Proximidade

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Dirigi pelas ruas o mais rápido que pude e acho que dei algumas multas para Bryan por excesso de velocidade, mas em poucos minutos já estávamos parando em um prédio alto branco com muito vidro. Letras de metal brilhante informavam que aquele era o Hospital São Pedro.

Mal eu estacionei o carro e Bryan saltou, ansioso. Como se conhecesse muito bem o lugar, ele disparou na direção de uma espécie de guichê de informações para conversar com uma das atendentes.

Assim que parei ao seu lado ele estendeu a mão e apertou a minha como se buscasse tirar forças dali.

Ergui nossos dedos entrelaçado e beijei.

A atendente continuou falando:

— ... conversar com a sua tia.

Bryan soltou o ar e cambaleou um passo para trás.

— Então ele vai ficar bem? — quis saber à queima-roupa com os olhos verdes arregalados e os lábios entreabertos, tão assustado que partiu o meu coração.

A mulher deu um sorriso de quem se desculpa.

— Precisamos esperar o resultado dos exames — explicou em um tom que misturava o profissional e o maternal e me perguntei quantas vezes antes Bryan tinha estado naquele mesmo lugar fazendo aquelas mesmas perguntas. Aparentemente, muitas.

Bryan passou os dedos da mão livre pelos cabelos.

— Você pode esperar no consultório do Dr. César — a mulher de cabelos vermelhos ofereceu. — Vou avisá-lo de que vocês o esperam.

Bryan batucou um dedo no balcão.

— Não posso ir para o quarto do meu tio?

A enfermeira mordeu o lábio inferior, dividida. Ela olhou dentro dos olhos dele e suspirou contrafeita.

— Tudo bem, mas sem algazarra. O Jota precisa de descanso.

Sem mais uma palavra, Bryan assentiu.

Fiz "Obrigada" com os lábios para a mulher e ela assentiu, simpática.

Bryan me levou pelo ambiente estéril como um zumbi, inconsciente dos seus movimentos.

Como o elevador estava vários andares acima, ele decidiu que era melhor subir pelas escadas. O quarto do tio dele ficava no quinto andar, que era exatamente idêntico aos outros quatro pelos quais passamos: corredores brancos com portas da mesma cor, identificadas por plaquinhas prateadas a quais meu amigo sequer dava atenção.

Bryan achou o quarto certo e empurrou a porta.

Pelo espaço eu pude ver um homem grandalhão prostrado na cama e uma mulher cheia de tatuagens coloridas sentada ao seu lado com um terço na mão. Os cabelos pretos, cacheados e raiados de prata estavavam presos em um rabo de cavalo baixo.

Ela ergueu a cabeça quando a porta se abriu e ela deu um sorriso corajoso na direção do sobrinho. Mesmo sendo bem mais velha que nós, ela era bonita e exalavam simpatia, mas seu rosto parecia murcho.

Bryan entrou no quarto e eu dei um passo para trás, dando privacidade para a pequena família, mas o meu amigo pegou a minha mão e me puxou para o minúsculo quarto hospitalar em tons de branco e verde menta.

— Como você está, tio? — sua voz soou mais grave que o normal por causa da preocupação.

— No momento, estável — respondeu a tia antes que o marido pudesse dizer qualquer coisa e ele a olhou exasperado. — Graças a Deus.

Ela lançou um olhar carinhoso para o marido e correu os dedos pela sua testa, dissolvendo a falsa irritação dele. O homem na cama se remexeu e esticou o pescoço para me olhar. Assim como Bryan, seus olhos eram do mais intenso tom de verde.

Rosas Azuis [CONCLUÍDA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora