CAPÍTULO 23 - OUTROS RUMOS (II)

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-E seu noivo, já sabe? – a voz da corretora soou pelo carro e eu choquei minhas costas no assento da frente, quase mordendo a boca.

-Mas você não me explicou sobre o encanamento de água e gás... – Alex falou trêmulo – Ah, não é gás...

Eles continuaram... Chegamos 20:20, era o melhor horário que ele conseguiria fazer. A corretora estava um pouco estressada, enquanto eu estava tentando entender a coisa do “noivo”.

-Já são quase duas horas extras para fecharmos esse negócio Senhor Marinho – disse ela – Espero que esteja tudo certo.

-Mas claro que está... eu tenho metade do valor em cash querida – ele disse arrogante – mas, a gente pode ver o decorado?

-Você sabe que esse decorado está dando o que falar... como projetaram um decorado de um triplex... como assim? É um escândalo, não é? – ela disse teatralmente.

-Sim, posso até imaginar... – ele respondeu.

-Então faremos o seguinte, enquanto espero a proposta da arquitetura enquanto a decoração do interior, eu vou preenchendo no meu Pod suas informações e vocês vão ver o decorado, certo? Eu vou ficar na sala – respondeu ela tomando nossa frente e pegando as chaves.

-Mas não são chaves, não é? – perguntou Alex.

-Não – respondeu sorrindo – as chaves aqui são apenas para o decorado, você terá sua fechadura eletrônica.

Entramos no decorado e a corretora foi correndo para o sofá da sala se sentar e fazer o trabalho dela com os documentos do Alex... Ele entrou falando algo sobre estar se preparando para algo assim há anos, e de conhecer esse empreendimento há um ano... Os olhos dele brilhavam como nunca vi. Ele olhava para as coisas e para mim como se fosse uma criança de oito anos... Como se tivesse recebido no natal um carrinho feito de palito de dente e caixa de fósforo, mas foi do pai que ele ganhou... de um pai que ele não vê há um ano... Imagino que para uma criança isso é como ganhar o maior tesouro na vida... A presença do pai no natal e alguma coisa ridícula que ele trouxe para ela, apenas para dizer que lembrou dela.

Eu não sabia que ele conseguia fazer esse tipo de expressão... Meu coração estava disparado e eu queria arrancá-lo de dentro de mim para socá-lo.

Eu mal prestei atenção na casa... estava hipnotizado por Alex... Eu sei que o quarto principal é extremamente espaçoso; a divisão do banheiro em si com o quarto era uma parede de vidro opaco e grosso... A banheira era tão espaçosa que dava para uma pessoa inteira deitar, mas era estreito. Tinha varanda acoplada... Dava para sair do banheiro (e do quarto) para essa varanda, de uma forma com que eu não fazia menor ideia. Havia uma jacuzi na varanda... bem, no caso a jacuzi era de isopor, assim como a banheira, pois era um decorado que estávamos visitando.
A sala era imensa, e ia até o teto do terceiro piso, que tinha uma piscina de borda infinita... Os quartos eram no segundo piso, embaixo apenas tinha um quarto de visitas, sala, cozinha, banheiro de visita... Tinha espaço para fazer estufa no terceiro piso... haviam quatro quartos no segundo piso, enormes... Alex falou sobre um ser de visitas, um nosso e outros dois poderíamos juntar e fazer um escritório bastante grande, ou um escritório apenas e uma sala multimídia... Nesse escritório ficaríamos para estudar ou trabalhar em silêncio...

Bem, preferiria um escritório apenas... já era muito grande, dava para ficar em um canto da sala e ele em outro.

Droga, já estou conseguindo nos visualizar.

-O que achou? – ele disse
Estávamos na área da piscina... falando baixo... Ele extremamente feliz, e eu confuso.

-Me diz o que achou Érik – ele insistiu com um sorriso no rosto.

FemmeWhere stories live. Discover now