Ꮯꮋꭺꮲꭲꭼꭱ 10

7.5K 747 91
                                    

Confusão e ansiedade tomavam conta de Lena durante o jantar. Com a comida ainda intocada no prato, a adolescente não conseguia se concentrar na refeição. Seus olhos esmeraldas se voltavam para a porta o tempo inteiro, na esperança de que Kara entraria por ela a qualquer momento e criticasse o clima lá fora ou qualquer outra coisa que ela geralmente faria.

━ Oh, pelo amor de Deus. Esse frango vai acabar voando para fora do seu prato se você continuar mexendo nele assim com o garfo, Lena.

Lillian interrompeu seu devaneio reflexivo. Lá fora, a chuva parecia forte, forte como Kara e sua presença de espírito. Forte como seu orgulho. Forte como seus braços poderosos que segurou seu corpo esguio enquanto a beijava e mesmo sem palavras, garantia que tudo ficaria bem.

━ Sinto muito, mãe, estou sem fome. Vou para o meu quarto.

Lena pediu licença na mesa e subiu, deixando Lillian para trás. Enquanto seus pensamentos estivessem em Kara e seu peito apertado com a sensação de abandono, a irlandesa não teria apetite. A chuva molhava o vidro da janela com violência quando Lena deitou na cama, estendeu a mão para pegar o celular na mesa de cabeceira e deixou que seu dedo vagasse pelo nome de Kara na lista. Enviar uma mensagem para ela? Talvez. Mas a possibilidade de a Kryptoniana estar acompanhada, esquentando a cama de Siobhan naquele momento, deixava Lena enjoada.

Estou preocupada com você,
Mande notícias

Lena, x

Vencida pela preocupação, seus dedos digitaram como se fossem involuntários ao seu corpo, e então Lena deixou o celular de lado e exalou profundamente, derrotada. Ela não poderia ter se arrependido, certo? Kara era uma pessoa segura de si, e até onde Lena conseguia se lembrar, a Kryptoniana disse que ficaria bem. Que a situação delas ficaria bem. Agarrando-se a um fio de esperanças, a irlandesa decidiu dormir um pouco. (Ou pelo menos tentar), enquanto sua mente parecia turbulenta como aquela torrente incontrolável de água lá fora.

▪ ▪ ▪

Embora soubesse que um copo de whisky ou dois não resolveria seus problemas, Kara se apegou à ilusão satisfatória da bebida. O álcool não surtiria o efeito desejado, mas Kara apressionou a queimação na garganta e aquela foi uma prova suficiente válida de que ela não estava completamente anestesiada como anteriormente achava que ficaria. Um tempo ruim lá fora parecia combinar com seu humor sombrio e mórbido. Quando seu celular vibrou na mesa de centro, ao lado da garrafa de Johnnie Walker, Kara bufou com desgosto. Se aquilo fosse Siobhan tentando manter contato, ela juraria por Rao (ou por qualquer coisa que ainda se importasse com ela), que voltaria lá e terminaria o serviço. Mas quando a tela brilhou e o nome de Lena apareceu, Kara quase se atrapalhou com o copo, antes de pegar o celular, ler a mensagem sincera e responder.

Hey, estou em casa;
Noite ruim. Sinto muito não ter voltado para o jantar.

X

Após o envio do SMS, Kara decidiu que precisava de um banho. Ela precisava tirar o cheiro de morte e da traição impregnado em seu traje e nas mãos. Ela precisava esfregar sua pele até os ossos para que apagasse de uma vez por todas as sensações de uma traidora que lhe havia tocado. Lhe havia desonrado. Tudo ficaria bem, eventualmente. Ela acreditava nisso.

▪ ▪ ▪

Lena rolou na cama pelo que seria a quarta vez e quando nenhuma posição parecia boa ou confortável o suficiente, ela teve consciência de que não seria capaz de dormir, não enquanto sabia que Kara estava passando por problemas e que estava lá fora, desolada e se sentindo uma estranha como muitas vezes a adolescente a testemunhou se sentir, quando criança. Saindo da cama, a irlandesa vestiu um sobretudo, colocou o celular no bolso, pegou um guarda chuva do armário e se dirigiu até o quarto de Kara, de onde tirou as chaves de seu Porsche, guardadas numa das gavetas do criado ao lado da cama. Como queria sair de forma sorrateira e sem precisar chamar atenção de um motorista àquela hora, Lena fechou os botões do casaco, abriu o guarda chuva ao deixar a mansão e seguiu até a garagem, pegando o carro de Kara que parecia sempre impecável e limpo (como ela mantinha todos os carros ali).

Super Luthor ⋆ [ Supercorp G!P ] जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें