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Ícaro

Há um mês que não via a bagunceira, confesso que esse tempo mexeu demais comigo, nunca imaginei que eu sentiria falta de uma mulher, não nessa vida! A garota bagunça o meu psicológico, isso eu não posso negar, mas não sei o que é exatamente e isso me enlouquece.

Sempre nos vemos, na maioria das vezes nos bailes, mas não trocamos nenhuma palavra, ela disse que queria que eu a deixasse em paz, e era o que eu estava tentando fazer. Não só por ela, por mim também, não é bom pra mim me envolver tanto, vai acabar mal, para um dos dois, e farei de tudo para que não seja eu.

Quando vi ela entrar no camarote confesso que tive vontade de empurrar a garota que estava no meu colo e ir até ela, mas me controlei, fiquei no meu canto, vi ela me olhar, nossos olhares se cruzaram, mas ela fez questão de se virar e ficar ali de conversinha com o barman enquanto se enchia de bebida! Ela sumiu do camarote e eu fui atrás, observava de longe, ela só bebia, não aguentava mais ficar em pé, ficava se segurando no pessoal, quando ela saiu, suponho que indo embora eu fui atrás, vi uns carinhas seguindo ela e mandei vazar, aí eu segurei o braço dela, a mina respirou aliviada quando viu que era eu, brigamos como eu esperava e consegui finalmente levar ela pra minha casa, não ia levar ela pra onde ela queria não, mina orgulhosa demais, não sabe nem falar um "por favor". Tive que levar ela no colo, fomos o caminho todo em silêncio, mas quando chegamos percebi que ela estava dormindo, devia ter estranhado ela não querer brigar ou reclamar de algo.

Ela subiu pra tomar banho, depois de uma briga claro, quando eu subi também vi que ela já estava dormindo, tomei um banho rápido e vesti uma cueca e calça moletom, me joguei do lado dela e dormi.

Não estava conseguindo pegar no sono, talvez porque era a primeira vez que dormia com uma mulher sem transar, era estranho, mas confesso que não estava me incomodando.

Vi que Iara ficou meio agitada, devia estar sonhando, ou tendo um pesadelo.

— Para, Binho, para por favor — sua voz era de choro, e muito baixa mas dava para escutar, não sabia se acordava ela ou não.

— Por favor Para — continuou assim por pouco tempo e depois ficou mais calma.

Aí que não consegui mais dormir mesmo, quem será esse tal Binho? Será que é namorado dela??! Algum amante?! Porra, agora eu me dei conta que não sei nada dessa mulher, só sei que se chama Iara e fode bem pra caralho, com tudo, inclusivo com minha mente!

Eu tenho que descobrir de onde ela é, o que está fazendo aqui, porque do jeito que ela fala não parece ser definitivo, parece que a qualquer momento Iara vai embora, e nem quero imaginar como eu reagiria a isso, eu não sei se pediria educadamente como da última vez, eu me conheço muito bem, às vezes não penso direito e faço muita merda.

No dia seguinte ela me agradeceu, estranhei, mas não estava muito afim de conversar, quero saber de uma vez quem é essa mulher, saber onde eu estou pisando.

— Quem é Binho? — a curiosidade estava me matando.

— O quê? — ela quase caiu pra trás, mesmo sem uma resposta ainda, tenho certeza que essa história é bem cabeluda.

— Tu não ouviu? Quem é Binho? — perguntei mais uma vez.

— Como assim Binho? Tá maluco? Tá Doido? Como tu sabe esse nome? Quem te falou? — ela ficou alterada, seu corpo tremia e ela andou até mim transtornada, a voz estava com uma mistura de raiva e medo.

— Fica calma, não conheço esse cara, tu falou o nome dele enquanto dormia — expliquei, ela parecia que ia morrer, se fosse um idoso com problemas de coração com certeza teria um ataque.

— MENTIRA — gritou — VOCÊ, você, ele te enviou, vocês estão juntos, como eu não pensei nisso — ela já estava com os olhos cheios de lágrimas.

— Tá doida? Nem conheço esse cara — me aproximei dela tentando me acalmar, pelos vistos é mais grave do que pensei, essa história mexe demais com ela — Não sei o que se passou com esse cara, mas ... — tentei segurar seu ombro.

— NÃO TOCA EM MIM — gritou afastando minha mão e se afastou rapidamente.

— NÃO TOCA EM MIM SEU DESGRAÇADO, SEU MALDITO, VOCÊS SÃO PARCEIROS — ela gritava com lágrimas nos olhos, e eu estava realmente sem acção, não estou entendendo porra nenhuma.

— Você, você me paga — falou mais calma com a voz baixa dessa vez e saiu andando sem olhar pra trás, quando ela atravessou a porta da minha casa eu me joguei no sofá .

— Que porra — resmunguei, onde eu estou me envolvendo, onde estou entrando meu Deus... essa garota é problemática. Mas deu pena ver ela daquele jeito, ela deve ter sofrido algum tipo de violência.

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Eu, Você e o MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora