em sua voz.

Em um ato rápido ele passou o canivete no que sobrou da calça.

— Olhe isso.

Meio receosa olhou.

— Isso não faz muito sentido. — ela falou em um sussurro.

Sua perna só possuía algumas perfurações de dentes profundas que sangravam, porém aquilo deveria estar pior, muito pior.

— Isso deveria no mínimo ter causado um enorme estrago na sua perna e não somente simples perfurações.

Arion estava certo, aquilo não fazia muito sentido.

— Talvez seja sorte. — Sharaene falou sem saber muita o que dizer. Sua mente estava em outro lugar, um lugar bem longe dali.

— Você acredita em sorte? — ele indagou enquanto cortava um pedaço de pano da toalha da mesa.

— Eu preciso acreditar. — foi tudo que respondeu.

Arion pegou uma garrafa de água que estava jogada pelo chão, não tinha remédios nem nada do tipo naquele momento, então aquilo deveria servir.

Com um pouco mais de cuidado ele lavou o ferimento dela, o que a fez soltar um baixo grito. Sharaene se sentia desconfortável, não confiava nele, não gostava da sua aproximação, algo dentro dela gritava que tinha algo muito perigoso por trás daquela ajuda.

— E você? — ela perguntou.

— Eu acredito em Deus, milagres e tudo mais.

— O que é isso? — indagou confusa, nunca havia ouvido falar sobre aquilo.

Quando Potissimum foi criada, todo e qualquer tipo de religião e adoração a Deus foram proibidas. No começo ninguém se importou com a proibição, porém as mortes começaram. No início as pessoas eram sentenciadas a prisão, mas logo o governo mudou sua tática para enforcamentos em praça pública, chicoteamento até a morte, entre outros tipos de torturas mortais. Apesar de tudo algumas famílias, em segredo, foram passando de geração em geração sua fé.

— Em outro momento lhe explico, mas acredito que isso que a fez não perder sua perna.

Ouvir aquilo incomodou ainda mais a jovem, não desejava ver ele em outro momento, quando aquela prova acabasse iria salvar sua mãe e nunca mais o veria.

— Pronto! Tente andar agora. — ele pediu enquanto finalizava o estranho curativo, que se limitava a um pano bem amarrado ao redor de sua canela.

Quando Sharaene tentou se levantar, apesar das fisgadas de dor que sentia, conseguia permanecer de pé sem muito dificuldades.

— Muitos morreram facilmente, por que não eu? — ela perguntou em um sussurro para si mesma.

— Heróis nunca morrem no início. — Arion sussurrou e saiu andando.

SOBREVIVA ATÉ O SOL NASCER [CONCLUÍDA/ EM REVISÃO]Where stories live. Discover now