Trégua

9.1K 1.1K 1.3K
                                    

Eu realmente não esperava encontrar Bryan do lado de fora do boate.

Por um segundo, tudo que eu fiz foi encarar o rosto dele, a forma como estava absurdamente bonito e imponente com os braços cruzados diante do peito e sua expressão fechada parcialmente iluminada pelas luzes da boate atrás de si, fazendo ele parecer mais velho e adulto, bonito além da razão.

Ele falava alguma coisa parecendo muito agitado, mas, à distância, não pude entender o que era. Com um segundo de atraso, notei que seu rosto estava sangrando e ele era escoltado por dois seguranças mal-encarados.

— Merda — sussurrei para mim mesma. Corri até parar bem perto dele, esquadrinhando seu rosto. Havia um ferimento no lábio inferior e um pouco abaixo do olho, ambos do lado direito. Suas mãos também estavam manchadas de sangue, mas eu não sabia dizer se era dele ou de outra pessoa. — O que aconteceu com você?

As sobrancelhas castanhas se franziram quando ele tentou focar a visão em mim.

Yas-min — disse em voz baixa, meio enrolado, quando os seguranças o empurraram sem dizer nada e ele quase se desequilibrou. Eu apoiei a mão na sua cintura, sustentando parte do seu peso. O cheiro da sua colônia masculina, suor e bebida me deixaram tonta. Ou talvez fosse a proximidade. — Que surpresa! Você não deveria estar lá dentro beijando seu namoradinho?

Tirei alguns fios da franja de cima do meu olho e as duas esmeraldas opacas seguiram o movimento, causando pequenos arrepios na minha pele.

— Eu não tenho namorado — respondi dando um passo para trás, aumentando a distância entre nós para conseguir organizar meus pensamentos. — O que aconteceu com você?

Bryan me brindou com um lindo sorriso torto, do jeito que com certeza foi feito para causar um ataque cardíaco em algum desavisado.

— Ah, briguei com um cara aí — comentou indicando a boate com o polegar. Ele deu um passo na minha direção e quase se desequilibrou. — Ele não gosta muito de mim — sussurrou no meu ouvido como se fosse um segredo com a voz baixa rouca.

Cada pelo do meu corpo se arrepiou em resposta à sua proximidade e à sua voz.

— Ah é? — quis saber, achando graça daquela versão bêbada de Bryan. Muito melhor que a versão sóbria que me odeia, pensei para mim mesma. — Por que ele não gosta de você?

Bryan abriu um sorriso bonito na minha direção, inocente demais para ser verdadeiro.

— Porque a namorada dele gosta — contou passando a língua pelos lábios rosados, atraindo a minha atenção para eles, antes de gargalhar. Bryan jogou a cabeça para trás como se tivesse contado a piada do séculos e precisei fazer força para não rir, embora nada disso tivesse a menor graça.

— Você beijou a namorada de outra pessoa? — critiquei, recobrando o uso total das minhas faculdades mentais quando ele suspirou, secando as lágrimas de riso dos olhos.

— Quem tem que ser fiel nessa história toda não sou eu — se defendeu erguendo as mãos com as palmas voltadas na minha direção e torci o nariz, o que fez um sorriso bonito surgir em seus lábios. — Eu não pergunto status quando as pessoas me beijam.

Cruzei os braços, incomodada. Tudo bem, eu sabia que ele estava tecnicamente certo, mas isso não quer dizer que não estava errado.

Um dedo grande deslizou pela minha face com a delicadeza de uma pluma, da têmpora ao queixo e uma sensação quente deu um nó no meu estômago. Expectativa.

Sua língua deslizou pelos lábios rosados, umedecendo-os, e acho que ofeguei com essa visão.

Bryan deu um passo para longe de mim como se tivesse levado um choque e sacudiu a cabeça com força antes de recuar alguns passos.

Rosas Azuis [CONCLUÍDA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora