Luta

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Eu não conseguia tirar os olhos do ringue onde Bryan lutava, meus pés pareciam grudados no chão enquanto eu observava horrorizada um golpe acertar seu rosto e sangue voar para o chão.

Bryan não se abalou, em vez disso sorriu para o seu adversário antes de dizer alguma coisa que só fez o outro ficar possesso e atacar com ainda mais ferocidade, tão cego de raiva que não parecia ser incapaz de acertar mais um golpe.

Bryan, por ser menor e mais esguio, tinha uma vantagem sobre o homem corpulento e desviava com facilidade das investidas.

B desviou mais uma vez e acertou um golpe na lateral do rosto do outro lutador, deixando ele um pouco desorientado. Bryan era bom, até eu que não entendia muito de boxe sabia disso.

Ele então saiu da defensiva e começou a atacar.  Meu estômago se revirou diante da brutalidade dos seus golpes enquanto a multidão aplaudia e assoviava na plateia, encantada com a sua frieza.

Finalmente o homem imenso pareceu desistiu da luta e caiu com um baque que fez até mesmo o chão sob meus pés tremer.

O juiz, um homenzinho magricela com fartos bigodes pretos, se ajoelhou no chão e fez a contagem antes de decretar que Bryan era o vencedor.

Assovios e palmas reverberaram pelo armazém quando o juiz ergueu o punho de B no ar e o meu namorado sorriu, satisfeito por ter vencido — embora não parecesse nem um pouco surpreso com isso, parecia simplesmente estar diante de uma tatuagem finalizada. Trabalho concluído.

Eu vi o momento exato em que ele percebeu a minha presença. O sorriso arrogante e vitorioso desapareceu de seu rosto e seus lábios se separaram em uma exclamação muda de horror ao me encarar.

Senti como se a temperatura tivesse caído dez graus quando o maldito do meu pai subiu no ringue e passou um braço ao redor dos ombros de Bryan com familiaredade, dando dois tapinhas nele.meu estômago embrulhou de tal jeito que achei que fosse uma sorte eu não ter comido nada ou acabaria vomitando de nojo.

Vi a boca do meu pai se mover para dizer alguma coisa, mas eu não pude entender o que era. B não se incomodou em se afastar dele, na verdade ele parecia sequer ter notado ue o o outro o abraçava pelso ombros e sorria na minha direção.

Sem uma palavra, sacudi a cabeça e lhes dei as costas, enojada.

Artur era um filho da mãe, mas não tinha mentido. B realmente estava com aquele homem horrível. Bryan, o meu Bryan, que tinha presenciado de camarote a briga que fez com que mamãe e eu fugíssemos daquele homem horrível. Byan, o meu melhor amigo, o homem que eu amava, que eu tinha passado a noite e feito juras de amor.... ao lado dele.

— Mimi — ouvi a voz de Bryan me chamando. — Mimi, espera!

Mas eu não esperei. Bryan não tinha defesa.

Aquilo era uma coisa que eu nunca, nem nos meus pesadelos mais loucos sonharia que aconteceria. Porque mesmo se Bryan me odiasse ele não me apunhalaria pelas costas daquela forma. Snrti as lágrimas queimando nos olhos com a vontade de chorar e respirar se tornou praticamente impossível.

— Yasmin — a voz dele estava ainda mais próxima e eu abri as portas de ferro, correndo para o lado de fora do armazém. Merda. Eu não tinha a menor ideia de como faria para chegar em casa, mas, furiosa e com o coração partido como estava esse era o menor dos meus problemas.

O sol forte estava me queimando, mas isso não importava, tudo que importava era que eu precisava me afastar dele. Deles. Daquele lugar horrível.

Antes que eu pudesse chegar à estrada e seguir na direção da cidade, porém, Bryan me alcançou e pegou o meu pulso, me fazendo parar e girar para ficar de frente para ele.

Rosas Azuis [CONCLUÍDA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora