Capítulo 13. Sem destino certo

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Na manhã seguinte o casal acordou bem cedo e saíram do Hotel onde passaram a noite e seguiram sentido litoral. E eles estavam felizes apesar de tudo. Felipe aparentava estar mais relaxado ou pelo menos era o que Lavínia esperava.

Ele disse que eles vão ficar alguns dias próximos do mar, já que ali podem se misturar aos muitos turistas do lugar.

O local se chamava Tribo do Sol, tudo muito lindo, um verdadeiro paraíso. Todo o lugar junto ao hotel é como um convite para recém-casados. E Lavínia quer sonhar ao lado de Felipe pelo menos enquanto o tempo permitir.

Naquela mesma tarde saíram para fazer compras: trocaram de roupas, trocaram a cor de seus a cabelos, assim como compraram óculos escuros para disfarçarem as aparências.

Quando enfim Lavínia conseguiu carregar a bateria de seu celular, havia muitas mensagens de Amanda dizendo estar preocupada com o paradeiro deles e queria muito saber o que lhes havia acontecido porque soube que eles teriam sido vistos juntos.

Lavínia retornou à ligação para a cunhada enquanto Felipe estava no banheiro. Amanda ficou aliviada ao ouvir a voz da amiga irmã e ela pôs-se a contar a aventura em que estavam vivendo. A amiga se alegrou por eles estarem bem e com as histórias contadas, mas quando Felipe saiu do banheiro, ao ver Lavínia no telefone, ficou histérico e arremessou o aparelho contra a parede. Ela ficou paralisada e sem entender a reação impulsiva dele e ele perguntou gritando:

― Há quanto tempo você está ao telefone? ― o rapaz se dirigiu a Lavínia em um tom grosseiro.

― Já faz alguns minutos, Amanda está preocupada conosco ― tentou se justificar a jovem.

Ele foi até a janela e olhava para todos os lados, como se procurasse por alguém.

Lavínia se irritou pela atitude dele e por ele ter lhe dado às costas naquele momento, então tirou satisfações:

― Você pode me explicar o que está acontecendo? ― perguntou a jovem.

Felipe se virou para Lavínia, ainda apreensivo e disse:

― Eles vão vir atrás da gente ― disse o rapaz tentando se manter calmo.

― Quem vai vir? Eu nunca sei de nada e como vou saber, se nada me diz? ― Lavínia questionou já se desestabilizando.

Felipe ficou pensativo por alguns instantes e depois pediu desculpas e mais calmo disse que havia perdido o controle. Ele foi abraçá-la e ela o rejeitou. O rapaz então saiu do quarto, deixando-a sozinha.

Lavínia nunca pôde imaginar que a primeira briga seria tão boba e em um lugar tão maravilhoso como aquele, onde havia de tudo para serem felizes com o amor que sentiam um pelo outro.

Já era noite e Felipe não havia retornado ao quarto do hotel. Lavínia tomou um banho demorado e colocou o vestido que havia comprado.

No hotel havia muitos atrativos para os turistas, uma piscina aberta ao público noturno e mais adiante um pequeno bar, onde Lavínia se sentou sozinha pedindo uma bebida. Não demorou muito e se sentou um rapaz perto dela a encarando e pediu a mesma bebida. Ele se apresentou a jovem e conversavam para se conhecerem melhor e a bebida foi deixando Lavínia cada vez mais embriagada e distante de seus problemas.

Depois de um tempo, Felipe chegou ao local e os observava próximo da piscina. Lavínia procurou não olhar na direção do rapaz, já que na concepção dela, ele só queria vigiá-la para variar. Ele passou perto da mesa da jovem e do rapaz que a acompanhava e nada disse sentando-se em um canto do bar, começando a beber também.

Para irritar seu amor, Lavínia bebia cada vez mais e gargalhava como se estivesse muito bom o papo com seu novo amigo e ela acabou por passar mal. Felipe percebeu que a jovem não estava bem e ao tentar apará-la, ela negou a ajuda dele dizendo que não confiava em "estranhos". Então seu novo amigo de nome Gustavo a segurou pelo braço. Felipe fez menção de brigar com rapaz, mas para não chamar atenção ele recuou com cara de poucos amigos. Gustavo acompanhou Lavínia até o banheiro e por algum motivo a deixou por lá mesmo.

