Perdas

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Amy Morgam Winchester

Jack puxou Mary em um canto para conversar depois da discussão. Achei estranho e sei que era errado ouvir a conversas dos outros mas eu estava curiosa.

Cheguei mais perto de onde eles estavam e fingi estar observando o mapa. Meus ouvidos estavam atentos nos dois.

- Acha que eu não posso vencer?- Jack questionou.

-Acho que não sabemos o quão forte Miguel é- Mary respondeu.

- E eu acho que ele não sabe o quão forte eu sou.

- Eu sei que tem vencido muitas batalhas e você quer muito enfrenta-lo. Eu era como você, com as caçadas. Mas aprendi do pior jeito, pensar que pode vencer toda vez, correr às cegas para uma luta...é assim que comete erros. E as pessoas aqui...

- Eu estou fazendo isso por elas!

- Não pode ajuda-las se morrer. Eu não posso perder outro filho- ela segurou o choro- e a Amy, ela não tá bem Jack, ela precisa de você. Ela já perdeu muitas pessoas, não sei o que aconteceria se ela perdesse você também.

Senti os olhares deles sobre mim, por mais que eu quisesse chorar, eu me segurei. Continuei fingindo estar analisando o mapa. No mesmo momento Kevin se levantou.

- Não vai perder, eu prometo- falou Jack.

- Não!- Kevin disse quando o nephilim se virou-não pode ir- ele abriu a camisa  havia uma marca cravada no seu peito- o Miguel, ele me disse para esperar pelo Bobby, por todos vocês. Mas eu não posso.

- Tudo o que Miguel falou, era mentira- me aproximei.

- Não, ele disse que quando eu for pro céu, quando ele me deixar ir para o céu, eu vou ver minha mãe de novo.

- Eu estive no céu-Mary falou- e o que tem lá são só lembranças, nada é real.

- Mas isso aqui é real, Kevin- dei mais um passo em sua direção- nós queremos ajudar...

- Eu não ligo!- esbravejou, ele chorava- você não entende, você não sabe as coisas que eu fiz.

- Não importa, Kevin- dei mais um passo.

- Amy- Jack repreendeu.

- Eu só quero que isso acabe- choramingou.

- Seu feitiço não vai me matar- o nephilim falou.

- Miguel não quer matar você, ele quer domar você. Me mandou dizer que, mesmo que você ganhe, você perde. Desculpa.

-Não!- gritei. Kevin pôs a mão no peito e  a marca começou a brilhar intensamente. Fechei os olhos com força e me agachei. Kevin gritou.

Quando abri meus olhos senti algo diferente. Me senti estranhamente completa, Jack tinha desbloqueado nossa ligação, ele tinha me salvado.

Olhei para trás, os soldados estavam mortos, Mary estava desmaiada no colo de Jack mas estava viva. Olhei pra frente, a onde Kevin deveria estar, mas ele tinha sumido. Ele tinha se matado, por nada. Abaixei a cabeça tentando reprimir as lágrimas, eu tinha perdido meu amigo de novo.

- Amy- Jack me chamou, eu o olhei. Ele tirou o casaco, dobrou e pôs em baixo da cabeça de Mary. Veio até mim e me abraçou- eu sinto muito.

- Eu perdi ele Jack, perdi meu amigo de novo- ele me colocou entre suas pernas e me apertou mais em seus braços.

- A culpa é minha, me desculpa.

A culpa não era dele, eu sabia, mas não consegui dizer. Minha respiração estava ofegante e eu chorava descontroladamente.

- Amy, ei, tudo bem- era a voz de Mary, ela se levantou e ficou ao meu lado- respira, se acalma.

Era a segunda ou terceira vez que isso acontecia, minhas mãos tremiam e meu coração estava acelerado, senti falta de ar em meus pulmões e um mal estar.

- Por favor Amy, me desculpa- falou desesperado.

- Jack temos que acalma-la, ela está tendo uma crise. Segure as mãos dela- ele a obedeceu, segurou minhas mãos e acariciou- Amy, respira fundo e depois solta.

Fiz o que ela pediu, enquanto isso suas mãos acariciavam meus cabelos. Aos poucos fui me acalmando, voltei a respirar normalmente e meu coração manteve o seu ritmo normal.

- Você está bem?- o menino me perguntou. Balancei a cabeça positivamente.

- Vamos dar um tempo pra ela- Mary se levantou- vem Jack.

Ele me olhou preocupado mas fez o que Mary pediu. Dobrei minhas pernas e abracei meus joelhos. Aquele podia não ser o Kevin que eu conhecia, mas perder ele de novo foi horrível.

- É minha culpa, ela me odeia, é minha culpa- escutei Jack falar.

- Ela não te odeia, não foi sua intenção e ela sabe. Quando eu disse pra você que ela não estava bem, era disso que eu estava falando. Ela gosta de você e precisa de você.

- Eu não consegui proteger eles, eu disse que ia protege-los. Eu disse que ia proteger ela...

- E foi o que você fez. Você a protegeu, não sei como, mas a protegeu. Mas infelizmente, às vezes não dá pra salvar todo mundo.

- Algumas batalhas não podem ser ganhas- me pronunciei e eles me olharam- a culpa não é sua, a culpa é do Miguel- me levantei- vamos sair daqui.

...

Três dias se passaram e nada mudou, Bobby tinha voltado finalmente e ele e Mary tinham discutido sobre Miguel, mas eu não quis ficar por dentro, preferi focar no nosso acampamento.

Eu estava no patrulhamento com alguns soldados quando ouvi barulhos. Zack e Finn, dois soldados, foram na frente.

- Não queremos problemas, uma voz familiar disse- nós só estamos...- ele se calou quando eu apareci apontando minha arma- Amy.

-Castiel?- abaixei minha arma e fui até ele, o abracei aliviada. Meu olhar foi até outra pessoa que estava perto- Dean?

Corri até ele e o abracei com força, ele apertou forte e me levantou do chão, ouvi um suspiro de alivio vindo dele.

-Você tá viva- sussurrou ainda me abraçando. Minha vontade era de nunca mais solta-lo.

- Eu to- sorri. Me afastei- como chegaram aqui? Cadê o Sam?- ele abaixou a cabeça e lágrimas surgiram- Dean...

Ele não respondeu e eu entendi o aquilo significava. Eu comecei a chorar, mas eu não podia ter outra crise, não agora. Fechei os olhos e respirei fundo.

- General?- Zack chamou sem saber o que fazer.

- Eu assumo daqui, voltem pra patrulha-respondi firme- vamos, vou levar vocês até Mary e Jack.

Levei eles até o acampamento. Jack, quando viu Castiel, correu e o abraçou. Mary fez o mesmo com Dean. Eles contaram que Sam foi morto por vampiros quando eles estavam vindo pra cá o que me fez chorar.

Um sino chamou nossa atenção, aquele sino servia para nos deixar alertas. Me levantei do tronco onde estava sentada quando vi que alguém se aproximava de nós e entrei em choque quando reconheci a pessoa.

- Sam- Jack e eu falamos em uníssono. Mas havia alguém atrás de Sam que fez meu sorriso sumir. Ele olhou pra Jack, sorriu e disse:

- Oi filho.

A pequena Winchester IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora