Capítulo 37

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O dia estava bonito. O sol transmitia uma calma incessante. Estava deitado, esperando novamente dar a hora de ir para o colégio. O teto tinha virado o local oficial de fuga para os meus pensamentos. Com olhos presos a ele, já tinha se tornado uma rotina os meus pensamentos se perderem por aí.

As palavras de Mike não saíam da minha cabeça. Nunca imaginaria que ele pudesse ter vivido uma história de amor. Até porque ele era o Mike. Mas por mais estranho que pareça, ele me compreendeu. Soube dizer o que eu precisava ouvir. Bevelly era a garota dos meus sonhos, a garota que passei quase toda a vida julgando e nunca imaginava que pudesse ser ela a pessoa que mudaria o meu mundinho de pegador e popular do colégio. Nenhuma garota chegava perto dos padrões dela. Nenhuma. A ruiva era sensata, mandona e completamente misteriosa. Precisa ser mestre para compreendê-la. Para enxergar por baixos das camadas. Porque se tem uma coisa que ela está longe de ser é superficial.

Eu a queria para mim. Talvez fosse um pateta apaixonado, mas ela era uma deusa. Ou quem sabe, até um anjo. Nesse exato momento, deitado em minha cama, sabia exatamente o que queria. Queria que Bevelly Brige fosse a minha garota. O sentimento assustava, mas passar esse tempo ao lado dela, me fez ter coragem para enfrentar o que tinha medo. Não precisava de fama, de outras garotas e nem de festas. Só precisava dela.

O caminho até a escola, pela primeira vez na vida, me perdi em um silêncio enquanto os outros falavam. Não tinha tempo para isso. Precisava pensar em um jeito de me aproximar de Bevelly. Não como Jackson o garoto que adora uma vadiagem, mas sim como um cara que estaria disposto a fazê-la feliz pela eternidade.

— Você está bem, Jackson? — Tayler me fitou enquanto caminhamos, obviamente estranhando o meu silêncio. Todos os dias, eles praticamente faziam silêncio para me escutar falar.

— Estou. — foi só o que pude dizer.

Todos os três sabiam que não, nada estava bem. Estava agindo estranho, estava escondendo os meus sentimentos deles. Eles são meus amigos. Sei que poderia confiar neles. Deveria confiar neles. Então, parei de andar e eles também pararam e me encararam, esperando que dissesse algo.

— Estou apaixonado por uma garota. — revelei sem fazer suspense algum. Apenas segurando na alça minha mochila.

Os três pares de olhos me encaram e começaram a rir desacreditados e incertos. Podia ver na expressão de Tayler que claramente julgava que era brincadeira.

— Você está brincando, não é? — Ainda com um sorriso incrédulo e de estranheza, Tony indagou.

Não tinha nem como julgá-los. Se até isso me pegou de surpresa, não imagino como deve ser para eles. Também acreditaria que era brincadeira. Mantive seriedade no rosto e logo, a risada de cada um sumiu e o espanto tomou lugar.

— Você? — Tayler parecia ter visto um fantasma.

— Nossa. O mundo está acabando. Isso é algum presságio, será? — exagerou Tony, que olhou para o céu enfatizando que desacreditava na minha afirmação.

— Eu já tinha uma pequena desconfiança sobre isso. — Fredy disse com calma, mas causou estupor em todos nós, que o olhamos de queixo caído.

— Você... Como? — meu olhar era de pura curiosidade. Fredy costumava ser o mais lento de nós para pegar as coisas.

— Vocês sabem que sou louco pela Griselda. Eu a olho como se fosse única. E eu já vi esse olhar na cara de Jackson várias vezes. Só não tinha certeza. — havia experiência na sua explicação. O tempo passou, embora não tenhamos percebido. Fredy estava crescido, mais inteligente, apaixonado e aspirando um futuro próspero. Ele mudou e nem nos demos conta disso. Continuamos a encará-lo, mas agora era como se víssemos um gênio em nossa frente. — É a ruiva, não é? Sempre vejo o modo como olha para Bevelly.

Um Romance Nos Anos 80Where stories live. Discover now