Um Romance Nos Anos 80

Capítulo 13

Percebi que foi uma péssima ideia aceitar aquela bendita carona quando Mike estacionou o seu carro em frente à entrada do colégio. Esse garoto era muito popular na época que estuda aqui e por onde passa, chama atenção demais e vários alunos tinham os olhos no carro dele. Eu não queria descer, não queria ser motivo de fofoca, mas eu seria. Droga! Todos vão pensar que tenho alguma coisa com ele... ou talvez não, Griselda está no carro também.

— Está tudo bem? — Mike me perguntou, atento a minha preocupação estampada.

— Sim. — o respondi — Sua fama só não é uma boa coisa agora.

Ele olhou pelo vidro da janela e percebeu como todos ficavam curiosos. Mike era mais velho e não era idiota. Todas as garotas que saíam do carro dele ano passado, eram garotas que ele estava ficando e elas não tinham medo dos comentários absurdos que faziam delas.

— Relaxa, não vão pensar que ficamos. — percebeu logo o problema.

— Você só ficou na estrada por alguns meses e já se esqueceu de como é Massburgys? — o fitei como se o que acabara de dizer fosse impossível.

— Bom, mas nada aconteceu. É só ficar tranquila. — tentou me acalmar, sendo cético sobre a capacidade infinita da imaginação das pessoas.

— É só ignorar a opinião de todos eles. Eles não têm nada a ver com sua vida. — Griselda aconselhou do banco de trás.

Mike abriu a porta e saiu do carro. Não tive escolha a não ser sair também, embora não estivesse psicologicamente preparada para os burburinhos que isso causaria. Quando coloquei os pés para fora do carro, todos permaneceram olhando para nós, como se fosse algo de outro mundo. Griselda ficou ao meu lado.

— Garotas, a companhia de vocês foi muito agradável. — Mike soube dizer do modo certo. Esse cara sempre foi conhecido por saber dizer a coisa certa para cada garota. Ele as estudava e procurava tentar ser o que elas quisessem e as atraíam com sua lábia estudada.

— Obrigada pela carona. — Griselda agradeceu e parecia nem se tocar de como estávamos sendo observadas por todos.

— Por nada, gata. — sorriu.

Ele deu um beijo no rosto dela e veio dar em mim também, mas me afastei e não deixei que fizesse isso.

— É melhor não. — justifiquei. — Vai ser mais uma coisa na lista para aumentar a fofoca.

— Sempre tão conservadora. — ele riu um pouco — Até a próxima, Brige.

— Até. — foi a única coisa que consegui dizer.

Começamos a caminhar até a entrada do colégio. Senti que as fofocas estavam acontecendo e estavam falando sobre mim, isso era desconfortável. Eu odiava isso. Odiava ser o centro das atenções. Minhas pernas fraquejaram nesse momento. Griselda andava com toda a plenitude que tinha, não ligava para nada. Isso eu a invejava. Quando meus olhos se dirigiram até a mesa da turminha do Jackson, eles também nos observavam, especialmente Jackson. Se antes esse infeliz pensava que eu tinha algum envolvimento com Mike, agora tem certeza. Ah, meu Deus!

Nunca foi tão difícil entrar no colégio como foi hoje. A cada corredor, várias pessoas me olhavam e falavam alguma coisa com alguém. Isso é um pesadelo total. Caramba, vou surtar!

— Bevelly, não dê bola para isso. — Griselda percebeu o meu nervosismo.

— Como? Eu não consigo! — minha voz transparecia o meu desespero.

— É só se imaginar em um zoológico. Finja que cada pessoa desses corredores é um animal irracional que está preso e nos observando passar pelo seu território. — a loira evidenciou uma teoria bastante interessante.