Capítulo 12. Perseguição

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Aos poucos as atividades do dia-a-dia de Lavínia foram voltando à rotina normal e correr no parque era o que mais lhe fazia falta. Esse período nebuloso já deveria acabar e não via a hora de ter Felipe junto a ela novamente.

Ela colocou seu fone de ouvido com suas músicas preferidas e começou a correr no parque. Os agentes de Wesley aos poucos foram sendo menos disponibilizados, afinal a família não parecia correr mais tanto riscos de vida. O agente não conseguiu acompanhá-la na corrida pela sua forma física e ela até sorriu da situação, quando ele ficou ofegante para trás.

Assim enquanto ela corria, lembrava-se do lindo sorriso de Felipe e do olhar tão profundo que não conseguia escondê-los, nem quando precisou fazer isso. Ela suspirava e pensava o quanto o amava.

Respirar o ar natural pela manhã era um refrigério para a alma de Lavínia e ao se exercitar se esquecia dos problemas. Exercitava seu corpo e sua mente concomitante.

Ela se distraiu de tal forma que até se esqueceu das pessoas a sua volta e do agente que nunca a alcançava.

Lavínia parou de correr um pouco perto dos bosques para tomar um fôlego e se alongar. Ela não havia notado antes e quando percebeu a aproximação de um homem estranho e de cabeça baixa, ela ficou inquieta. A jovem já havia perdido o agente de vista e tentava disfarçar.

Ela então começou a se afastar do local e o homem arregalou os olhos, olhando por detrás dela. Quando Lavínia se virou para trás bateu seu rosto contra o peito de Felipe, que apontava uma arma para o sujeito estranho e ordenou:

― Fique longe dela ― Felipe encarava o sujeito que também levou a mão à cintura, provavelmente armado.

Lavínia estava feliz por ver Felipe, mas também tensa com a situação do reencontro.

O agente ainda de longe gritou fazendo o sujeito se distrair. Em seguida, ele sacou sua arma em direção ao casal e em um movimento rápido, Felipe se jogou com Lavínia por de trás de umas rochas que decoravam o bosque. O homem atirou e Felipe revidou.

As pessoas do parque corriam desesperadas. O cenário de filme foi aterrorizante e parecia que os tiros contrários iriam acertar os jovens a qualquer momento.

O homem se afastou um pouco e quando viu a aproximação do agente de Wesley e antes de sair correndo entre as árvores, ameaçou a Felipe dizendo que eles não iriam escapar.

Felipe puxou Lavínia pelo braço e saíram correndo pelo bosque até o limite onde havia um buraco na tela que cercava o parque de umas das principais vias da cidade.

O trânsito estava cheio, mas foi preciso atravessar entre os carros que buzinavam e quase chegaram a ser atropelados. Felipe pedia para Lavínia correr o mais rápido possível, pois o tal sujeito ainda os perseguia.

O homem estranho entrou em um carro quase em movimento na avenida, enquanto outros carros engavetavam e se batiam, tornando o trânsito caótico naquele momento.

Felipe e Lavínia atravessaram o canteiro central da avenida e os criminosos começaram a atirar na direção deles. Lavínia gritava por Felipe e ele só dizia para ela continuar a correr. Os agentes receberam reforços e ao ouvir as sirenes da polícia, o casal se escondeu. Os criminosos aceleraram seus carros sem destino e logo atrás deles passaram na avenida a polícia e os agentes.

Felipe tomou um tiro de raspão no braço. E Lavínia o tentava alertar diante da resposta dele que ficaria bem. Ele então levou Lavínia até o outro quarteirão do centro da cidade, onde propositalmente ele deixou um carro de modelo antigo à espera deles.

O rapaz dirigiu em alta velocidade e os levou para uma estrada vicinal não muito distante da cidade. Lavínia pegou uma camisa velha que estava no carro e amarrou no braço de Felipe para estancar o sangue enquanto ele dirigia.

Eles pararam no matagal ofegantes pelo ocorrido. Então olharam um para o outro e ao mal se falarem começaram a se beijar compulsivamente. Não permitiram que a adrenalina daquela perseguição se esfriasse e aproveitaram o momento em um misto de amor e saudade que não conseguiam se desgrudar e então se renderam ao desejo de estarem ali juntos.

