Confissões

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Bryan depositava beijos pela minha pele como se quisesse guardar cada linha do meu corpo na memória.

Eu sabia que não deveria ter me deixado levar. A culpa, raiva, saudade e decepção brigavam para ver quem venceria enquanto eu protelava mais um instante nos braços dele no sofá da sala.

— Mimi — sussurrou entre os beijos no meu rosto. — Você está chorando?

Não respondi, o que fez Bryan afastar o rosto para olhar o meu, onde lágrimas silenciosas escorriam.

— Não chora — pediu voltando a distribuir beijinhos suaves sobre as lágrimas, apagando-as, intercalando os beijos e sussurros apaixonados. — Não chora, por favor.

O que, é claro, só me fez chorar ainda mais.

Sinceramente eu não sabia pelo que estava chorando. Eu desconfiava que era por saber que aquele era o momento que antecedia a despedida. Eu iria embora, Bryan seguiria com a vida dele, como ele mesmo tinha me dito que fez depois da outra vez.

— A gente não deveria ter feito isso — sussurrei entre soluços patéticos enredando os dedos nos seus cabelos macios e me contradizendo totalmente.

Bryan parou de me beijar e se afastou para me observar com as sobrancelhas franzidas, parecendo bastante chateado e confuso com as minhas palavras.

— Sinto muito — sussurrou. Ele então fez uma careta. — Não, isso é mentira. Eu não sinto muito por termos transado.

Bryan se sentou no sofá e cobriu a virilha com uma almofada, constrangido por estar sem roupas. Manter os olhos longe do seu corpo bem torneado exigiu bem mais do meu autocontrole que eu esperava.

Ele tentou pegar a minha mão e recuei para a ponta do sofá, dando a maior distância possível entre nós dois.

Seu rosto desmoronou e juro que vi seus lábios tremerem antes que ele desviasse o olhar para o chão.

— Mas sinto muito por ter te deixado triste com isso — confessou com a voz cheia de tristeza. — Não vim aqui para te seduzir, Mimi, eu juro.

Olhando para seu rosto cheio de sofrimento, apenas o sofá não parecia suficiente para me impedir de me jogar nos braços dele e chorar ainda mais, então fui até a porta e peguei as nossas roupas, jogando suas peças na direção dele e vestindo as minhas de qualquer jeito sem olhar na sua direção.

Bryan não colocou a camiseta, deixando os ombros, peitoral e abdômen bem definidos expostos.

Ele passou os dedos pelos cabelos castanhos um tanto bagunçados.

— Eu preciso que você escute — continuou olhando para os próprios pés, mas seu tom de voz entregava toda a dor que ele tentava esconder. — Não posso perder você sem lutar. Não de novo.

Fechei os olhos e  abracei uma almofada com força como se ela pudesse me proteger. Bryan tinha tocado em um ponto sensível e que ainda doía mesmo tanto tempo depois.

Tomei uma profunda respiração e soltei o ar devagarzinho antes de olhar para ele.

— Então me diz o que você queria falar.

Bryan piscou, surpreso com a mudança no meu tom.

— Você quer me ouvir? — duvidou inclinando a cabeça para me analisar como um cachorrinho, muito fofo.

— Você disse que iria embora depois que eu te ouvisse — respondi simplesmente. Fiquei um tanto feliz que a minha voz não tremeu, mas Bryan engoliu em seco.

— Ah — ele riu sem humor bagunçando ainda mais os fios com as pontas dos dedos. — Claro.

Bryan limpou a garganta e cruzou as mãos antes de soltar o ar em uma expiração forte.

— O seu pai me procurou há algumas semanas, no estúdio — a voz dele tremeu e Bryan fechou as mãos em punhos cerrados como se precisasse se assegurar que ainda estava no controle. — Disse que precisava de dinheiro rápido e que sabia que eu ajudaria se soubesse o que era bom para você.

