☀️ 24

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Brian Littrell

Quando as aulas acabaram, a Nancy não estava nem no prédio ou no lado de fora. Eu e Nick ficamos procurando por ela por quase uma hora pelas redondezas e nada.

— Nickolas. — Viramos para trás e era o senhor Carter. — Vamos pra casa.

— Pai, a Nancy sumiu! — O loiro diz completamente preocupado. — E o que faz aqui?

— Eu e a sua mãe viemos renovar a sua matrícula para o terceiro ano adiantado.

Ele parecia estar mentindo.

— Me desculpe, mas eu só vou voltar pra casa quando eu encontrar a minha irmã. — Disse dando uma meia volta. — E podem jantar sem mim.

— Você vai voltar com a gente, Nickolas. Deixe que o seu querido cunhado se vire sozinho, já que é o responsável de ter colocado coisas na cabeça da minha filha.

— Tenho certeza de você tem haver com esse sumiço dela, você quer que ela seja uma filha perfeita, mas ela sempre foi e o senhor nunca prestou atenção nisso! — Digo mantendo aonde eu estava para não acabar acertando nele. — Eu vou procurar ela sim, porque eu realmente me importo com a Nancy, já que isso deveria ser o seu papel, mas é um pai irresponsável e arrogante. Deus me perdoe, porém eu duvido muito que se ela morresse não iria cair uma gota de lágrima dos seus olhos, senhor Carter! Ela não merece ter você como um parente.

Ele ficou em silêncio, menos mal. Dei meia volta e fui andando para outra escadaria que dava no portão principal e saí andando sem rumo pra ver se eu acabaria me encontrando com a Nancy.

Eu já estava próximo da Conney Island e a minha consciência fez com que eu entrasse lá, começando a andar um pouco mais devagar. E assim eu me deparo com uma figura loira comendo um enorme algodão doce.

— Nancy! — Dou uma corrida até ela que estava cabisbaixa. — Garota, você deixou eu e o seu irmão te procurar feito loucos! O que houve para sumir assim?

— É uma longa história, Brian. — Afirmou olhando pra mim. Ela tava chorando. — E eu não tô pronta para contar isso a você agora.

— Tem haver com aquela carta? — A loira assente. — Conte quando puder okay? Vamos pra casa.

Andamos vários quarteirões para chegar lá e o tempo estava ficando mais fechado. Eu fiquei surpreso por cair gota d'água e não neve, logo aqui em NYC. Como estávamos despreparados, ficamos debaixo de uma parte da entrada de uma loja chique e essa chuva só tinha a tendência de piorar cada vez mais.

— Brian, aquele teste... — Lhe dou a maior atenção, vendo os seus olhos marejarem. — Era lá de Harvard.

— Harvard? Pra quê?

— Pra ganhar a bolsa integral de qualquer curso que for estudar lá e... — Inalou e exalou profundamente. — Eu passei, mas... isso é o de menos.

— É melhor a gente ir andando, senão vamos chegar tarde. — Envolvo o meu braço sobre a sua cintura e fomos andando debaixo daquela tempestade. — Então, tem alguma coisa que te incomoda por causa desse teste?

Ela assentiu, me abraçando de lado.

Ficamos andando em silêncio, na minha opinião, a Nancy estava procurando uma forma para me explicar de um jeito claro pra mim. E foi tanto tempo sem falar nada, que faltava pouco para chegarmos em casa.

Até que,

— Eu fiz sem saber e eu nem iria fazer esse teste, é o que me deixa chateada por saber que foi aquele imbecil que me inscreveu havendo nenhuma dúvida de que eu iria passar e ficar longe de você. É isso o que ele quer, ele não faz a ideia do quanto eu me senti mal ao descobrir que foi ele quem colocou a carta na minha bolsa! — Disse um pouco acelerada começando a soluçar em desespero. — Brian, você não sabe o temor que senti quando abri aquele pedaço de papel e saber dias depois do que se tratava! Eu não quero ficar longe de você.

— Calma, vai dar tudo certo. — Digo e parei de andar. — Olhe pra mim, Nancy. Você não precisa se precipitar tanto assim, foi só mais um ato do medíocre do seu pai. Desde que eu te conheci, eu via uma garota responsável, inteligente, divertida, amável e ainda por cima independente. Por que você está tão abalada com isso se sabe que pode dizer não?

Ela se aproximou de mim e pegou no meu rosto, tirando as gotículas que se acumularam em minhas sobrancelhas.

— Porque ele sempre soube que eu queria ir pra lá. — Respondeu olhando em meus olhos. — Desde que eu tinha uns oito anos. E ele estava apto de que era isso o que eu queria, eu só falava de lá dias antes das aulas começarem, bem antes de você ter aparecido na minha vida.

— Então...?

— É, eu tenho que aproveitar essa oportunidade. — Disse encostando a sua testa na minha. — Me desculpe.

Eu a abracei repentinamente, bem apertado no caso. Isso foi pior do que a história da Stacy e do AJ, eu não estava preparado para que um dia, a Nancy acabasse ficando longe de mim.

— Você vai realizar o seu sonho, não precisa se desculpar. — Me afasto olhando para a loira. — Você vai pra Harvard! É uma chance em milhões e conseguiu, eu estou feliz por você, Nancy.

Carter sorriu fracamente olhando para o chão. Ela sabia que eu iria sentir a sua falta quando estivesse em Massachusetts no segundo semestre de 1997. Mas eu estarei bem por ela mesmo assim, não importa a distância.

— É, Brian. — Assentiu ficando do meu lado. — Vamos pra casa antes que fiquemos doentes.

Horas depois de ter tomado aquela chuva congelante, fizemos questão de tomar um bom chocolate quente na lareira, parecia que era véspera de natal. Quando já era madrugada, eu perdi o meu sono e ela dormia profundamente em seu canto, quase toda desconjuntada.

Do nada veio algo em minha mente que me motivou a levantar, acender a luminária e começar a escrever sem corrigir nada.

Talvez possa ser uma amostra que eu posso mandar para uma academia de letras.

The OneWhere stories live. Discover now