"Começo a pensar que você talvez nem mesmo exista."
- C.
Estação ferroviária de Gravewood, 06 de março de 2018. Quase 09:00 horas da manhã.
O bilheteiro terminara de verificar todos os passageiros no terceiro vagão quando se virou para a porta de entrada e assustou-se. O trem estava pronto para partir, mas havia uma garota do lado de fora. Parecia apreensiva com seu bilhete de embarque em mãos, provavelmente estava esperando por alguém.
— Senhorita, você não vai subir? Precisamos partir. — perguntou educadamente.
— Eu... eu... — ela ergueu sua cabeça, desperdiçando a atenção que mantinha ao corredor da estação. — Desculpe. O que foi que disse?
— Eu disse que estamos partindo agora. Você vai subir, ou precisa de alguma coisa? — insistiu o homem de uniforme e chapéu.
— Eu não posso. Desci no último trem, mas... não posso ir sozinha. Estou esperando por alguém. — ela sorriu e apresentou o comprovante da viagem.
— É claro! Eu entendo. — o funcionário retribuiu o sorriso e depois puxou uma alavanca que indicava o sinal ao motorista. — Até mais, senhorita Petit. — leu seu sobrenome no bilhete.
Então aquela enorme máquina sustentada por rodas pesadas e oscilantes decidiu partir — quase com atraso. E a moça francesa, com seu vestido cor de rosa beirando o concreto frio da estação, continuava aguardando ansiosamente por alguém. Infelizmente era alguém que nunca chegaria.
— Onde você está, Asher Nollback? — sussurrou preocupada, com suas mãos quase amassando o papel.
Pousada Woodhouse, 03 de janeiro de 2020. Início da madrugada.
O corpo dela se desfez em pedaços quando atingiu um emaranhado de rochas pontudas sobre a areia úmida. Seu vestido se rasgou na queda, o cabelo quase foi separado do corpo e suas mãos e pés congelaram com a água fria e escaldante. Ela morreu.
Ainda na beira daquele buraco escuro e sem fim, Johnny precisou ser amarrado sob os braços do xerife Tom e do seu filho, pra que não cometesse o mesmo que Penny. Ele continuou gritando, se contorcendo, chorando por mais alguns minutos dentro daquela floresta vazia e ninguém poderia impedi-lo de sentir a falta de sua própria irmã.
Um tempo depois aqueles hóspedes retornaram para a pousada — a maioria deles — sem dizer uma palavra sequer. Isso porque não tinham o que falar, o que sentir. Adentraram o salão principal e trancaram a porta, como Frankie pediu. Agora que os barulhos no céu haviam se instalado de vez e a chuva começara a cair sobre a ilha de novo, tinham a certeza de que uma tempestade estava chegando.
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Shout, Run, Survive [CONCLUÍDO]
Horror"É como um jogo de xadrez. A diferença é que, a cada peça que você mexe, alguém pode morrer. Ou ser salvo. Está em suas mãos." Jesse Greene acaba de desembarcar na pacata cidade de Rainwood, onde o sol nunca pôde ser forte o suficiente para suprir t...