Lavínia despertou no outro dia de seu costumeiro "apagão" após beber muito. A jovem sentia a sua cabeça doendo muito e ela procurou por Felipe do seu lado na cama e nem vestígios do rapaz. Ela abriu as janelas do quarto de hotel e a claridade lhe cegou os olhos por alguns instantes. Então, a garota vestiu a primeira roupa que encontrou pela frente e percebeu que estava sozinha de novo.

Uma hóspede do hotel passou por Lavínia e ao vê-la procurando por Felipe, disse que a última vez que o viu, ele estava tirando ela desmaiada de dentro do banheiro do bar.

Na recepção do hotel disseram que Felipe havia saído muito cedo naquele dia, deixando um envelope selado, para que a entregasse.

Dentro do envelope, Felipe deixou uma quantidade em dinheiro e um bilhete dizendo: "Lavínia me desculpe, mas não posso arriscar que você saiba de tudo. Quanto menos você souber sobre os crimes de Rubem melhor será para não mais se envolver. Eu não me perdoaria se algo de ruim te acontecesse. Fique nesse Hotel enviarei tudo que precisar, só preciso saber que está segura. Eu estarei por perto como sempre. Amo-te. Felipe".

Lavínia amassou o bilhete na mesa da recepção e se sentiu abandonada mais uma vez pelo seu amor e não sabia mais o que pensar. Felipe mais uma vez sumiu para variar.

Enquanto Lavínia juntava seus pertences pensava em como poderia ajudar a Felipe caso ele permitisse. Na concepção dela, eles poderiam passar por todo aquele período difícil juntos, mas Felipe não confiava que assim fosse seguro para a jovem.

"Ele diz me proteger, mas será que não percebe que já estou envolvida desde o princípio?" ― pensou Lavínia nervosa.

Ela se sentou perto da praia enquanto aguardava o ônibus para ir embora, não queria ficar naquele lugar sozinha e decidiu voltar para a casa dos Meireles.

***

Em um misto de emoção e alívio, Lavínia foi recebida por Amanda e seus pais. Ela ficou feliz em vê-los todos bem e assim que eles perguntaram por Felipe, ela contou que como sempre não sabia onde ele estava e eles já até sabiam da resposta, nada surpresos.

Os dias se passaram e Felipe não apareceu com novidades acerca da acusação de Rubem e o sujeito acabou sendo solto para o pavor de todos. Lavínia se preocupou pelo fato de o rapaz ter saído do hotel no litoral em que estavam, de forma inesperada e sem dizer nada, nem para onde iria.

Os enjoos de Lavínia começaram a ficar frequentes desde a bebedeira dela no hotel. Silvia sugeriu que ela fosse ao médico. O atendimento médico foi rápido e pediram que aguardassem pelo resultado do exame de sangue. Depois de um tempo sem muitas delongas o médico perguntou:

― Você já planejava sua gravidez? ― o doutor perguntou, as surpreendendo.

A sogra e a nora se entreolharam e nada responderam. Silvia resolveu falar depois que foram retirar o carro do estacionamento do hospital:

― Não posso dizer que seria o melhor momento, mas estou feliz e que esta criança venha para nos trazer alegria e a calmaria que necessitamos tanto ― disse a sogra sendo sincera.

Lavínia agradeceu a abraçando, mas ficou preocupada.

A notícia de uma gravidez em nada combinou com o clima de tensão dos últimos dias. Amanda sorriu sem jeito e abraçou a amiga irmã, o que mais se pareceu com condolências.

Lavínia entregou um número novo de telefone para Wesley entregar de forma urgente a Felipe, assim que ele entrasse em contato e o detetive disse que também precisava encontrar Felipe, pois o juiz havia pedido a prisão preventiva dele, mesmo que por depoimento delatou todos os outros envolvidos nos crimes de Rubem.

E assim ligando os fatos, Lavínia percebeu o real motivo do sumiço de Felipe, já que preso ele não conseguiria reunir todas as provas e ainda correria perigo nas mãos dos bandidos.

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