As bochechas de Bryan ficaram rosadas e ele desviou o olhar parecendo bastante constrangido antes de continuar:

— Ele sabia que eu lutava e me falou sobre aquela luta, sobre o prêmio — contou sem me olhar nos olhos, mas as suas bochechas adquiriram um suave tom rosado. — Se eu não o ajudasse ele ia matar você, Mimi. Ele sabia de cada passo que você dava. Sabia o horário que você ia para a faculdade, o horário dos nossos treinos, que hora você saia do trabalho e o caminho que você fazia.

Bryan engoliu em seco e continuou com uma franqueza que me desarmou:

— Na hora eu pensei no dia antes de eu começar a te treinar: você tinha dito que tinha alguém te seguindo. Como eu poderia dizer não e arriscar a sua vida?

Abri a boca para responder alguma coisa, mas ele falou antes:

— Eu prometi para mim mesmo que faria qualquer coisa para te proteger mesmo que isso destruísse o nosso relacionamento. A sua segurança é a coisa mais importante do mundo para mim. Mas quando vi a decepção no seu rosto, Mimi.... eu percebi que não sou tão forte assim — confessou e as lágrimas voltaram com força total. Bryan se aproximou de mim no sofá e passou os braços ao redor do meu corpo, me abraçando com força enquanto eu soluçava sobre seu ombro desnudo. — Talvez eu seja egoísta, mas não vou deixar as coisas acontecerem como foi quando éramos crianças. Eu não quero perder você, muito menos por uma culpa que é só minha.

Eu queria responder, mas não conseguia emitir uma palavra coerente.  Minha garganta fechou com um nó e pensei que eu iria sufocar até morrer enquanto observava o rosto bonito e dolorosamente franco dele.

Bryan me amava muito mais que eu merecia. Ele tinha escondido coisas de mim para me proteger, mas eu não tinha feito o mesmo, escondendo a chantagem que agora parecia risível? B não tinha corrido apenas o risco de me perder, ele também poderia ter sido preso por estar metido com lutas clandestinas ou até morto com a brutalidade daquele tipo de evento.

Eu queria abraçá-lo e garantir que tudo ficaria bem, mas eu não podia. Ainda não. Primeiro eu pagaria a dívida que eu tinha com meu pai, depois eu contaria tudo para B e depois eu veria o que faria. Não podia continuar naquela cidade colocando não só Bryan mas todos os meus amigos em risco, mas tampouco queria destruir o que tínhamos.

Bryan cometeu um erro, mas eu também tinha cometido um quase idêntico. Seria muita hipocrisia da minha parte não reconhecer isso.

Como se soubesse o que se passava na minha mente, ele se aproximou para fazer carinho no meu cabelo de forma hesitante. Eu não tinha forças para afastá-lo, então permiti que o fizesse.

Quando Bryan me puxou para o seu colo, porém, me afastei.

— Vai embora — pedi entre soluços, escondendo o rosto nas mãos para que ele não visse a vergonha que me consumia por dentro.

— Mimi... — implorou com a voz baixa, estendendo a mão para mim em uma oferta.

— Por favor — pedi erguendo o olhar para seu rosto bonito e atormentado. — Eu preciso ficar sozinha.

Bryan me olhou como se não quisesse sair e me deixar naquele estado deplorável, mas suspirou e assentiu.

— Se precisar de alguma coisa sabe onde me encontrar — sussurrou depositando um beijo casto na minha testa.

Fiz que sim com a cabeça e ele saiu, lançando um último olhar para mim da porta.

Ele então a fechou me deixando completamente sozinha com o meu coração partido.

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Esse capítulo ficou curtinho né? Até pensei em juntar com o próximo, mas achei que ficaria muito acelerado e o próximo tem informações importantes para o final da história.

Falando no final da história, temos 4 capítulos + o epílogo para finalizar nossa saga com os bbs. E devo soltar uns spoilerzitos lá no nosso instagram @vmassola_autora . Se você não me segue lá deveria. Ouvi boatos que tem spoiler do extra de Mentira Perfeita.

Ufa, hoje tinha um monte de avisos pra dar! Espero que tenham gostado do capítulo <3

~Beijinhos de luz

Rosas Azuis [CONCLUÍDA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora