Surpresas desagradáveis

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Minha vida era a prova viva da teoria de Murphy que dizia que tudo que podia dar errado iria dar errado. E da pior forma possível. Constatei isso ao erguer os olhos para o rosto de Artur.

O barzinho universitário estava consideravelmente cheio, mas o lugar onde estávamos era mais afastado e ninguém nos veria ali a não ser que estivesse procurando.

O veterano sorria, relaxado, mas um arrepio gelado correu pela minha coluna e desviei o olhar para a mesa onde Barbie e Hannah conversavam, entretidas demais para reparar em mim.

Droga.

— Oi — sorri para ele por pura cortesia. — Tudo bem?

Artur assentiu, porém aquela sensação ruim continuava zumbindo no meu ouvido. Tinha alguma coisa diferente na postura dele. Os olhos escuros pareciam incapazes de se fixar em um único ponto e corriam para todos os lados.

Ele esfregou o nariz com a parte de trás da mão.

— Você está me evitando? — perguntou à queima-roupa.

Sim eu estava o estava evitando desde que Barbie me contou sobre o passado dela, sobre a forma como ele quase atacou a minha amiga. Mas não achaav que era a melhor coisa para se dizer, então forcei um sorriso.

— Só andei ocupada — menti sem olhar para ele. — Começo de namoro, sabe como é, né?

Os olhos de Artur se estreitaram minimamente e uma fúria que não fazia sentido algum para mim retorceu suas feições normalmente joviais, acelerando os batimentos do meu coração.

— Então você e o Bryan realmente estão namorando. — Não foi uma pergunta.

Assenti.

— Engraçado que comigo você podia enrolar o tempo que quisesse, mas foi só ele te dar abertura... — ele não concluiu a frase.

— Bryan e eu temos história — cortei sentindo o meu coração batendo dentro dos ouvidos.

Os lábios de Artur se retorcerm de desprezo mal disfarçado mas logo se curvaram em um sorriso amistoso.

— Claro.

Dei um passo para o lado buscando sair de perto dele, passar para a proteção das minhas amigas. Talvez eu fosse uma covarde, mas não queria ficar sozinha com ele, mesmo que não estivéssemso de fato sozinhos.

— Desculpa, preciso voltar para as minhas amigas — menti com a primeira coisa que veio na minha cabeça desejando correr e me esconder.

Artur segurou o meu pulso e me puxou para que eu voltasse para a posição onde estávamos antes. Como ele era mais alto, tampava a visão das outras pessoas.

— Calma, Mimi — ronronou com um sorriso o meu apelido que só Bryan usava. — Vamos conversar.

— Me solta — pedi outra vez puxando o punho, o que só serviu para que ele aumentasse a pressão e senti meus dedos dormirem graças ao fluxo sanguíneo interrompido. — Eu não quero ter que fazer uma cena.

O sorriso de Artur aumentou, deixando seu rosto normalmente bonito assustador.

— Só somos dois amigos conversando — ele disse com a voz baixa e suave me arrepiando de um jeito muito ruim.

Ele deu um passo para frente, dizimando a distância entre os nosso corpos, o olhar cravado na minha boca.

Sem pensar, fechei a mão direita como Bryan tinha me ensinado e acertei Artur no nariz. impacto da mão contra o osso fez um som horrível. Sangue jorrou e ele me soltou instintivamente para levar a mão ao rosto.

Rosas Azuis [CONCLUÍDA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora