Uma decisão

6.9K 828 795
                                    

Acordar nos braços de Bryan foi uma sensação indescritível.

Ele estava relaxado, em sono profundo, mas um sorriso mínimo curvava seus lábios para cima e meu coração se encheu de luz e paz. Seria sempre assim? Se fosse, eu não reclamaria.

Bryan se mexeu minimamente, se esticando na cama branca e levemente bagunçada, porém logo voltou ao seu sono tranquilo e continuei ali fazendo carinho nas suas costas tatuadas e expostas. Eu sabia que eventualmente teria que levantar e sair, contudo estava confortável demais ali, segura demais.

Dei uma espiada pelo pouco que dava de ver pela janela. O dia estava apenas começando e por um segundo imaginei o homem horrível que eu era filha parado do lado de fora do prédio, nos observando. Meu coração parou por um segundo doloroso com essa imagem e me lembrei da sensação de estar sendo seguida que senti algum tempo atrás. Eu podia apostar a minha vida que tinha sido ele ou alguém a seu mando e tremi imaginando ele perseguindo os meus amigos para conseguir aquelas informações.

Um arrepio gelado percorreu minha coluna, me lembrando de todas a cidades pelas quais já passei. Eu não queria aquela vida nômade de novo, não queria viver com medo de ser encontrada outra vez, mas também não podia deixar que as pessoas que eu amava sofressem por mim. Nunca me perdoaria por estar levando aquilo para eles.

Como se sentisse a pressão dentro do meu coração, Bryan se mexeu outra vez incomodado.

Acariciei seus fios e cantarolei baixinho a nosa música até o despertador do meu celular tocar, anunciando que era hora de levantar.

Estiquei o braço para desligar o alarme chato.

— A gente precisa mesmo levantar? — perguntou com a voz de sono rouca.

— Sim — respondi simplesmente, me sentindo muito adulta.

Ele me abraçou por por trás e escondeu o rosto no meu cabelo, me fazendo rir.

Girei para ficar de frente a ele e beijei sua bochecha.

— Anda logo — murmurei acariciando seus cabelos bagunçados e me afastei, mas ele estreitou ainda mais os braços, me prendendo contra o próprio corpo. —  Vou sair em quarenta minutos.

Bryan mudou nossas posições, se colocando acima de mim com os olhos verdes em chamas e meu coração desembestou dentro do peito, excitado.

Um sorriso malicioso curvava seus lábios para cima e ele correu os dedos pelo meu rosto e desceu para o pescoço.

— Por que você não toma banho aqui? — perguntou com o tom rouco que me derreteu inteira.

Ok, talvez eu me atrasasse um pouquinho.

**

Coloquei a chave na porta do meu apartamento e girei, mas antes que eu pudesse abrir, a porta se abriu e quase caí em cima da pessoa parada do outro lado do batente: Johnny.

Meu vizinho me olhou e depois para trás de mim, para a porta aberta do seu próprio apartamento.

— Opa, bom dia — cumprimentou passando os dedos pelos cabelos cacheados curtinhos, nem um pouco envergonhado.

Murmurei um "bom dia" meio esganiçado em resposta e ele foi para o próprio apartamento sem dizer mais nada. Tati, por outro lado, estava roxa por baixo da pele negra.

Dei uma olhada na minha amiga: ela usava uma camisola de renda e cetim preto que não deixava muito para a imaginação e os cabelos presos em um rabo de cavalo qualquer, com uma cara de quem tinha acabado e sair da cama.

Rosas Azuis [CONCLUÍDA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora