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Iara

— BOLA REBOLA REBOLA BOLA REBOLA —eu gritava no meio da pista enquanto rebolava meu corpo junto de mais algumas meninas.

São duas da manhã e eu já estou tomada pelo álcool, meu corpo se movimenta ao som dos funks que o Dj vai tocando, mas desde que cheguei sinto alguém me observando, quando viro não vejo ninguém, mas sinto que alguém está de olho em mim, que não seja o Vinícios, pelo amor de Deus.

Eu que não vou estragar minha noite com essas paranóias. Continuei no meio da pista cantando, aliás, gritando, enquanto dançava e me deliciava da bebida em minha mão, esse era meu único consolo, Vivi e Barão não estavam mais aqui, Luana sumiu, e parece que nenhum homem aqui se interessou por mim, pois sempre que alguém sarava em mim enquanto eu dançava o cara depois sumia, estranho, mas enfim, o que fazer, enquanto tiver música e bebida macho é o de menos.

— VAI MALOQUEIRA VAI REPRESENTA, VAI MALOQUEIRA VAI REPRESENTA — aposto que amanhã eu estarei sem voz, pois eu gritava rebolando até que senti alguém atrás de mim, continuei dançando sem me importar com quem era, o cara com mãos fortes e uma linda tatuagem na parte mais baixa do braço passou suas mãos pela minha cintura e ficamos nisso por um tempo até que decidi me virar e confesso que ele superou minhas expectativas, o cara é lindo, lindo não, maravilhoso, um Deus grego, mas tem cara de ser boy problema, e olha que eu nunca falho quanto a isso, conheço o tipo de longe.

— Oi — ele permaneceu em silêncio apenas me olhando, até que se aproximou mais colando nossos corpos, nossos rostos foram ficando mais próximos fazendo com que nossos lábios se tocassem, ele iniciou movimentos calmos que foram se intensificando tomando meus lábios num beijo que meu Deus, é de fazer qualquer mulher chorar, e eu nem disse por onde, ele passou sua mão na minha cintura apertando forte e eu coloquei minhas mãos na sua nuca passando minhas unhas de leve, o beijo teve continuidade por mais um tempo até que a falta de ar nos impediu.

[...]

Acordei com uma baita dor de cabeça, olhei para o lado e meu celular marcava onze horas e quarenta e seis minutos, respirei fundo e levantei da cama mesmo desejando passar o resto do dia aqui.

Dei uma arrumada rápida no quarto e peguei minha escova e toalha e saí em direção ao banheiro. Fiz minhas higienes matinais e tomei um banho rápido, quando voltei para o quarto vesti uma calça moletom e uma blusa larga mesmo.

— Bom dia — disse me sentando na mesa onde Vivi e Luana serviam o almoço.

— Boa tarde nem Iara — falam como se elas tivessem acordado cedo, aposto que estão de pé não tem nem uma hora.

— Tu sumiu ontem Luana, se deu bem hein — comentei, enquanto me servia, estava morta de fome.

— Claro nem, gostosa desse jeito — pelo jeito só eu me dei mal — Se tivesse acordado um pouquinho mais cedo teria visto o bof, só de lembrar me dá um fogo — acrescentou e eu ri .

— Bom pra vocês, eu acho que estou virando virgem de novo já — comentei fingindo tristeza.

— Pois se acalme, hoje tem churras no Gui, Barão falou que eu podia ir, a corna estará lá mas ele vai dar um jeito de ficar comigo depois — meu plano para hoje era ficar em casa, mas acho que terei que deixar para amanhã.

— O que estamos esperando? — a ressaca até passou já.

— Vamos nos arrumar, duas da tarde a gente vai, e dona Iara, a louça é tua — era só o que me faltava, mas não podia reclamar, elas prepararam o almoço.

[...]

— Vamos logo Iara — Luana gritou pela milésima vez e saí do quarto correndo.

— Deus do céu, que falta de paciência — comentei saindo atrás delas que já iam na frente.

Fomos o caminho todo conversando e falando sobre assuntos aleatórios, até que chegamos na casa do tal Gui, ela é grande e bonita, o churras estava acontecendo na parte traseira onde tem uma piscina de tamanho médio.

— Olha meu negão ali, pena que aquela mosca morta está junto — Vivi comentou logo que entramos e olhei para onde ela se referia, vi Barão e a mulher do seu lado que deveria ser a sua fiel, mas quem chamou minha atenção é o homem que estava junto deles, eu conhecia ele de algum lugar, mas onde seria? Forcei minha mente até que lembrei que peguei  ele ontem no baile, não lembro como ele foi embora depois mas a gente não ficou, na verdade não lembro nem como eu fui para casa! Ele é um gato, um verdadeiro Deus grego, sinto ele me olhar também e mantive meu olhar firme sobre o dele, até que o mesmo acabou saindo do meu campo de visão.

— Já conheceu ele? — Luana pergunta do meu lado, Vivi não estava mais aqui.

— Não exatamente, a gente se beijou ontem no baile, mas o cara não disse uma palavra — comentei enquanto caminhamos em direção à onde tinha as bebidas.

— Ele ficou te secando a noite inteira, pelo menos até quando eu estava lá, o nome dele é Ícaro, gerente-geral do morro, ele não é do tipo de se apegar, vocês combinam — olhei pra ela e depois ri balançando a cabeça, não precisa combinar pra transar, Luana andou em direção à um cara e eu continuei nas bebidas.

— Hoje quero algo leve — comentei mais pra mim.

— Faz bem, ontem tu tava podre de bêbada — olhei para o lado e era o Deus grego, Ícaro.

— Nossa, Tu fala? — brinquei.

— Na verdade minha boca faz coisas muito melhores — nossa, ele falando assim, bem próximo do meu ouvido, confesso que tive alguns desejos.

— Tipo? — olhei diretamente para os seus olhos.

— Isso tu tem que descobrir — parou um pouco — Qual o teu nome? — me olhou, algo me dizia que ele já sabia muito bem meu nome, mas enfim, vamos fingir que nem eu sei o dele.

— Iara, e tu? — ele sorriu, que sorriso, meu Deus.

— Ícaro — disse com o olhar no meu.

— Satisfação — falei e me afastei dele, Luana estava me chamando do outro lado.

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Eu, Você e o MorroWhere stories live. Discover now