Capítulo 4. Desconhecido

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Não era uma novidade, mas Lavínia não conseguia dormir. Parecia um feitiço ou talvez o Ethan fosse mesmo um fantasma que só aparecia para ela. Ela já se sentia como louca.

Lavínia não sabia detalhes do rosto dele, além do sorriso que ele permitia para encantá-la, o cheiro dele e o gosto de seus beijos que lhe faziam perder o juízo. Ethan insistia em permanecer nos seus sonhos ou pesadelos porque ela não conseguia saber nada da vida do misterioso e estranho amante.

E com um desejo ardente dentro dela, Lavínia foi à procura de seu "fantasma" ou o Estranho Ethan como o havia já intitulado.

Estava tudo muito calmo na avenida frente ao Lorde Hotel. Na recepção do mesmo, o recepcionista atendeu Lavínia e lhe estendeu uma chave presa ao chaveiro 606, dizendo seu nome, ela consentiu com a cabeça e a jovem subiu de elevador para sexto andar.

Ela não se continha de ansiedade e mordia constantemente seus lábios. Depois foi depressa até o quarto 606 e logo abriu a porta. O quarto estava novamente à meia luz e o balde de gelo com uma bebida propositalmente colocada na mesa de centro.

Ethan estava no banho, ela ouviu som das gotas de água bater contra o chão e som inconfundível do chuveiro. Ele estava dentro do Box do banheiro onde as lâmpadas estavam acessas. Lavínia viu a silhueta dele pelo vidro e esperou na expectativa de vê-lo quando saísse. Ela tentou ao máximo não fazer barulho porque não queria que ele soubesse que já havia chegado e bem devagar chegou mais perto da porta do banheiro.

Para o espanto dela, Ethan pressentiu a sua chegada ou apenas armou toda cena, ele pediu para que Lavínia apagasse a luz e fosse lhe fazer companhia, ela riu de si mesma e sem dizer nada foi até ele.

Depois da entrega total da jovem em sua inconsequente relação, eles deixaram o banheiro. Ethan se secou de costas para ela, e em seguida jogou aqueles lindos cabelos longos e castanhos na frente do rosto, ainda a tempo, Lavínia pôde ver aquele sorriso que talvez ela não esquecesse tão cedo na sua vida.

Lavínia queria forçar a situação e conhecê-lo melhor, mas Ethan sempre fugia quando ela tocava no assunto e dizia que se for para ficarem juntos, deveria ser como já estava. Mesmo que às vezes ele parecia ser de personalidade bruta e egoísta, em outras momentos parecia ser atencioso e até o jantar preparou para os dois. Lavínia o observava o tempo todo, seu comportamento ao mantê-la afastada dele, mas ela só queria entendê-lo e pelas palavras dele em dizer que não se habituava com as pessoas, não a convencia mais. Todos têm uma história, uma vida e só amor e sexo às escondidas não bastavam para Lavínia.

Eles beberam vinho e assistiram a um filme no quarto sempre a meia luz. As luzes do vídeo da TV refletiam no rosto de Ethan que abraçado a Lavínia, deixava escapar vez ou outra sua feição, mas sempre oferecia propositalmente uma dose a mais de álcool para ela.

Mais tarde da noite e já alterada da bebida, Lavínia insistia em saber sobre ele, e ele desconversava sempre dizendo que não era o momento de ela saber.

Lavínia dormiu nos braços do estranho e no outro dia já claro percebeu que havia dormido no hotel sozinha. Não havia nem vestígios de que Ethan esteve naquele quarto com ela. No seu celular havia uma mensagem: "Descanse o quanto quiser, já está tudo acertado com hotel". A jovem ficou frustrada e arrependida de fazer o jogo do estranho Ethan e dele nunca querer saber o que ela achava de tudo aquilo. Ela ficou furiosa e descontou sua raiva nos travesseiros sobre a cama.

As chuvas de verão se intensificaram e se acaso for preciso sair de casa só em caso extremamente importante e para Lavínia seria ir para à faculdade, pois estava ficando atrasada em questões de notas.

Lavínia não viu mais a Ethan, ele sumia e aparecia quando bem entendesse e ela se sentia sempre "sobrando" nessa história. E pensando no estranho, certa tarde, Lavínia decidiu que ele não precisaria mais ir procurá-la porque naquele dia era ela quem iria descobrir tudo ao seu respeito.

Lavínia revisou alguns trabalhos da faculdade e enviou para Amanda que ficou de dar uns retoques finais e então ela saiu mais que depressa para o Lorde Hotel, porque queria encontrar o mesmo recepcionista do plantão da noite. Parou de frente ao hotel e observou ao seu redor para ver se não estava sendo seguida.

Ela esperou pelo rapaz da recepção que atendia a outras pessoas e ele ficou a olhando apreensivo. Lavínia então pediu:

― Por favor, a minha chave ― a jovem disfarçou com se estivesse combinado uma estada no hotel com Ethan.

O recepcionista arregalou os olhos e disse que o Ethan não estava no hotel. Ela fez de desentendida e disse ter tido a impressão de ver o carro dele no estacionamento. O rapaz correu o olho na câmera que daria para o estacionamento e respondeu:

― Não, você está enganada não há nenhum carro branco no estacionamento e como o carro dele é um modelo novo da marca, poucos o têm na cidade ― ele fez uma pausa e como se estivesse falando demais abaixou a cabeça e completou:

― Ele não está no hotel, moça ― completou o atendente, não dizendo mais nada.

Lavínia respondeu que estava tudo bem e ela não recebeu mais a atenção do rapaz que até pediu para sair por alguns instantes, deixando uma jovem atendendo a recepção no seu lugar. Com a saída rápida do atendente Lavínia desconfiou do recepcionista e passou a pensar que esse rapaz sabia de mais coisas a respeito de Ethan e ela precisava explorar mais sobre isso. Quem sabe ele poderia dizer se Ethan é casado, se tem filhos, se é foragido da polícia. Porque ela não sabia mais o que pensar sobre esse mistério.

Lavínia se sentou na lanchonete ao lado do hotel e de frente a janela que dava para a avenida. A partir dali dava início as suas investigações. Ela observou que carros brancos passavam aos montes na avenida, mas o detalhe do modelo novo esse era fundamental como pista. Ela tomou todo seu café e nada do tal carro branco aparecer. A jovem ficou frustrada com sua carreira de investigadora e decidiu ir embora para não se atrasar para a faculdade.

Lavínia nem saberia mensurar por quanto tempo Amanda estava a chamado durante a aula, segundo a amiga parecia que ela estava em transe. Amanda brincou dizendo:

― Esse amor ainda te mata! ― disse a amiga para descontrair.

Ela conseguiu fazer com que Lavínia sorrisse e a jovem pensou sem nada dizer: "E como, mata".

Lavínia abriu seu notebook no meio da aula e procurava por fotos nas redes sociais de pessoas com o carro descrito pelo recepcionista do hotel. No intervalo das aulas procurou por alguém que talvez lembrasse Ethan, mas não havia ninguém. Amanda interrompeu seus pensamentos ao entregar lhe um copo de suco dizendo:

― Eu preciso conhecer esse cara, amiga ― Amanda disse sorrindo para Lavínia.

A jovem respondeu que não poderia dizer ainda e Amanda respondeu que não se importaria caso a amiga quisesse se abrir com ela. Lavínia respondeu somente com um sorriso ainda duvidoso e foi uma deixa para voltarem para a aula.

Um Amor PeculiarWhere stories live. Discover now