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Iara

Ícaro aproximou mais nossos corpos, fazendo com que eu não conseguisse mais nem respirar direito, colou nossos lábios, eu queria fazê-lo parar, mas não conseguia, meu corpo queria esse beijo, mas eu não, eu não posso, mais uma vez não, não posso mais precisar de alguém, não posso me apaixonar.

— Por favor não — sussurrei, Ícaro pareceu não ouvir, iniciou um beijo, e eu correspondi, suas mãos apertavam minha cintura com força, eu passava minhas mãos por sua nuca e pescoço, nossos corpos estavam praticamente colados, nossas línguas praticamente duelavam, Ícaro apertava minhas coxas e bunda, e eu já sentia seu membro duro sobre a minha barriga o que me fez soltar um gemido entre o beijo, nesse momento eu me dei conta, eu estava me metendo nessa roubada de amar mais uma vez, reuni toda força que tinha e afastei ele.

— Me deixa em paz Ícaro, eu não te quero — falei num tom calmo, mas calma era a última coisa que eu poderia estar nesse momento.

— Porquê tu se engana? Tu me quer, eu sinto isso no teu corpo porra — disse chegando mas perto mas eu fui mais rápidas e saí da parede para não permiti-lo me cercar mais uma vez.

— Eu não te quero, comigo é sexo e tchau, eu não posso ficar me envolvendo — ele riu e eu fiquei olhando sem entender.

— E quem tá falando de amor ou sei lá o quê? Eu também só quero sexo — disse num tom calmo, talvez ele só queira sexo, mas eu não posso continuar com isso

— Foda-se Ícaro, eu não quero ficar contigo e pronto — senti minha bochecha arder, era um tapa, ele me bateu, na hora eu também depositei um tapa na sua cara com toda força que tinha, eu prometi a mim mesma que nunca mais deixaria um homem me machucar, nunca mais apanharia sem fazer porra nenhuma.

— Olha aqui vadia — apertou meu pescoço — Cansei de bancar o bonzinho, eu quero e tu só obedece, foda-se se tu quer também ou não — eu dava tapas em suas mãos para que ele largasse meu pescoço mas nada, ele estava me machucando muito, sem pensar duas vezes mordi sua mão com muita força até sentir gosto de sangue e ele se afastou xingando

— Filha da puta de merda, tu me paga — não esperei para ver e saí correndo.

[...]

Após muito tempo correndo por becos que desconhecia finalmente consegui chegar em casa, tranquei a porta e todas janelas e corri pro banheiro onde me despi e entrei no box, liguei o chuveiro e senti a água percorrer meu corpo e contra minha vontade a água se misturou a lágrimas que caíam sem parar.

Eu jurei para mim que nunca mais permitiria que um homem me machucasse, que nunca mais deixaria um homem me fazer chorar, que nunca mais lembraria, mas eu falhei. Mas o pior é sentir, tenho medo de sentir, eu não posso sentir nada por ele, Ícaro só iria me fazer sofrer, me machucar.

Terminei o "banho" após quase 1 hora, voltei para o quarto onde vesti um pijama em calça e blusa de manga, peguei meu celular e bloqueei o Ícaro, ele não havia ligado, mas poderia a qualquer momento.

Me deitei para tentar descansar e esquecer o dia de hoje, esquecer o Ícaro e tudo que tem acontecido.

....

— eu te amo — falei olhando para ele toda boba, mas não obtive resposta.

— Fala alguma coisa, eu disse que te amo — reclamei.

— CALA BOCA VADIA — ele se virou e pude ver seus olhos mais vermelhos que nunca, mais uma vez ele estava drogado — AGORA QUEM VAI FALAR SOU EU — gritou vindo em minha direção, com medo eu ia para trás.

— Me desculpa, eu só, eu só ... — eu já estava chorando e não sabia o que dizer.

— QUEM TU ACHA QUE É PARA FICAR DE PAPO COM OUTROS MACHOS NA MINHA FRENTE — não esperou minha resposta e já me deu um soco que quebrou meu nariz.

Depois outro soco, tapa, mais um soco, até que eu me encontrava no chão e ele me esmurrava com tanta força que eu estava perdendo os sentidos.

— Por favor para — implorava chorando.

— TU VAI APRENDER A ME RESPEITAR SUA PUTA — falou tirando o sinto da sua calça e esticou a mão pronto para me bater

...

— PARA, POR FAVOR — acordei suando e gritando, e aí eu percebi, era um sonho, um sonho não, uma lembrança.

— Porquê isso agora? — me perguntei e chorei baixo, chorei muito, como antes, como as noites que eu não dormi e passei chorando.

[...]

Não consegui mais pegar no sono e fiquei acordada até amanhecer.

Tomei um banho rápido e peguei uma mala, com pressa arrumei algumas coisas, depois eu pego o resto.

Iara, acorda a gente... — parou quando me viu acordada e com uma mala na mão.

O que tu tá fazendo? — me olhou assustada.

Eu estou indo embora Luana — falei sem exitar, eu preciso me livrar disso ainda cedo.

Como Iara? Me explica, o que aconteceu? — perguntou e eu fechei os olhos, mas eu não iria chorar, não podia ser fraca, já chorei o suficiente.

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Eu, Você e o MorroWhere stories live. Discover now