Capítulo 3. Vulto na noite

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Lavínia estava cada vez mais perdida. Ela não sabia o que pensar e não se sentia nada bem. Apaixonou-se por um estranho que nem se quer mostrava seu rosto.

Não tinha vontade de ver a ninguém, precisava de um tempo só para ela e decidiu se isolar por alguns dias.

Andreia viajou por um tempo e Lavínia para aproveitar sua depressão disse a Amanda que viajaria também para ver seus pais em sua cidade natal. Ela então desligou seu celular e ficou sozinha em casa e de companhia, Alfredo, seu peludo gato.

Várias perguntas e deduções próprias lhe vieram à mente. "Por que Ethan não me mostra seu rosto? Sofreu algum acidente grave e tem vergonha por isso? Ethan seria mesmo seu nome? E porque disse que me gostava de mim, para me ligar ainda mais a ele?" ― Talvez precise mesmo viajar, pensou ela ― e antes de enlouquecer.

Lavínia preparou um chá bem quente e tratou de se relaxar. Como a lua cheia daquela noite estava muito bonita, ela chegou até a janela do seu quarto no segundo andar para vê-la melhor e a admirou por algum tempo. Quando ela olhou para a rua do outro lado da calçada, viu um vulto que a observava, e se escondia na sombra de uma árvore. No reflexo, ela se escondeu atrás das cortinas e no mesmo instante o homem sumiu. Ela já havia se esquecido de que Ethan conhecia seu endereço. Então ele sabe onde encontrá-la e esse choque de realidade é uma mistura de medo, desejo e com toque de mistério que a cada dia mais a atraía. Essa perseguição estava a deixando desorientada, pior que não poderia dizer a ninguém, pois não haveria quem a entendesse. Lavínia sente o prazer de quando Ethan a procura, mas ainda precisava de respostas.

Passados os dias e todas as noites já viraram rotina o espiar de Lavínia pela janela em busca do vulto atrás da árvore. Mas ele não apareceu mais. Ela ligou o seu telefone, mas também não havia novidades. Pela manhã ela procurou por quem a perseguisse no parque, Ethan não apareceu. Então ficou a tarde toda olhando o número registrado como estranho em seu celular, mas não teve coragem de ligar.

No final da tarde, a jovem precisava muito ir à faculdade, mas seu carro não deu partida. Andreia havia acabado de chegar de viagem e mesmo cansada ofereceu carona para Lavínia até uma pracinha próxima do Campus, já que ela iria para outro lugar e não queria pegar o trânsito de frente da faculdade.

Lavínia se despediu de Andreia que a deixou no local combinado e seguiu seu caminho.

Quando a jovem estava para alcançar o centro da pracinha. Ao que parecia com passadas largas, Ethan a alcançou de surpresa como de costume:

― Posso te fazer companhia? ― Ethan perguntou a Lavínia que quase desmaia de susto.

Ela se recompôs e depois balançou a cabeça no sentido de que ele não tinha jeito mesmo e respondeu com um sorriso o cumprimentando. Ele então pediu:

― Não se assuste comigo dessa maneira, é porque não tenho muito jeito com as pessoas. Eu sou estranho assim mesmo ― ele respondeu parecendo estar mais aberto ao diálogo.

Ela concordou com ele a respeito de ele ser estranho agora o fato de não se assustar era impossível. Começando pelas suas calças jeans rasgadas no joelho, cabelos enormes escondendo o rosto e bem mal colocados dentro do capuz. Ele se parecia com um cantor de punk rock e era realmente uma pessoa sinistra. E pelo incrível que parecia Lavínia se encantava cada dia mais com aquele sujeito.

Com um único olho que ele a encarava ele perguntou como tinha sido a viagem dela. Ela respondeu que foi tudo bem e estranhou ao mesmo tempo o porquê de ele saber de sua vida e ao questioná-lo Ethan fugiu novamente do assunto:

― Não vá para sua aula agora, fique um pouco mais comigo ― ele pediu a Lavínia.

Ela concordou em ficar com ele, afinal precisava conhecer mais sobre a "figura". Então sem delongas ao se sentar com ele mais adiante no banco da praça, ela perguntou:

― Ethan, porque você esconde seu rosto, por que não permite que eu veja você? ― ela já se remoía de curiosidade.

Ele não respondeu de imediato, acendeu um cigarro e depois de pensar um pouco, disse:

― Eu não gosto muito de contato com as pessoas e então me acostumei a vestir dessa maneira ― Ethan respondeu de forma rápida não dando brechas para mais questionamentos.

Lavínia ainda não conformada disse que parecia que ele se escondia dela e Ethan respondeu que no tempo certo ela saberia de tudo. Então ela disse em tom mais sério sem deixar de reparar na reação dele:

― Se você não confia em mim, assim fica difícil confiar em você ― Lavínia foi direta nas palavras.

Ethan jogou o cigarro no chão depois da última tragada e se levantou colocando-se de pé na frente da jovem e encarava a boca dela. Lavínia ficou inquieta e ele respondeu:

― Você não está me vendo agora? ― ele questionou a jovem, fazendo graça.

Lavínia então começou a tirar as madeixas de cabelos da frente do rosto dele e Ethan para impedi-la a virou de costas para ele e começou a beijar o pescoço dela. Ela estremeceu e ele sussurrou no ouvido da jovem:

― Amanhã às vinte horas no Lorde Hotel ― disse Ethan a Lavínia.

Depois ele se soltou dela e saiu andando sem olhar para trás e sumiu como apareceu. Lavínia ficou chamando por ele e ele nem se quer olhava para trás seguindo pela praça e ao mesmo tempo ela sentiu vergonha ao ser encarada pelos populares que por ali estavam.

Na faculdade Lavínia encontrou com Amanda e como não se viam há alguns dias, a amiga já foi contando tudo desde a vida pessoal até a vida escolar delas, dos dias em que esteve fora, como se Lavínia estivesse mesmo viajado.

Depois de um tempo, Amanda quis saber por que Lavínia parecia estar tão perdida e com os pensamentos ao longe, e ela respondeu que tem um namorado, mas que era complicado e que depois falaria mais sobre ele.

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