Chegando ao fim de uma noite turbulenta, o recinto se acalmou. Os pássaros eram os únicos a propagar um pequeno sussurro através dos caminhos de terra que interligavam a ilha. Tirando isso, apenas o silêncio.
Famílias e viajantes preparavam-se para deixar a ilha após o anoitecer, na enorme balsa que partiria perto das nove horas da noite. Ninguém poderia relatar com certeza tudo o que aconteceu naquela semana, mas sabiam que alguém naquela ilha era responsável pelos crimes sem resposta.
Entretanto, embora a dor da perda e as sequelas de um evento traumático não pudessem ir embora tão cedo, eles não tinham um rosto ou um nome a quem culpar. O caso do assassino mascarado em Shallow Wood fora marcado por "em andamento", como se ainda estivesse sendo investigado, segundo o xerife Tom. Mas ele mesmo sabia que talvez nunca descobrisse quem fez aquilo.
Além disso, assim que deixassem a ilha os visitantes não passariam a história adiante por muito tempo. Seria notícia nas cidades próximas por algumas semanas e depois cairia em um poço de esquecimento. Ninguém perguntaria sobre as vítimas ou sobre o tal Fantasma Negro nunca encontrado. Geralmente pesadelos tendem a serem esquecidos o mais rápido possível por aqueles que o vivem. Aquela não seria a primeira vez em Shallow Wood.
Pousada Woodhouse, 26 de dezembro, 07:30 da manhã.
As quatro mulheres permaneceram sentadas naquele sofá de cor vermelha durante o resto da madrugada. Não tiveram coragem de pregar os olhos e muito menos de descansar em um dos dormitórios depois do que aconteceu com Rose. Estavam cansadas, mas tinham tanto medo que as dores em seus corpos e a ardência ocular eram simplesmente esquecidas.
Então, uma batida na janela logo após o amanhecer. Kendra não disse nada, apenas levantou com dificuldade e se dirigiu até a porta de entrada — o que sobrou dela — sem demorar muito. Era Tom Colleman, estranhamente a primeira visita que não lhes causaria medo em doze horas.
— Kendra? O que foi que aconteceu com sua roupa? — ele esgueirou seus olhos pelo vestido manchado de sangue da mulher e, logo após, deu falta da porta de madeira. — Na verdade... o que houve com todas vocês? Aconteceu algo de ruim esta noite?
— Não está claro, xerife? — a loira revirou seus olhos. — Fomos atacadas pelo Fantasma Negro. Temos sorte de estar aqui... quase todas de nós.
— Eu quero ouvir sobre essa história. — o homem a seguiu até a sala de estar, presenciando a cena desgastante de três mulheres visivelmente traumatizadas no sofá, uma delas inconsciente. — Meu... Deus. Pode me explicar do começo?
— A dama francesa ali chegou à pousada na metade da noite. — Kendra apontou para Beatrice com pesar em sua voz. — Disse ter perdido Scarlett de vista enquanto corriam na floresta. Depois disso o pesadelo começou.
— Espera. Estava com Scarlett Cortez na noite passada? — ele se virou para a ruiva.
— Estava. Deixamos o restante do grupo quando nos separamos no festival. Então, quando cheguei aqui, os barulhos começaram. Recebemos uma ligação e depois alguém entrou na casa. — explicou Beatrice, aflita.
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Shout, Run, Survive [CONCLUÍDO]
Horror"É como um jogo de xadrez. A diferença é que, a cada peça que você mexe, alguém pode morrer. Ou ser salvo. Está em suas mãos." Jesse Greene acaba de desembarcar na pacata cidade de Rainwood, onde o sol nunca pôde ser forte o suficiente para suprir t...