"Começo a pensar que você não se lembra mais de mim. E se for verdade, vou ser o homem mais triste do mundo."
- C.
⚠ Este capítulo conta com um aviso de conteúdo sensível e talvez não tão confortável à leitura.
Hotel da ilha de Shallow Wood, 01 de janeiro de 2019 — Durante a última tempestade.
Ela sabia que não deveria ter feito aquilo. Se tivesse esperado um pouco, talvez para sempre, a pessoa de quem mais gostava não estaria em silêncio agora. Se arrependia inteiramente por tê-la beijado tão rápido e ainda mais por ser quem era.
Agora a sala de música era ocupada por um silêncio mortal. Jackie havia se aproximado da grande vidraça e tentava não pensar no que aconteceu, enquanto Cindy terminava de limpar os últimos instrumentos, do outro lado da sala, sem querer encontrá-la em seu olhar.
— Está piorando lá fora. — a loira tentou quebrar a parede silenciosa entre elas e agarrou a cortina com a mão esquerda, escondendo a terrível tempestade do outro lado.
— Dane-se, Jackie. — um suspiro de desaprovação e então Cindy se levantou, caminhando até a porta da saída. — Vou me juntar aos outros no térreo. Aproveite a sua noite sozinha.
— O quê? Não... não, espera! Eu sinto muito, Cindy. — sussurrou a última afirmação, sem ter coragem de dizer em voz alta. — Tome cuidado. Use as escadas, o elevador pode... esquece. — Jackie debruçou-se sobre a cadeira quando percebeu que estava sozinha naquela sala de novo.
Então se deu conta de que deixou ir a única pessoa que gostaria de ter por perto. E, como se não fosse suficiente, sabia que Cindy provavelmente iria encontrar-se com Brett. Ela o odiava por isso. Jackie podia jurar que se o visse naquela noite...
— Jackie! — a voz masculina irritante invadiu seus ouvidos quando ela atravessava o corredor. — Como vai?
— Brett. — murmurou, com desgosto. — Não é a melhor noite da minha vida. Só isso.
— Eu sinto muito. Bem, sabe onde a Cindy está? Disse que me encontraria no térreo, mas acho que acabou se atrasando. — o rapaz passou a mão sobre seus cabelos e depois olhou para o relógio em seu braço.
— Eu não sei onde ela está. Não me importo, na verdade. — era mentira. Se importava muito mais do que ele.
— Certo. Então... tenha uma boa noite. — Brett deu de ombros e se dirigiu até a porta do elevador.
Enquanto ele caminhava para longe, a dançarina pensou em virar-se e avisá-lo que a tempestade era perigosa. Utilizar o elevador em uma noite daquelas poderia causar a morte daquele rapaz, e isso era verdade. Mas por outro lado, talvez em um exagero de ódio e rancor, Jackie afirmou para si mesma que não se importaria em ver o corpo daquele garoto sendo cortado ao meio.
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Shout, Run, Survive [CONCLUÍDO]
Horror"É como um jogo de xadrez. A diferença é que, a cada peça que você mexe, alguém pode morrer. Ou ser salvo. Está em suas mãos." Jesse Greene acaba de desembarcar na pacata cidade de Rainwood, onde o sol nunca pôde ser forte o suficiente para suprir t...