Já tarde da noite e depois das aulas cansativas da faculdade, Lavínia não pensaria em mais nada naquele momento a não ser tomar um bom banho relaxante e antes de se deitar tomar uma caneca de chá quente.
Quando ela acionou o controle remoto para abrir o portão e guardar o seu carro na garagem de casa, ela viu o vulto de Felipe saindo de trás das árvores, ele estava apreensivo, com uma mochila nas costas e cabelos bem mais curtos que o usual. Ele atravessou a rua ao encontro de Lavínia e fez um pedido:
― Preciso conversar com você, é importante ― Felipe disse aparentando ser uma urgência.
Ele olhava para todos os lados certificando de que não estava sendo seguido. Lavínia assustada pensou: "O que será dessa vez?" Mas já estava ansiosa para ouvi-lo.
A jovem levou-o até seu quarto, até então não sabia ao certo se Andreia estaria em casa. Ele estava nervoso e ao se sentar na cama de Lavínia começou a falar:
― Escute, vou ter que sair por algum tempo da cidade ― disse Felipe ainda ofegante porque estava correndo minutos antes.
Lavínia o questionou e queria saber tudo o que ele escondia dela. Ele pediu por calma e disse que lhe contaria tudo desde o começo e depois de beber água que a jovem lhe ofereceu, ele finalmente se abriu:
― Eu a vi a primeira vez num sábado à noite já algum tempo atrás ― Lavínia fez uma cara de quem que já sabia e ele continuou ― Naquela noite te doparam com uma droga pesada e suas colegas todas muito loucas a deixaram sozinha. O Rubem se interessou por você e pediu que eu a levasse para a casa dele ― Lavínia ficou chocada com o que ouviu e ele continuou ― eu vi que você não é tipo de garotas que ele tinha e pela primeira vez na vida contrariei uma ordem de Rubem. Levei você comigo até o Lorde Hotel e cuidei de você até se sentisse melhor ― completou o rapaz.
Lavínia ouviu toda a história com tamanha aflição, esperando o desenrolar daquela confusa noite de sábado. E ele continuou dizendo ao pegar na mão dela que descansava ao seu lado:
― Eu nunca te faria mal, você estava ali tão frágil e indefesa. E ao olhá-la de mais perto percebi ao tocá-la no rosto o quanto você é linda ― ele fez uma pequena pausa ― então, percebi que você era minha e não de Rubem que somente a destruiriam como ele sempre faz ― Falou com rancor na voz.
Lavínia soltou sua mão de Felipe e se levantou da cama, ficando de costas para ele.
― Você mentiu esse tempo todo ― ela disse com certa amargura, por mais que ele esteja sugerindo que a defendeu.
― Eu precisei poupá-la desse mundo no qual eu vivo ― ele disse após um suspiro.
E como Lavínia não o olhava mais nos olhos ele continuou a dizer:
― Quando cuidei de você no Lorde Hotel, eu comecei a sentir por você algo que nunca havia sentido antes e cada dia que passava eu sentia mais a necessidade de te proteger― Felipe se levantou e abraçou a jovem pelas costas e ela estremeceu ao fechar os olhos.
O perfume do corpo dele a invadia e dizer que a amava foi como música para seus ouvidos. Ela se virou e deu-lhe um beijo demorado, em seguida colaram as testas, afastando-se os queixos e ele confidenciou:
― Você correspondeu a mim, Lavínia. Eu não entendo como teria se esquecido daquele nosso momento e desse dia em diante eu percebi que muitas coisas deveriam ser mudadas em minha vida e por sua causa ― Felipe continuou a se declarar.
As peças daquele obscuro sábado foram se encaixando aos poucos e as memórias começaram a voltar na cabeça de Lavínia. Não teriam sido somente ilusões, assim como que sentia por Felipe depois daquela noite. Ela o acariciou o rosto dele e o beijou novamente. Depois ela se deitou no peito dele e disse:
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Um Amor Peculiar
General FictionUm sentimento, desejos e mistérios dominaram a mente da curiosa Lavínia. O que aconteceu naquela noite de Sábado mudará para sempre o destino dela. Quanto mais o estranho se escondia mais se intensificava a vontade da jovem ir em busca do desconheci...