Um Romance Nos Anos 80

Capítulo 05

JACKSON

— O quê? — quase dei um pulo do sofá — O senhor só pode estar de brincadeira!

Depois de tomar um delicioso café da manhã e com o meu bom humor mais do que ressaltado, meu pai disse que teríamos uma conversa depois . Já sabia que deveria ser a respeito dos estudos, mas nunca imaginei que seria uma ideia tão absurda. Bevelly Brige me dando aula? Já até imagino a pose de general.

— Qual o problema? — o ar de incompreensão na expressão do meu pai, me pedia uma resposta.

— Essa garota é certinha demais, nerd demais e careta demais... — enfatizei cada característica — Ela é muito introvertida.

— Isso é melhor ainda do que pensei. Ela é uma garota que não vai cair na sua lábia e vai saber te colocar ordem. — meu pai realmente curtiu a ideia — Vai ser ela, claro, se ela quiser.

— Não! — não queria isso, em hipótese alguma — Pai, essa garota é doente por conhecimento. Ela ficando lendo livros grossos de cem mil páginas — exagerei... talvez — Ela estuda até matéria que não precisa saber ainda. Ela vai me obrigar a aprender essas coisas também e eu não quero. Só quero o básico!

— Acho que estou gostando mais ainda dessa garota. — estava satisfeito — Se ela topar, você vai estudar com ela.

— Não! Eu não quero! — recusei.

— Jackson! — firmou a voz, autoritário — Você vai acatar tudo o que eu mandar, está entendendo?

— Mas pai...

— Pai nada! É uma ordem! Você precisa estudar, precisa melhorar as suas notas. Não vai me dar o desgosto de repetir de ano, ouviu? — ele já tinha se decidido.

Eu não acredito que vou ter que me submeter à isso. Estudar com a antiquada da Brige! Se ela fosse do tipo para frente e ousada, já saberia que a última coisa que iríamos fazer, é estudar. Mas ela também não vai com a minha cara, nem um pouco.

— Pai, a Brige me odeia. — contei, ainda na esperança de reverter a situação.

— Faz ela muito bem. — apontou, concordando com a postura da ruiva.

— Está falando sério? — insisti, com a testa franzida e em desespero.

— Estou. Ela é a garota certa para te ajudar nisso. — colocou às duas mãos na cintura e tinha um olhar decidido e esperançoso.

— Duvido que ela vá topar me dar aulas. — cruzei os braços e fechei a cara ( mais do que já estava ).

— O pai vai tentar convencê-la, ao contrário de você, ela escuta os pais. Se ela topar, serei o cara mais agradecido da face da terra. — ansiou, fixo na ideia e sem a intencão de voltar atrás.

— Ela também pode ser cabeça dura. Pode dizer ao pai da minha péssima fama. O pai nunca a deixaria se aproximar de mim. — levantei às sobrancelhas, buscando ser convincente.

— Jackson, todo mundo da cidade já sabe disso. O pai confia muito na filha, ela não vai dar trela para esse papinho besta que você tem. — deu uma risada, acabando com a minha graça.

É, não tinha outra saída. Nenhuma mesmo. Eu teria que fazer isso, estudar nas minhas horas livres e perder toda a diversão. A minha única esperança, é que Bevelly recuse a me dar aulas. Ela deve ter algum pingo de teimosia, não é possível que não saiba questionar os pais. Custava ela se parecer com o irmão?

BEVELLY

Griselda e eu estávamos andando a caminho do colégio. O sol estava bem fraco e causava uma sensação satisfatória na pele. Do outro lado da rua, se podia ver outros alunos seguindo o mesmo trajeto. Todos uniformizados. As garotas usavam um sapato quase do mesmo modelo, que era um preto com um pequeno saltinho, quase inexistente.