Após o finalmente, e quando enfim se acalmaram, conseguiram se olhar melhor e conversar.

Felipe disse que estava sempre em contato com o detetive Wesley repassando informações e buscando ainda mais provas contra Rubem, porque os advogados do criminoso já estavam para colocá-lo em liberdade. Contrariando a Wesley que sugeriu que não se aproximasse de jovem por questões obvias, segundo Felipe, seria inevitável e precisou sempre estar por perto à espreita para proteger a Lavínia e a família Meireles conforme eles precisassem.

― Eu sabia que aqueles agentes não conseguiriam protegê-la ― disse Felipe sorrindo ao ver a feição satisfeita da garota.

Felipe percebeu que Lavínia estava sendo seguida no parque mesmo com a presença do agente da polícia. O sujeito estava disfarçado, mas o rapaz já o conhecia. Ele respirou fundo e continuou:

― Não podemos continuar aqui, eles sabem que estamos por perto ― disse Felipe a jovem.

Ela abraçou forte a seu amor e perguntou:

― E o que vai ser da gente, Felipe? ― perguntou Lavínia sem obter respostas.

Felipe dirigia o carro por algumas horas e já estávamos bem longe de casa, sempre por estradas que não fossem as principais. Lavínia não sabia ao certo para onde iriam, mas não se importava desde que estivessem juntos. Ele estava pensativo e parecia estar muito preocupado, então a jovem perguntou:

― Quando vamos falar com a Amanda e seus pais para dizermos que estamos bem? ― Lavínia perguntou a Felipe.

Ele deu uma rápida olhada para ela e continuou dirigindo.

Chegaram a um hotel de beira de estrada. Eles desceram do carro e Felipe se registrou no lugar com outro nome, com documentos falsos e pagou em dinheiro a estadia. Ao entrarem no quarto, ele pediu que Lavínia descansasse e ela notou que ele estava desconcertado então ela perguntou:

― Tem mais alguma coisa acontecendo? ― Lavínia quis saber o que perturbava Felipe.

― Perdoa-me por te fazer passar por tudo isso ― ele pediu se lamentando.

― Eu sempre quis saber mais de você, quanto mais se escondia mais eu queria desvendar você. Quando fugia de mim era eu quem te procurava. Eu desejo você desde o primeiro dia que te conheci, Felipe ― ela se justificou para o rapaz.

Ele a olhou e tocando em seu rosto disse:

― Eu tentei poupá-la de tudo, da minha vida sem sentido, do meu mundo obscuro. Mas, foi inevitável, eu precisava saber que estava bem e querendo me afastar de você, acabei por me aproximar ainda mais. Nunca conheci ninguém que fizesse minha vida fazer tanto sentido como você faz, Lavínia ― Felipe declarou para a jovem.

Ela não conteve as lágrimas e abraçou mais uma vez:

― Isso tem que acabar, eu quero que fique comigo ― a jovem fez o pedido.

Ele enxugou as lágrimas do rosto dela e disse com semblante mais sério:

― Eu prefiro que você fique segura e comigo você vai estar sempre em perigo ― recomendou Felipe.

Ele se afastou de Lavínia e foi até a janela do quarto observando o horizonte e ele continuou a dizer:

― Falta pouco, Lavínia e então ficaremos juntos ― ele disse ao receber um abraço pelas costas da jovem.

― Deixe que eu te ajude ― pediu a jovem.

Felipe virou-se para a jovem e disse balançando a cabeça no sentido de negativo:

― Você tem sua faculdade, sua carreira e sua vida não poderão parar em função da minha. Fique com minha família, eles te darão proteção e, por favor, não saia de casa sozinha ― orientou Felipe.

Lavínia não se conformava em ficar longe de seu amor e ele continuou dizendo:

― Essa vida que levo não foi feita para você. Eu estou tentando consertar tudo, mas preciso que você esteja bem. Leve o tempo que for, mas, por favor, tenha paciência ― pediu Felipe a jovem.

Ele vendo que não a convencia, afinal, de nada importava todas as outras coisas para ela a não ser ficar com ele. Felipe não se justificou mais e calou a boca dela com um longo beijo.

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