Capítulo 5. Encontro ao acaso

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As chuvas deram uma trégua e o sol ainda timidamente deu seus sinais de graça. Lavínia necessitava correr, algo que acalmaria sua ansiedade. Ela colocou seu fone de ouvido e prendeu o celular junto a seu corpo e foi para o parque Municipal.

Já no fim de sua volta, parou na entrada do parque para se alongar. Quando tomou um pouco de água, uma moto se aproximou dela. Pelo visor do capacete ela viu que se tratava de Ethan. Enquanto o estranho se aproximava ela pensou consigo mesma: "E eu procurando por um carro branco".

Ethan não retirou o capacete para conversarem e aparentava apressado quando pediu:

― Vem comigo! ― pediu Ethan já estendendo um capacete para Lavínia.

Ela abaixou a cabeça em sentido de desaprovação e disse irritada:

― Você some e então aparece do nada, não me diz nada sobre você, me persegue. Você quer me deixar louca, não é? ― desabafa Lavínia.

Ele olhava para os lados, aparentemente preocupado pedindo para Lavínia se acalmar e ela ficou mais ainda nervosa:

― Tire ao menos esse capacete, Ethan ― a jovem já havia perdido a paciência.

Ele tentou se manter calmo, porém olhava para cada pessoa que passava por eles e pediu mais uma vez:

― Lavínia, por favor, suba na moto ― insistiu Ethan diante da resistência da jovem.

Lavínia deu-lhe as costas, dizendo:

― Eu não o conheço ― ela disse seguindo pelo caminho oposto ao de Ethan.

Ele desistiu dela e acelerou a moto como se fugisse da polícia. Ainda a tempo de Ethan poder ouvir, Lavínia gritou de onde estava:

― Deixe-me em paz ― ela pediu já chorando.

E Lavínia ficou parada no mesmo lugar, arrasada e seu coração só pedindo para que ele voltasse e conversarem melhor.

Já chegando a sua casa, toda suada e com os olhos inchados de chorar, passou perto de Lavínia um carro devagar e com pelos ao menos quatro sujeitos mal-encarados dentro dele. Ela fingiu não os ver e ligou para Andreia que havia acabado de chegar de viagem para encontrá-la no portão de casa. Quando a amiga chegou ao portão o carro que seguia Lavínia, acelerou "cantando pneus". Andreia olhou séria para a amiga de uma forma como nunca havia olhado antes e pediu:

― Entre depressa, Lavínia ― a amiga de despesas empurrou a jovem portão adentro.

Lavínia queria saber quem eram os homens do carro e Andreia a princípio se fez de desentendida e não respondeu as perguntas da amiga. A jovem então preferiu esquecer o episódio, afinal não se lembra de ter feito nada aquelas pessoas e se foi Andreia quem fez algo, que ela mesma respondesse pelos seus atos.

Andreia mudou de assunto e contou uma porção de coisas sobre a cidade natal delas e lhe trouxe presentes.

Enquanto Lavínia abria a embalagens e curtia seus presentes, Andreia se jogou na poltrona da sala e falou ao telefone com os contatos da faculdade sobre como não teria prejuízo de notas enquanto esteve fora.

Mais tarde, Lavínia fez uma comida especial para as duas. Enquanto comiam, a jovem começou a puxar assunto com a amiga de despesas:

― Andreia você já conhece muitas pessoas nessa cidade, não é? ― perguntou Lavínia especulando.

Ela fez que sim com a cabeça. Como Lavínia demorou um pouco para formular a pergunta, Andreia arregalou os olhos e perguntou:

― Quem é o cara? ― a amiga interrompeu Lavínia tirando as próprias conclusões.

E Lavínia respondeu de imediato:

― Esse é o problema eu não sei quem ele é ― a jovem respondeu sendo sincera.

Andréa riu feita louca e perguntou:

― Como assim nega? ― perguntou depois do quase surto.

Lavínia decidiu resolver toda aquela questão porque ela já estava para explodir de ansiedade, então recorreu a Andreia:

― Preciso muito saber quem era aquele cara da balada que saímos há mais ou menos um mês atrás ― disse Lavínia quase que implorando a amiga.

Andreia com cara de deboche, respondeu dizendo não se lembrar. E a jovem insistiu contando-lhe mais detalhes daquele Sábado e a amiga de despesas disparou:

― Não é gravidez né? ― questionou ela um pouco mais séria.

Lavínia balançou a cabeça em sentido de negação e Andreia continuou:

― Porque se for aquele cara é uma "roubada" ― respondeu Andreia que ao menos reconheceu que já sabia de quem se tratava.

Lavínia engoliu em seco e respondeu que não era gravidez, mas que precisaria falar com ele. Andreia hesitou um pouco e disse com o semblante sério:

― Ele é amigo do Rubem, aquele apostador de rachas, riquinho, que vive tendo problemas com a polícia ― respondeu Andreia ― e se eu fosse você não mexeria com essa gente não ― alertou a amiga que parecia conhecer muito bem a Ethan e seus amigos.

Andreia voltou a falar no seu celular e Lavínia a deixou em paz. Ela ficou pensativa e parecia que estava mesmo em uma "roubada" e se lembrou de que já tinha ouvido falar nesse tal Rubem, um sujeito de classe média, porém com fama de bandido na cidade. Apesar de tudo o pior seria dizer ao seu coração para esquecer seu amado Estranho.

Na mesma tarde, Lavínia recebeu uma mensagem de Ethan dizendo para que ela fosse à noite ao Lorde Hotel, porque precisava muito falar com ela. Ela ignorou a mensagem e decidiu se distanciar dele.

Depois da faculdade Amanda ofereceu carona para Lavínia e vieram juntas em direção das suas casas. Ao checar seu celular havia mais uma mensagem de Ethan, dizendo: "Onde você está"? Em seguida recebeu outra mensagem dizendo que ele ainda a esperava naquela noite.

Lavínia desligou o celular, resistindo a tentação de encontrar Ethan e no mesmo instante, Amanda a olhou assustada e ela então decidir abrir o jogo com a amiga ou pelo menos em partes, sobre o Estranho.

Amanda parou o carro e elas foram para um barzinho. Lavínia começou a contar sobre a noite em que o havia conhecido o Ethan, dizendo que não se lembrava de tudo que havia acontecido, mas que não houve consentimento da parte dela na relação que teve com ele. Amanda indignada a interrompeu e disse:

― Você precisa denunciar esse cara ― Amanda sugeriu para ajudar a amiga.

Em seguida, Amanda ainda interessada em ajudar Lavínia disse que tinha um primo chamado Ethan. A jovem quase se engasgou com a bebida que estava tomando e repetiu como se eu não tivesse ouvido direito:

― Primo seu? ― Lavínia questionou diante da coincidência.

Amanda de forma calma continuou dizendo que esse seu primo mora na Itália já faz uns dois anos e que só falou sobre ele, porque o nome não é tão comum de se ver. Lavínia respirou aliviada e continuou dizendo que ela estava sendo perseguida pelo tal Ethan.

Amanda sugeriu irem à polícia fazer um boletim de ocorrência. Lavínia ficou sem saber o que dizer. Como explicaria que até então nada sabia sobre ele e como explicar que depois de tudo que ocorreu, ela se relacionou com ele.

Lavínia mentiu dizendo que já estaria encaminhando a queixa. Amanda maravilhosa como era falou palavras de conforto a amiga e disse para que resolvesse tudo com calma e que afinal, já se aproximava um tradicional baile de máscaras da cidade para que ela relaxasse daqueles dias ruins.

Um Amor PeculiarWhere stories live. Discover now