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[ Olivia Carrington ]

Sophie. Este é o primeiro nome que vem em minha mente. Essa cadela acha que não entendo o que ela vive falando sobre 'não se faça de sonsa, eu sei o que você tá aprontando'. É claro que sei que ela se refere ao meu caso com Shawn, mas no fundo eu só não queria acreditar... Eu sou uma burra por ter me envolvido com meu psicólogo e ter deixado isso tão exposto.

"Shawn, eu acho que foi a Sophie."- Murmuro.

"É óbvio que foi ela, isso se não tiver dedo do Aaron no meio dessa história."- Ele bufa - "A melhor coisa que podemos fazer agora é nos afastar, e também quando voltar as aulas."- Seu tom de voz é baixo e triste.

"Eu sei. Precisamos aguentar firme, até a formatura, aí estarei livre."

"Se não conseguirmos parar, teremos que nos encontrar APENAS no consultório, e sem sexo, para ter certeza de que não descobrirão."- Ele ri.

"Ai, Shawn. Só você para conseguir rir numa situação dessas."

Depois de mais alguns minutos em ligação, desliguei e fui tentar dormir, porque conseguir seria difícil...


NA MANHÃ SEGUINTE, decidi ajudar Olga a fazer compras no mercado, na tentativa de me distrair um pouco. Shawn disse que passaria dois dias em Pickering, com sua família. E eu, curiosa, pedi que me mandasse fotos deles.

"Mas então, Olivia... Está gostando de alguém?" Olga brinca, chamando minha atenção, enquanto olhava a prateleira de molhos do estabelecimento.

"Por que acha isso?" rio junto a ela.

"Você não tira os olhos desse celular, quando chega mensagem fica toda feliz!" ela me olha, dando um sorriso confortante.

"Hmm" Olho para os lados, sorrindo "Talvez..."

Ela para o carrinho de compras e me abraça, rindo.

"Sua avó ficaria tão feliz. Amamos você, Olivia, e se você está feliz assim, nós da sua casa também estamos. Não vou te pressionar para me contar nada, se sinta livre!" Ela volta a segurar o carrinho, o empurrando.

"Vocês estão comigo há tanto tempo... São minha família." falo me referindo aos empregados de minha avó, no geral "Vou esperar as coisas se ajeitarem melhor, aí te conto tudo!"

O restante da manhã foi preenchido com conversas jogadas foras e piadas. Já de tarde, penso em ligar para Shawn.

Caminho lentamente até a porta de casa, a cruzo e respiro fundo o ar puro do meu enorme jardim. Enquanto caminho pelo mesmo, teclo o número de Shawn no telefone. O pouso na orelha.

"Oi" Falo mansinho e baixo.

"Oi, amor. Como você está? Eu tava agora mesmo digitando seu número."

"Estou bem, obrigada por perguntar. E você? Já chegou em Pickering?"

"Estou ótimo. Acabei de chegar, aí tive que ficar um pouco com a família, me desculpe por demorar pra te ligar."- Posso senti-lo sorrir ao falar de sua família.

"Ta tudo bem, amor... Como eles estão? Imagino que Aaliyah estava com saudades do seu café." Relembro o que ele disse em nossa primeira consulta.

"Estão bem"-Ele ri- "Aaliyah? Estava quase morrendo, agora ela tem a quem perturbar e pedir café."

De repente, um silêncio se instaura na ligação, ouço-o respirar fundo e logo voltar a falar.

"Você ainda está pensando naquela carta, não é?"

"Sim, Shawn. Estou me esforçando ao máximo para não deixar isso me abalar, mas estou me sentindo ameaçada."- Me sento na grama macia e passo a mão nas flores.

"É porque você está sendo ameaçada, mesmo."- Ele manda a real.- "Mas não ocupe sua mente com esses pensamentos, Olivia... É só tomarmos cuidado e darmos um tempo enquanto estamos no colégio."

"Que estranho... Nem começamos a ter algo direito e já vamos dar um tempo."- Falo baixinho, como algo que gostaria de manter para mim mesma. Na minha cabeça está remoendo o fato de que ainda não houve uma conversa que definisse oficialmente o que somos, e com isso, minha ansiedade teimava em dizer que era porque Mendes não iria querer nada sério com uma adolescentezinha.

"O que você quer dizer com isso?"- Retrucou rapidamente.

"Nada, eu apenas-"-Minha explicação é interrompida por sua voz me cortando.

"Olivia, eu não estou fazendo isso porque quero, mas sim porque penso em nosso futuro. Se você quer ter um futuro nosso, deveria entender a gravidade do assunto. E como assim 'nem começamos'? O que tivemos até hoje então não significou nada?"

Fico em silêncio e reflito sobre a fala desnecessária que dei. O que Shawn acabou de dizer entrou em meu coração com certa dor, mas sei que não foi por mal.

"Você entendeu completamente errado, Shawn..."- Vejo Olga aparecer no jardim, fazendo um sinal com as mão para que eu a seguisse- "Tenho que desligar, me desculpe, eu sou um lixo e só falo besteira."

Desligo a chamada e fico estática encarando a tela e pensando que, se eu não fosse burra, aquilo nunca teria saído da minha boca. Mas o problema é que a ansiedade me faz desconfiar demais, sentir demais e querer explicações demais. Sim, eu estou feliz com como as coisas entre eu e Mendes estão indo, mas o fato de não estarmos em algo sério é o que matutava em minha mente, por conta da ansiedade. Pensar demais dói.

Eu pensava, que talvez fosse algo passageiro. Meu primeiro amor. Poucos acertam logo de cara, na primeira tentativa, e a verdade é que eu temia que as coisas desmoronassem e eu não conseguisse superar e seguir em frente.

Balanço a cabeça e começo a seguir Olga, que agora me conta que queria minha ajuda para cozinhar os doces favoritos de minha avó.

E assim sigo, com a mente a milhão, pensando no que Shawn iria me responder se eu não desligasse assim, na cara dele...

PARADA Psychologist » {Shawn Mendes}Where stories live. Discover now