CAPÍTULO 06 - BÊBADOS SEMPRE CAEM

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-Érik – me disse Joana – você chegou cedo hoje...

-Sim, sim – respondi sorridente – eu fui liberado mais cedo da aula

Na verdade eu saí mais cedo da aula. Passei ontem o dia inteiro de ressaca depois de ter ligado para Senhor Marinho e...

Eu não quero lembrar disso.

Saí da aula cedo, por isso.

-Bem, senhor Marinho disse para você passar no RH antes de entrar na sala dele – ela pontuou.

-Certo... – respondi sem entender.

TSK! Imagino que deve ser mais umas de suas artimanhas para me fazer de idiota. Eles devem me entrevistar novamente para poder tirar mais informações de minha vida íntima. Querem saber se minha mãe é alcoólatra? Querem saber o que eu sinto por ter passado por um luto com a morte de meu pai? O Que querem saber? Vejamos o que eles têm para dizer agora.

No atendimento do RH informei que meu chefe pediu para comparecer, eles me atenderam de forma muito gentil. Entrei em uma sala e uma mulher esquisita cheia de trecos pelo corpo me informou o que o RH queria comigo: eu estava demitido... Eu perdi o estágio que estava ajudando minha mãe a suprir a casa.

Mas que merda.

Não me disseram o porquê, talvez tenham dito, mas eu não consegui entender mais nada que a mulher falou. Ela fez algumas perguntas, e minha mente estava confusa.

Como eu irei me manter em casa com minha mãe? Esse estágio iria servir para futuros empregos, os quais eu terei que procurar para poder colocar comida em casa... Como eu iria viver agora desse jeito? Dizem que empresas não contratam estagiários que tiveram seus contratos cancelados assim... Era para eu estar estagiando até o final do ano letivo... Mas como... eu...

Alex Marinho... Ele está envolvido nisso, com toda a certeza.

Eu falei a mulher que eu tinha que ir. Eu fui até o escritório dele e entrei. Ele vai me pagar... Eu juro que ele vai se arrepender de ter feito isso comigo, eu juro... Nem que eu tenha que tirar outra foto dele vestido de mulherzinha e expor para essa companhia inteira. Ele vai me pagar!

Tivemos uma pequena discussão, ele... acabou me colocando mais baixo que o chão... Além do mais, ele me comparou com uma bixa... Ele... Eu... Eu gozei naquela situação... Mas... eu estou com tanta raiva.

Os dias passaram e eu estava na cama, trancado no quarto, roubando bebidas de minha mãe e misturando. Ela saia, fazia a comida, fazia compras, bebia à noite e depois chorava até o sol nascer. Eu não consegui ir para a escola, por mim a bolsa que se dane... Minha vida acabou...

Era sexta-feira, estava nublado. Eu não sei se tomei banho esses dias... Apenas sei que alguns colegas estiveram aqui nesse interim. Quando você dá uma chance à vida, e tenta continuar, sempre vem alguma coisa em seu encontro para te colocar para baixo... Sempre... Como foi que esses coroas conseguiram passar por isso mesmo? Será que tiveram uma vida luxuosa que nem meu pai? É até engraçado... Droga...

-Seu chefe está aqui, Kinho, você não disse que foi demitido? – minha mãe bateu à porta.

Merda! Falando no diabo fazer visitas... Eu levantei da cama em um pulo. Mesmo tonto, eu conseguia ficar de pé e me equilibrar um pouco.

-Manda ele ir... – ia gritando

-ÉRIK, não faça uma cena, cale essa boca e abra a porta agora! – minha mãe me repreendeu – Ele é um homem gentil que veio na sua casa te visitar, faça-me o favor de sair desse quarto!

Droga.

Eu saí rangendo os dentes.

Eu estava desgrenhado, com um short curto e folgado, sem cueca, com uma camiseta escura e uma meia, no é direito.

FemmeWhere stories live. Discover now